O que é amor? ━━ Marcelo Vieira

dois

CARINA

Observo a cidade pela janela do carro, enquanto Lucas e eu seguíamos em direção a casa dele. Ele não havia dito nada sobre o acontecimento na cafeteria, e quando eu abri a minha boca para o perguntar que cena desnecessária foi aquela, ele apenas resmungou:

— Em casa conversamos.

Eu sabia que assim que colocássemos os pés dentro de casa, ele iria me acusar, como sempre.

Conheci Lucas em um momento difícil da minha vida, quando todos decidiram virar as costas para mim. Só ele continuou lá, me dando força. Começamos um relacionamento e eu achei que ele continuaria o mesmo, mas me enganei. Mesmo assim, eu o entendia. Ele só estava cuidando de mim, como sempre fez.

Vejo ele entrar na garagem e estacionar o carro, desligando o mesmo em seguida. Tiro o cinto que me prendia e saio devagar do carro, entrando em casa primeiro que ele. Tiro meu casaco ao sentir o ar quente da mesma, e o coloco em uma poltrona presente ali. A casa de Lucas não era tão grande, mas era bastante aconchegável.

— O que você estava fazendo com aquele cara? — Perguntou de forma grossa, enquanto tirava o casaco, repetindo meu ato.

— Conversando. — Respondo tranquilamente.

— De onde você o conhece? — Me olhou.

— O conheci lá, hoje. — Digo. — Ele se sentou ao meu lado e então...

— E então você começou a se mostrar para ele. — Completou e eu neguei rapidamente com a cabeça.

— Claro que não! — Falo. — Só estava sendo simpática e...

— Não é pra ser. — Me interrompeu. — Eu já falei que não quero você perto de outros caras.

— Não estávamos fazendo nada demais, apenas conversando! Não tem necessidade de...

— Eu estou cuidando de você! — Me interrompeu mais uma vez. — Você sempre sendo mal agradecida. — Resmungou e eu suspirei, me aproximando.

— Desculpa, amor. — Murmuro. — Eu não queria te deixar irritado ou algo do tipo.

— Fico preocupado com você, Carina. Você não deve acreditar nesses caras! Eu amo você, ninguém nunca vai fazer o mesmo que já fiz por ti. — Falou e passou a mão por meu rosto, segurando em meu queixo e erguendo levemente meu rosto.

— Eu sei disso. — Sussurro. — Me desculpe, de verdade. — Completo e ele sorri suavemente, selando nossos lábios em um beijo simples.

*
MARCELO

Observo Carina sair do local apressada e acompanho a mesma com o olhar até ela sair do meu campo de visão, ao virar para a direita.

Dou um gole longo em meu café, acabando com o mesmo de uma vez e me lembro do modo que o cara falou com ela. Percebi o quanto ficou constrangida, e tinha certeza de que ele falaria mais coisas no momento em que ela o encontrasse. Só esperava que não brigasse com a mesma por uma coisa tão boba.

Pago pelo meu café e me levanto, saindo do estabelecimento e sentindo o ar gelado em meu rosto. Ajeito o meu casaco e ando tranquilamente de volta a minha casa, que não ficava tão longe.

Será que amanhã eu a encontraria ali novamente?

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