Nem todas as garotas querem ser rainha, Catarina de Lurton é uma dessas. Sacerdotisa de Apolo, ela prometeu sua vida a servir ao deus do oráculo e com isso se manter pura. Entretanto uma ordem do rei muda totalmente seu destino e depois disso sua vi...
Brice se colocou em pé com dificuldade e encarou o chão, sangue começando a escorrer por suas pernas. "Tudo bem, é só eu voltar para o acampamento." Murmurou para si mesma, enquanto segurava a parte debaixo de sua barriga. Uma forte contração quase a fez gritar de dor, e se perguntou como podia ser tão estupida. Estava sentindo essas pontada há horas, mas não passou pela sua cabeça que estivesse em um trabalho de parto prematuro.
Conseguiu se distanciar alguns metros da caverna quando conteve seus passos e prendeu a respiração, a alguns metros dela passava um grupo de empusais, e sabia que qualquer movimento seu chamaria a atenção para ela. Com cuidado fechou os olhos e foi andando de forma lenta para dentro da caverna.
Até que sentiu seu pé ser rasgado por uma pedra afiada que estava no chão. Olhou para baixo, seu rosto se banhando de lágrimas e viu que a ponta da pedra tinha rasgado sua sandália e perfurado seu pé. Prendeu a respiração e com dificuldade continuou andando, dessa vez olhando para cada passo seu.
Deixando uma trilha de sangue Brice se segurou em uma árvore e se agachou, mordendo a mão quando uma forte contração a atingiu. Nenhum barulho. Ordenou a si mesma. Esperou a contração passar e respirou devagar, se colocando de pé e voltou a andar, quando chegou na caverna procurou entre as coisas que tinha ali um manto, e deu graças aos deuses quando encontrou.
Tudo bem.
Foi quando uma sombra surgiu na entrada da caverna. Seu coração bateu acelerado quando viu um enorme vulto andando pesadamente do lado de fora. Aquela visão fez sua pele formigar, não conseguia distinguir do que se tratava, mas certamente não era nenhum semideus, pois o vulto tinha quase dois metros de altura. A metade superior dele era volumosa e indistinta. As mãos erguidas davam a impressão de que ele tinha chifres.
Ela engoliu em seco quando sentiu seu pé arder pelo corte, tentou olhar para ver a profundidade, mas sua barriga impediu que o fizesse. Tudo o que sabia era que estava sangrando. Muito.
Brice segurou o manto e a adaga Katropis que Catarina tinha lhe dado e foi mais para o fundo da caverna, o que foi o seu erro. Pois nesse momento o mostro entrou e ela pôde ver perfeitamente do que se tratava. Seu pescoço era uma massa de músculos e pelos que levava a enorme cabeça, que tinha um focinho, suas orelhas atentas a qualquer som, olhos pretos cruéis e chifres - enormes chifres preto-e-branco com pontas que poderia facilmente atravessar alguém ao meio.
"Um Minotauro" Brice falou quase sem voz, lágrimas descendo por seu rosto. Mas o pequeno barulho de sua voz o fez virar em sua direção sem saber exatamente para onde ir. Foi quando ela se lembrou que o Minotauro tem uma péssima visão e se guiava pela audição.
Brice se sentou no chão com cuidado e mordeu o manto, tamanha a dor que sentiu daquela vez, sangue escorrendo do meio de suas pernas. Colocou a mão de forma desesperada em sua entrada, e sentiu uma cabeça cabeluda. Seu filho estava nascendo.
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