Capítulo 4

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Ayla


O manobrista de sorriso gentil pega a chave da minha mão antes que ela caia, de tão suadas que estão e sorri para mim.

— Tenha um excelente jantar, senhora. — Sorrio de volta em agradecimento e caminho até a entrada do orfanato.

Minhas pernas ficam bambas quando o vejo. Ele está de costas, o terno branco abraçando de forma perfeita seu tronco, a bunda mostrando-se deliciosa dentro daquela bendita calça social. Nunca tinha visto um homem vestir tão bem, e deliciosamente, um terno desta forma. E olha que convivo com homens de terno desde que nasci.

Acho que o barulho dos meus saltos na calçada chama a sua atenção e ele se vira. Acabo prendendo a respiração quando nossos olhares se encontram, suas íris cristalinas são intensas e me arrepia inteira. Ele me mede de cima a baixo, não fico para trás e retribuo a conferida.

— Você deve ser a Ayla. — Sua voz grossa e rouca faz uma onda de desejo se alastrar pelo meu corpo, concentrando-se principalmente no meu baixo ventre.

— Si-sim — pigarreio para limpar a garganta, sentindo-me patética por gaguejar logo nos primeiros minutos de contato. — E você, o Damien.

O sorriso que ele abre... quase perco o equilíbrio.

— É um imenso prazer conhecê-la, Ayla. — Se aproximando lentamente, uma das suas mãos se apossa da minha cintura enquanto a outra segura meu queixo e levanta meu rosto para que fiquemos olhos nos olhos, sua boca então desce e salpica um selinho nos meus lábios.

Permaneço estática, desejando que sua língua entre na brincadeira e que ele aproxime ainda mais nossos corpos, mas Damien se afasta, solto um gemido meio bufado e ele sorri percebendo meu descontento.

— A noite é uma criança, meu anjo. — A forma que sua voz acaricia as palavras faz com que um bando de borboletas excitadas se agite no meu estômago.

Acomodando meu braço na curva do seu, ele nos guia para a entrada.

— Qual o protocolo para a noite? — Do que ele está falando? Nunca paguei por um encontro e não tenho a menor ideia de como essas coisas funcionam. Eu deveria ter pesquisado mais sobre isso! Notando a minha confusão, ele emenda: — Somos namorados, amigos, parceiros de trabalho? Qual é o papel que preciso desempenhar para você?

As palavras desempenhar para você fazem a minha mente viajar para cenários que em nada tem a ver com o jantar.

— Gosto de como a sua mente pensa, mas aposto que ficaria decepcionada se pulássemos esse jantar. Tem cara de ser importante — sussurra, a boca bem próxima ao meu ouvido. — E eu prometo, Ayla, que farei cada minuto de espera valer totalmente a pena quando sairmos daqui.

Não me incomoda em nada o fato de ele achar que o tal "final feliz" já está garantido, pelo contrário, faz meu interior se revirar ainda mais de ansiedade. Esboço meu melhor sorriso, tentando transparecer que nem estou pensando tanto assim no final da noite e entramos no salão de festas do orfanato.

Sorrio, desta vez de verdade, ao encontrar Kate na recepção com a filha, Zoe, ao seu lado. A pequena vem correndo em nossa direção e abraça as minhas pernas.

— Tia Ayla! — Me abaixo sobre os saltos para ficar da sua altura e beijo sua bochecha.

— Oi, lindinha, eu estava com saudades. — Seu sorriso amplia e ela abraça o meu pescoço.

— Eu também tava, você não foi mais lá em casa para a gente brincar — reclama, colocando as duas mãozinhas na cintura. Fico de pé e beijo a sua testa.

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