trinta e dois

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CARINA

Com o notebook sobre a mesa de jantar, eu colocava a minha comida enquanto escutava atentamente um dos vários vídeos que eu havia encontrado sobre relacionamento abusivo.

Sabe aquele relacionamento onde você sempre tem tomar cuidado sobre o que fala, o que veste, com quem conversa...

— Ah, eu sei. — Murmuro ainda com a atenção em meu prato.

Onde o que seria uma simples distração para você, passa a ser o motivo de uma briga e uma cara feia...

— Sim. — Concordo, balançando a cabeça.

—... Quando você faz algo que o abusador não quer que você faça, ou o desobedece, ele trata te com frieza, indiferença e vinganças, afirmando que estas só ocorrem por sua culpa.

O Lucas faz isso. — Murmuro e paro o que eu estava fazendo, me virando para o notebook e olhando para a tela do mesmo com atenção.

A doutora continuou a falar, e eu escutei atenta, passando algumas coisas em minha cabeça.

—... Ele convence a vítima de que ela é a culpada. Então ela fica enfraquecida, insegura, faz de tudo para consertar o relacionamento, mas vai piorando.

Ela começou a falar alguns indícios de abusos psicológicos e eu puxei na memória se já havia acontecido algumas daquelas coisas dentro do meu namoro.

Se você respondeu "sim" a cinco ou seis itens, você provavelmente está em um relacionamento abusivo com abuso psicológico.

Pisquei, derrubando o meu prato.

*
semanas depois

Entro apressada na cafeteria e olho ao redor rapidamente, procurando por Marcelo. O encontrei conversando com a garçonete, aparentemente fazendo o pedido dele.

Caminho até lá e ele sorri ao me ver.

— Olá. — A garçonete sorriu simpática e eu tentei retribuir. — Deseja que eu anote o seu pedido agora ou prefere...

— Agora, por favor. — A interrompo. — Eu quero um café preto, sem açúcar e forte. Bem forte. — Falo e ela anota no pequeno caderno.

— Mais alguma coisa? — Perguntou e olhou para mim e para Marcelo, que negou com a cabeça. Fiz o mesmo. — Ok, com licença. — Pediu e se afastou.

Volto meu olhar para Marcelo, que me olhava curioso.

— Olá, menina Carina. — Disse enquanto eu me sentava na frente dele.

— Por que você pediu para que eu pesquisasse sobre aquele assunto? — Pergunto de uma vez, vendo ele arregalar levemente os olhos.

— Você pesquisou?

— Perguntei primeiro. — Digo e ele se ajeita na cadeira.

— Não sei se aqui é um lugar adequado para falarmos sobre isso. — Falou e eu respirei fundo.

— Eu pesquisei. — Respondo a pergunta dele. — Vi vários vídeos, vi relatos e li diversos textos. — Digo sentindo um bolo na minha garganta.

— E então...? — Perguntou.

— Eu não sei. — Murmuro e sinto meus olhos se encherem de lágrimas. — Acho que... talvez... acho que eu preciso de ajuda.

**
lá em cima, na mídia, eu coloquei o vídeo que assisti para escrever as falas em itálico. são falas da própria psicoterapeuta, apenas copiei.

desculpa pelo capítulo pequeno
🥺

O que é amor? ━━ Marcelo VieiraOnde histórias criam vida. Descubra agora