Capítulo três- Curiosidades de criança.

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Toda criança tem muita curiosidade, e eu ,como qualquer criança, era muito curioso. Fazia muitas perguntas, talvez se fosse hoje eu não teria coragem de perguntar certas coisas.Mas, Quitéria tinha sabedoria pra entender que isso era absolutamente normal.

Às vezes eu a pegava de surpresa com tantas perguntas, queria saber se ela tinha marido; filhos; netos; se seus pais eram vivos; quantos irmãos ela tinha; claro seus pais já haviam falecido, eles viveram bastante assim como ela se eu não me engano centenários também, imagine seus pais viveram no século XIX! Seus irmãos também já haviam falecido, ela se casou jovem, mas me contou muito triste que não teve filhos porque nunca conseguiu engravidar, hoje me pergunto se o problema era realmente nela ou no marido, mas não importa, naquela época as mulheres que não tinham filhos eram condenadas por isso, as famílias, em meados do século XX, eram muito grandes as pessoas tinham 10, 15 filhos. Pois naquele tempo a família tinha o objetivo de gerar descendência era questão de honra continuar o nome da família. Mesmo tendo sido impossível engravidar ela teve um filho.

Certo dia ela foi até o guarda-roupa onde ela guardava várias lembranças especiais e pegou um pequeno álbum de fotos e me mostrou o retrato de seu filho. Explicou que certo dia apareceu uma mulher que não tinha condições de criar o próprio  filho,, que tinha cerca de 3 anos de idade. Então,Quitéria adotou aquela criança a qual se tornaria seu único filho. O menino,segundo ela, sofreu muito pra esquecer a mãe e chorou desconsolado por muito tempo, mas ele acabou se acostumando com ela.

Infelizmente antigamente os filhos cresciam e ganhavam o mundo á procura de oportunidades (não que seja muito diferente hoje) o filho dela foi pra Brasília e manteve contato com ela por algum tempo, depois eles perderam o contato. Quitéria não tinha telefone então ela ia até o orelhão próximo de sua casa e conversava com ele, até que as ligações deixaram de acontecer, eu acho que essa foi a maior tristeza dela, não saber se o filho estava vivo, se estava bem, mostrando a foto do filho dela ela me contava sua preocupação de mãe amorosa, até hoje me pergunto o que aconteceu, nos fins dos anos 2000 não existiam tantos meios de comunicação quanto hoje. Infelizmente essa era a situação dela, não tinha mais família, parentes de sangue vivos, se eu não me engano ela tinha uma sobrinha em pesqueira, e tinha muitos parentes de consideração que a chamavam de escancha-vó e ela os chamava de escancha-netos, até hoje não entendo isso (risos). Eu tinha até um pouco de ciúmes deles, eles pareciam ser bem abastados, apareciam de vez em quando de carro e sempre era a maior festa durante essas visitas, mas Quitéria gostava da vidinha dela simples e sossegada . Apesar de tantas perdas ela sempre era positiva, bem-humorada e vaidosa e mesmo não tendo mais família e sendo provavelmente a última de sua geração, conquistou uma família muito maior de fé e de coração.


Obrigado a todos que estão lendo, eu escrevo desde 2016 esse livro e ainda não terminei, ignorem os erros rsrssrs , mas eu escrevo com muito carinho, comente e vote pra me ajudar! um abraço!

ps: essa foto de Quitéria foi tirada no começo de 2009 ela estava prestes a completar 103 anos! com carinha de 90 e corpinho de 80! kkkkkk

Uma amizade inesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora