Uma amizade inesperada

Capítulo um- Uma amizade inesperada

É quase véspera de ano novo ano em 2010, acordo com uma ligação da minha irmã chorando:

-Alô! João Paulo? eu tenho uma noticia muito triste, sabe a irmã Quitéria? ela morreu...

-disse Gessyka

Eu não sabia o que dizer, só conseguia chorar e pensar que não ia cumprir minha promessa de dar um último abraço na minha amiga e foi por tão pouco tempo...

3 de agosto de 2016

Hoje aqui sentado nesse sofá pensei novamente no meu velho sonho de escrever uma história, Mas eu sinto que toda vez que eu tento escrever uma história fictícia a minha própria história vem e como uma sombra obscurece minha criatividade, então decidi resolver isso, vou contar aqui um pedacinho da minha história, uma parte da minha infância e início de adolescência que marcou minha vida. Permita-me contar o porquê.

Tudo começa com uma mudança, quando eu tinha sete anos de idade no ano 2000 junto com minha família e irmãos morávamos em Brasília, foi então que meus pais decidiram voltar para nossa terra de origem: O Pernambuco. Apesar de ser uma grande mudança eu amava aquilo e amava o fato de poder ter mais liberdade para brincar conhecer meus primos e primas meus avós, enfim, era tudo que uma criança poderia querer.

Mas com o passar do tempo(por volta de 2001) algo me incomodava, parecia que eu era sempre muito diferente dos meus colegas, era um jovem tímido que gostava muito de ler ajudar os outros e era sempre bem comportado, na escola parecia totalmente deslocado não conseguia fazer amigos da mesma idade.

Foi então que eu conheci uma das quais seriam sem dúvidas uma das melhores amigas que já tive. O nome dela? Quitéria, Quitéria Cardeal, sim um nome um pouco diferente parece que significa tranquila, bela, que nasceu na ilha de Citera, um nome muito apropriado para minha amiga pois era uma pessoa muito dócil, amável e bela principalmente pelas suas qualidades. Bem você pode estar se perguntando: tudo bem mas o que que isso tem de inesperado? Eu te respondo , meu ano de nascimento é 1993 e o ano de nascimento de Quitéria 1906! Eu e minha mãe e irmãos fazíamos parte do mesmo grupo de reuniões de estudo da bíblia que eram realizados na casa de Quitéria, então quando eu a conheci ela tinha 94 anos e eu 7!

Bem logo de início, eu não senti que poderia ser amigo de uma pessoa tão velha assim, mas eu fui designado para ler para ela, visto que sua visão não era muito boa, lembro de colocar os óculos de grau dela e ficar com dor na vista. Então eu fui como designado cumprir minha obrigação. Daí sentei-me no sofá e ela sentou-se em sua cadeira de balanço ao meu lado, logo o machadinho, o nome de seu gato que devia ter uns cem anos na idade dos gatos, sentava-se ao lado dela e muitas vezes em seu colo. Como eu tinha uma boa leitura apesar da pouca idade ela amava cada texto que era lido, aquilo além de aprendizado, tinha também muito a ver com entretenimento, ela não tinha televisão, o máximo de tecnologia que havia em sua casa era um rádio portátil em cima de sua mesa na cozinha. Aos poucos fui me apegando cada vez mais a ela.Aquela senhorinha parecia ser tudo que eu sempre quis em uma avó, apesar de conhecer as minhas avós ao chegar no Pernambuco e gostar muito delas, havia algo de especial em nossa amizade, ela não me tratava como criança e eu não a tratava como idosa, ela ouvia com atenção tudo que eu lhe falava e eu achava fascinante aquelas histórias de antigamente do inicio de outro século.

Ela tinha uma elegância que não se encontra mais hoje, depois da leitura geralmente sentávamos na sua mesa simples de madeira ela me preparava um ponche depois vinha com aquela tigela de alumínio com biscoitos champanhe, eu achava aquilo tudo muito interessante, ela era simples e sofisticada ao mesmo tempo, quem hoje em dia prepara um ponche? Como um suco era chamado século passado. (eu acho)

Ah! Como eu queria poder ter outra tarde daquelas! Sem preocupações, sem perturbações. Era nosso ponche, os gatinhos aos nossos pés e conversa, por incrível que pareça, muito agradável.