Capítulo dezenove -Depois de todas as coisas- O fim...

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Naquela manhã de novembro eu recebi uma ligação que eu nunca esqueceria. E que também me causou um misto de sentimentos. Pouco tempo depois já estava de volta em Custódia no Pernambuco, mas dessa vez Quitéria não estaria mais ali.Um certo dia me disseram como foram seus últimos momentos, após muitas perguntas, é claro que eu estava muito interessado em saber como ela havia partido. Então me explicaram que seu último ano não tinha sido muito fácil pra ela, certo dia ela caiu e não conseguiu se levantar sozinha até que finalmente chegou ajuda, enquanto ouvia essa história só conseguia pensar em como eu estava longe naquele momento.Apesar de tudo ela sempre foi positiva e tinha bom humor. Me contaram um breve incidente que ocorreu no mesmo ano de seu falecimento, ao descer do carro para assistir suas reuniões como sempre fez fielmente, ela quase tropeçou e uma irmã tentando ajudar, segurou firmemente seu antebraço que por estar com a pele sensível, acabou abrindo. A irmã estava extremamente chocada com aquilo, enquanto Quitéria sorria e dizia que "couro de velho é assim mesmo" e foi para o hospital tomar pontos. Mas, por fim me disseram que minha amiga teve uma morte tranquila, certa tardezinha ela estava tomando um banho com a ajuda de sua cuidadora, trocou de roupa e adormeceu, simplesmente inclinou a cabeça para o lado e deu seu último suspiro, sem dor sem sofrimento, apenas desligou. Aquilo me trouxe uma série de sensações, por um lado fiquei feliz por ela não ter sofrido em um hospital lutando para sobreviver,por outro lado fiquei muito triste de não estar ali ao seu lado segurando a sua mão. Gostaria de ter sido um amigo melhor para ela naquele momento, mas nem sempre controlamos as circunstâncias da vida.

Em algumas ocasiões já cheguei a dizer a coisa mais estúpida, que achava que aquela era a morte mais linda que tinha visto, claro que não! A morte não tem absolutamente nada de lindo, ela é o nosso último inimigo, ninguém escapa dessa cruel implacável situação. Mas tem um provérbio bíblico que diz: "O dia da morte é melhor do que o dia do nascimento"(Eclesiastes 7:1) Isso significa que quando nascemos somos uma página em branco e não temos nada do que nos orgulhar ou dar orgulho, enquanto no dia da morte já temos um nome perante o criador, uma reputação, somos um livro completo, conquistamos nosso lugar no mundo e no coração das pessoas que amamos, portanto nesse sentido é mais importante,mas com certeza não é o mais alegre.

Porém, eu penso no dia que alguém vai abrir os olhos e respirar profundamente um ar tão poderoso e mágico que vai se levantar num ímpeto de vida e vai se sentir mais viva e plena do que jamais se sentiu anteriormente. Sim, depois de um cochilo da tarde ridiculamente longo, nossa dorminhoca estará aqui, eu sei que vai, é só questão de tempo. Essa era a certeza que Quitéria tinha ela sabia dessa promessa e tinha muita fé nela. E por nunca ter esquecido de seu criador tenho certeza que ele também nunca se esquecerá dela, e enquanto eu existir também não esquecerei.

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Está cada vez mais perto o lançamento desse livro! Então , agradeço desde já de coração  a todos que leram compartilharam e encheram meu coração de alegria com seus comentários! É um sonho realizado compartilhar com vocês essa linda história! Ainda tenho capítulos inéditos, além de todos os outros que passarão por uma revisão e serão publicados juntos! 

Assim que tiver notícias avisarei a vocês!

Gratidão e amor por todos esses leitores inesperados!

Atenciosamente,

João Paulo Ferreira

Uma amizade inesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora