Don't cry

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Stephen não havia me ligado.

É incrível como somente cinco palavras eram capazes de ter tamanho peso sobre mim, mas essa era a triste e cruel realidade.

Dezembro havia acabado e com a chegada de janeiro as aulas retornariam para todos os estudantes. Ou seja, eu sabia exatamente onde eu deveria ir para encontrá-lo, e aproveitaria para termos uma conversa.

Eu não havia resolvido tudo que precisava para me mudar para Nova Iorque, mas eu organizara documentos o suficiente para poder passar algumas semanas fora resolvendo as coisas por celular de onde eu estivesse.

Não fora difícil encontrar Stephen no campus, mas quando eu o olhei... Ele parecia diferente. Geralmente eu podia sentir-me confortável ao seu redor, seu olhar era quente, seu cheiro fazia eu querer me acomodar em seus braços e me afundar na sensação de segurança. Mas desta vez, conforme eu me aproximava dele, parecia haver um bloco de gelo entre nós, seus olhos tinham uma frieza cruel e seu cheiro embora fosse o mesmo, suas emoções se sobrepunham passando um cheiro azedo e mórbido.

— Você tem sorte de eu não estar com vontade de te rastrear de verdade, ou teria ido até a fazenda de sua família te ver. – de algum modo, tal comentário sobre sua família pareceu só piorar as coisas.

— O que deseja, Sr. Stark? – seu tom viera frio e impessoal, totalmente diferente do Stephen que eu conhecera um mês antes.

Ele agia como se não fossemos nada além de estranhos.

— Talvez esse não seja o melhor lugar para conversarmos. – ainda tinham jovens andando por todo lado, e eu sinceramente não queria atenção desnecessária.

— Não temos o que conversar, Sr. Stark, eu não estou mais disposto a trabalhar com o senhor. – não podia acreditar em suas palavras, ele estava mesmo me dispensando em público?! — Eu perdi um tempo muito precioso enquanto brincávamos com um projeto que jamais vai dar certo, preciso me focar na minha carreira médica.

Aquilo me atingiu profundamente, meu peito parecia se afundar diante disso. Podia me lembrar claramente das palavras de meu pai ecoando em minha mente, e jamais achei que tais palavras fossem ser capazes de me abalar.

"Quem iria querer um ômega como você?!"

Era difícil de acreditar que o mesmo alfa carinhoso que eu conhecera havia se tornado tão frio e cruel, especialmente com ele já sabendo sobre meus planos. Ainda havia sido capaz de dizer que o que nós tivemos havia sido somente uma brincadeira! Inalando profundamente, alinhei minha postura, eu não podia me permitir desmoronar.

— Eu entendo, Sr. Strange, se isso é o que o senhor deseja, irei lhe deixar em paz. – agradeci imensamente por estar usando meus óculos escuros como de costume, pois a última coisa que eu precisava era que ele visse meus olhos e sentisse a minha angústia.

Na época eu não sabia dos demônios internos de Stephen, não sabia ainda do seu recente luto por sua irmã Donna, eu era apenas alguém de coração partido que havia sido abandonado.

Se Stephen não me queria, não queria perder tempo com qualquer outra coisa que não fosse a sua carreira na medicina, então ele certamente não iria querer um filho. Me acomodando no banco do carro, pedi que Happy me levasse para qualquer lugar longe dali.

Stephen Vincent Strange não saberia mais de mim, tampouco do filhote que eu carregava.

-x-x-

Minha vida na mídia acabou em meados março, quando começara a ficar evidente que eu havia ganho um pouco de peso, além do que eu estava tendo de usar ternos mais largos – ao contrário dos justos e sob medida que eu fazia – para  esconder o volume que começara a aparecer.

Akai itoOnde histórias criam vida. Descubra agora