Quando abri os olhos de novo, estava em pé, olhando para as botas padrão de um soldado FEP. Ele estava ajoelhado na minha frente. A dra. Begbie falava alguma coisa para ele, com a voz tão calma como da primeira vez que encontrei com ela.
— … tão doente, que ofereci levá-lo para casa. Coloquei a máscara nele para garantir que não infecte mais ninguém.
A voz do soldado ganhou foco.
— Odeio o fato de sempre ficarmos doentes por causa dessas crianças.
— Você se importa em me ajudar a levá-lo até meu jipe? — dra. Begbie perguntou.
— Se ele está doente...
— Só vai levar um minuto — a doutora interrompeu. — E eu prometo que, se você começar a sentir o nariz escorrendo amanhã, eu mesma vou cuidar de você.
Essa era a voz que eu reconhecia — tão doce que soava como sininhos. O soldado deu um risinho, mas eu o senti me levantando assim mesmo. Tentei não me apoiar nele, não ranger os dentes com o movimento, mas mal podia evitar que minha cabeça caísse para trás.
— Banco da frente? — ele perguntou.
A dra. Begbie estava prestes a responder quando o rádio do FEP estalou e ganhou vida.
— O controle está te vendo na câmera. Precisa de assistência?
Ele esperou até a dra. Begbie abrir a porta do passageiro e sentar-me no banco antes de responder.
— Tudo certo. O doutor... — ele pegou meu crachá nas mãos, levantando-o do meu peito. — A dr. James tem o vírus que está circulando. A doutora...
— Begbie — veio a resposta rápida. Ela sentou no banco do motorista e fechou a porta em seguida. Eu olhei de relance, observando enquanto ela se atrapalhava para colocar a chave na ignição. Foi a primeira vez que notei suas mãos tremendo.
— A dra. Begbie a está levando para casa esta noite. O carro da dra. Rogers ficará aqui — por favor, informe os guardas da manhã quando eles fizerem a contagem.
— Câmbio, entendido. Fale para eles seguirem direto até o portão, vou notificar a patrulha para deixá-las passar.
O jipe gaguejou e ganhou vida, numa série de protestos estridentes. Olhei para fora, através do para-brisa, para a cerca elétrica e a floresta escura e familiar atrás dela. A dra. Begbie estendeu a mão para apertar meu cinto de segurança.
— Cara, ele está apagado — o FEP estava de volta, encostado contra a janela da dra. Begbie.
— Eu dei a ele uma coisa bem forte — a dra. Begbie riu. Senti meu peito apertar.
— Então, e amanhã…
— Passe para dar um oi, ok? — disse a dra. Begbie. — Tenho intervalo perto das três horas.
Ela nem lhe deu a chance de responder. Os pneus giraram contra o cascalho e os limpadores de para-brisa guincharam, ganhando vida. A dra. Begbie subiu a janela, com um aceno amigável, usando a outra mão para girar o carro para trás e sair da vaga. Os pequenos números verdes no painel indicavam 2h45 da manhã.
— Tente cobrir seu rosto o máximo possível — ela murmurou antes de ligar o rádio. Não identifiquei a música, mas reconheci a voz de David Gilmore e a ondulação e o fluxo dos sintetizadores do Pink Floyd.
Ela abaixou o volume, respirando fundo ao sair do estacionamento. Seus dedos batucavam um ritmo nervoso no volante.
— Vamos, vamos — ela sussurrou, olhando de relance para o relógio mais uma vez. Havia uma fila de dois carros à nossa frente, cada um deles liberados com uma lentidão agonizante. Pensei que ela fosse surtar na hora em que o último carro saiu noite adentro.
A dra. Begbie pisou no acelerador com muita força e o jipe guinou para a frente. O cinto de segurança travou quando ela pisou nos freios, arrancando o ar do meu peito.
Ela abaixou a janela, mas eu estava muito cansado para sentir medo. Pressionei a mão contra os olhos e respirei fundo. A máscara cirúrgica roçou nos meus lábios.
— Estou levando a dr. James para casa. Deixe-me pegar o passe dela…
— Está tudo bem. Você está na agenda para as três da tarde amanhã, está certo?
— Sim. Obrigada. Por favor, indique que o dr. James não virá.
— Entendido.
Eu estava cansado demais para tentar controlar os dedos divagantes do me cérebro. Quando a dra. Begbie me tocou de novo, afastando o cabelo do meu rosto, uma imagem ganhou vida por trás dos meus olhos. Um homem de cabelos escuros, sorrindo abertamente, com os braços em volta da dra. Begbie, rodando-a, e rodando-a, e rodando-a, até que eu pude ouvir sua risada de deleite em meus ouvidos.
Cate abriu nossas janelas e o ar que passava correndo trouxe um cheiro de chuva, que me fez adormecer rapidamente!
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Mentalistas
Roman pour AdolescentsGente antes que falem esse livro é baseado no Livro Darkes minds eu só mudei a história e os personagens o sistema de poderes e enredo continua o mesmo. Em um mundo apocalíptico, onde uma pandemia mata a maioria das crianças e adolescentes da Améri...