Akai ito

Purpose

Muitas coisas haviam mudado naquele ano.

Stephen e eu nos casamos e alteramos legalmente o registro de Peter, que agora incluía o nome de seu outro pai. Tivemos uma bela lua de mel trabalhando, visto que acabamos sendo acionados – os vilões não respeitam mesmo a folga dos heróis – no nosso segundo dia em Bali. Eu havia vendido a torre e estávamos oficialmente morando no Sanctum de Nova Iorque, embora eventualmente eu ficasse no Complexo dos Vingadores trabalhando e tivéssemos passado um tempo juntos durante as férias de verão na casa do lago.

Outra novidade era que Harley havia entrado no MIT, que sendo consideravelmente mais próximo que sua casa no Tennessee, permitiu que ele nos visitasse algumas vezes nos feriados. Acabou sendo algo divertido ver Peter com ciúmes do ômega, ao mesmo tempo que depois que separados estava conversando com ele no telefone perguntando quando o loiro voltaria.

As últimas férias com os dois havia sido diferente, visto que minha maior preocupação era que após termos finalizado sua primeira armadura, Harley estivesse fazendo pequenas patrulhas, seja sozinho ou com Peter. Um sozinho me preocupava o bastante, mas os dois juntos me fazia ficar a beira de um enfarto. Felizmente por enquanto eu não precisara voar até Cambridge no norte do país pelo Protocolo Babá Eletrônica, então estava tudo sob controle.

Mas setembro estava ali agora, conosco de volta a rotina de trabalhos, escola, visitas em algumas faculdades, chutar o traseiro de invasores interdimensionais e bandidos, e por fim eventualmente relaxar em família assistindo um filme quando a noite chegava.

— Sabe quando você sonha que quer fazer xixi e quando acorda descobre que precisa mesmo fazer xixi? – e foi com essa pergunta que eu iniciava a nossa manhã.

Como de costume, já que eu tendia a ter horários de sono bem conturbados, havia levantado e deixado Stephen sozinho na cama, visto que ele havia passado boa parte da madrugada ausente por "babacas tentando invadir nossa dimensão" de novo.

— Sim, isso já aconteceu com todo mundo. – Stephen se aproximou, se inclinando para selar nossos lábios brevemente. — Bom dia pra você também, querido. – seu tom tinha uma leve ironia.

— Bom dia, agora foco amor, não me distraia da história. – o repreendi antes de sorver mais um gole do meu café. — Noite passada eu sonhei que nós tínhamos um bebê, e era tão real... A gente colocava o nome de Morgan. Aí eu acordei...

— E pensou que poderia acontecer de você estar com um filhote? – eu assenti diante de sua pergunta. — Peter já tem 17 anos, tem certeza de que não foi só você pensando que ele vai sair de casa e por isso pensou em mais um bebê?

— O papai vai ter um bebê?! – a voz de Peter ecoou surpresa, na verdade um tanto quanto desesperada até.

— Seu pai só teve um sonho, você continua sendo o bebê da casa. – Stephen se aproximou afagando os cabelos dele enquanto lhe dava bom dia.

— Foi um sonho muito real, tem certeza de que não teremos em breve um filhote a caminho? – levantei uma sobrancelha.

— Se você quisesse realmente que aumentássemos nossa família, estaria trabalhando menos, e não colocando isso. – ele deu uma batidinha no próprio peito, indicando onde no meu tinha uma luz brilhante.

— Eu já falei que é só uma medida preventiva, estou assegurando nosso futuro, e do nosso talvez futuro bebê.

Stephen se limitou a suspirar, provavelmente cansado da ideia de discutir comigo. Ao invés disso, pareceu finalmente se dar conta do nosso filho ainda silenciosamente nos ouvindo discutindo na cozinha.

— Aliás... O senhor não está atrasado para escola? – ele franziu o cenho, olhando acusador.

— Se eu for de teia chego lá rapidinho, e como teremos excursão, só tenho que chegar a tempo do ônibus. – conforme Peter explicava, passava geleia na torrada e enchia sua xícara com café, usando o mesmo para ajudar a engolir o alimento mal mastigado.