Oliver
Quando Sam me ligou ontem à noite, depois da minha tensa conversa com a Charlie e disse que havia me conseguido uma entrevista para estágio na empresa na qual eu o tenho ajudado em suas horas extras, não pensei duas vezes antes de aceitar. Obviamente era um dos planos conseguir um bom estágio desde que comecei a pós-graduação, mas estive tão focado em meu pai e todas as responsabilidades da casa que não tinha chegado a ter conhecimento destas vagas que a Stewart estava oferecendo. Na verdade, quando me pediu ajuda para desbancar um roubo, nem imaginei que era na Stewart, já que por fora ele presta serviços de contabilidade para várias empresas. E fiquei eufórico pra caralho ao receber a oportunidade de trabalhar na melhor empresa de softwares da atualidade.
Como hoje meu pai tinha consulta, faltei a aula para acompanhá-lo. Saí do consultório o mais rápido que pude e deixei que Doug, o enfermeiro, o levasse para casa. Solicitei um Uber e pedi para que o motorista dirigisse o mais rápido que conseguisse, tentando deixar de lado todas as preocupações que essa última consulta havia desencadeado, até o prédio da empresa. Eu estava esperançoso que o médico fosse colocar um pouco de juízo para dentro daquela cabeça dura do seu Otávio, mas tinha sido em vão.
Os próximos dias não serão fáceis, eu tenho plena ciência disso, só que pelo amor que tenho pelo meu pai estou aceitando a sua decisão. Ainda não concordo com ela e tenho certeza que nunca concordarei, mas eu o respeito ao ponto de aceitar o que ele quer. Aperto a ponte do nariz querendo manter as lágrimas para dentro, agora não é hora de desmoronar.
Chego ao andar ainda um pouco suado, visto que o elevador tinha acabado de subir assim que pisei no saguão e eu já tinha dez minutos de atraso na minha conta, então subi os quinze lances de escada. Graças a todos os anos de basquete na escola e na faculdade, ainda tenho um bom condicionamento físico o que me ajudou um pouco nesta questão.
Porém toda a porcaria do meu fôlego é completamente sugado para fora de mim quando eu a vejo.
Linda como um anjo, a cabeça baixa encarando os papéis em sua frente, os dedos tamborilando sobre o tampo de vidro.
— Está atrasado, James. Não tenho o dia todo para ficar esperando a sua vontade. — A nota de nervoso em sua voz envia impulsos elétricos por todo o meu corpo.
O quão patético isso é?
— Me desculpa, Srta. Stewart, tive uma emergência familiar. — Forço as palavras a saírem. Não era assim que eu tinha imaginado reencontrá-la, mas merda, estou adorando.
Como diabos eu não associei o nome à pessoa? Sempre acompanhei o trabalho da Stewart de perto por almejar um trabalho em uma empresa tão grande e forte no mercado quanto ela, então sabia que nos últimos anos a primogênita de Edward Stewart estava no comando, tinha lido um ou dois artigos com o nome dela, mas não tinha sido capaz de fazer a conexão. Porém não é como se depois que meus olhos pousaram em Ayla eu pudesse pensar em algo diferente do que terminar a noite com ela em meus braços.
Puxo na memória o nome dela no Speed Sex, Ayla Madison. Nada de Stewart. É, não tinha realmente como eu saber.
Com o choque da minha voz seus olhos lentamente levantam dos papéis e fazem uma intensa varredura em todo meu corpo antes dos olhos encontrem os meus.
— Damien? — Há um leve tremor em suas palavras, o que faz com que um pequeno sorriso estique meus lábios.
— Olá, Ayla. — Vejo-a engolir com certa dificuldade e sinto-me triunfante por saber que ela se sente tão desconcertada em minha presença quanto me sinto diante dela.
— O que diabos você está fazendo aqui? Como me encontrou? — Minhas sobrancelhas se unem diante seu questionário. Seu corpo esguio fica de pé e assisto hipnotizado seus quadris se moverem até os fundos da sala, onde ela se serve de água e entorna um longo gole antes de voltar para a mesa.
Eu me sento na cadeira mais próxima a dela.
— Eu vim para a entrevista de estágio. — Seus passos cessam a poucos centímetros da cadeira à minha frente, bem ao meu lado. Seu perfume inebria meus sentidos e acabo fechando os olhos tentando evitar uma maldita ereção. Merda. Viro meu rosto para olhá-la e vejo o leve tremor em seus dedos segurando com força o copo.
— Mas seu nome...
— Oliver Damien James? — A frase soa mais como uma pergunta, ainda estou cheio de dúvidas do porquê da sua reação. Samuel não havia colocado a porcaria do meu nome na minha ficha de apresentação?
— Certo. — Parecendo retomar o controle de suas emoções, Ayla senta-se na cadeira e toma mais um gole de sua água antes de abrir novamente a pasta que estava lendo antes da minha chegada. Quando a primeira folha se faz visível vejo o motivo da sua confusão, Sam abreviou meu nome do meio. Oliver D. James. — Me fale por que acha que merece o estágio, Oliver.
Não contenho o sorriso quando ela dá ênfase no meu nome.
— Acredito que as minhas qualificações falem por mim, me formei com honras em ciências da computação e agora continuo sendo o primeiro da turma de engenharia de software. — Seus olhos continuam presos nos papéis, evitando qualquer contato que seja comigo. Por dentro eu sorrio, isso só mostra o quanto eu a afeto, não muito diferente de tudo o que ela provoca em mim. — Já criei alguns softwares modelos e aposto que todos os detalhes estão incluídos nessas folhas que estão prendendo tanto a sua atenção.
Um rosnado sexy para caramba sai de seus lábios.
— Obrigada pela inscrição, ops, quer dizer, você nem sequer se inscreveu para o estágio, conseguiu a entrevista por pura sorte. — Agora ela me encara e vejo que ainda está irritada comigo, por qual motivo eu não faço ideia. Muito irritada para dizer o mínimo. Suas palavras batem fundo em mim. — Há sequer um interesse real de sua parte em trabalhar aqui, James, ou tudo não passa de uma brincadeira idiota comigo?
Respiro fundo e encaro seus olhos raivosos.
— Posso não ter estado por dentro do edital quando saiu as inscrições, Ayla, mas tenho total qualificação para ser selecionado. Se a forma que consegui a entrevista te incomoda, retiro minha intenção de trabalhar com vocês já que pensei que aqui o que mais importava era a capacidade de seus funcionários e não a forma que eles chegam até vocês. — Fico de pé, sentindo-me realmente humilhado pela forma que suas palavras soaram. — Sim, até alguns minutos atrás tudo o que eu mais queria era conseguir um estágio e talvez futuramente um emprego em uma empresa tão prestigiada quanto a Stewart, mas vejo que depositei minha fé em um lugar errado. Agradeço a oportunidade, passar bem.
Caminho para fora da sala sem nem olhar para trás. Porém, suas palavras me param antes que eu alcance a porta.
— Seu trabalho como acompanhante não paga o suficiente? Talvez se fechar mais alguns pacotes "final feliz" não precise se sujeitar a entrevistas para estágios em empresas que não merecem a sua fé. — Céus, ela é tão irritante, age totalmente como uma garotinha mimada que não suporta não ser a pessoa a ter a palavra final em uma discussão. Decido entrar no seu jogo.
— Tem razão, fui um tolo ao pensar que poderia conseguir essa vaga, afinal, meu lugar é satisfazendo os caprichos de princesinhas esnobes, mimadas e egoístas que não conseguem sequer arrumar um cara bacana para acompanhá-las em eventos, de tão insuportáveis que são. Adeus, Ayla.
Antes de sair da sala vejo seu rosto ficar completamente vermelho. Metade de mim sente-se satisfeito por tê-la atingido, mas uma maior está decepcionada pois aquela definição se encaixa a ela: é só mais uma riquinha mimada.
Como diabos me deixei enganar por aquele rostinho angelical no nosso primeiro encontro, pensando que ela seria diferente?
Determinado a provar para ela que ser acompanhante é o que eu faço, mas não o que eu sou, pego meu celular assim que entro no Uber para casa, a proposta para um pacote completo para hoje à noite que ela havia me enviado ainda está pendente e eu a aceito. Nem sei por que caralhos solicitou um novo encontro se é claro que me odeia.
Mas acho que ela também tem algum ponto para provar, já que responde na mesma hora que me encontra as nove no Royal.
Maldita.
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Speed Sex CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO
RomanceSer a CEO da empresa da família é o que move Ayla. Decidida, dedicada e sempre procurando ultrapassar seus próprios limites, ela acaba perdendo o fio da meada de sua vida pessoal de tão profundamente mergulhada que está no trabalho. Estar com Júlia...