quarenta e dois

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MARCELO

Eu olhava para Carina a ponto de surtar. Ela estava quieta, olhando para o meu rosto sem alguma expressão no dela que me dissesse o que ela estava pensando, enquanto eu esperava por uma resposta.

Talvez ela não tivesse entendido ou só não sentia o mesmo e não queria dizer. Pensar na última opção fazia meu coração apertar.

Depois de aparentemente anos, – mas que na verdade foram apenas alguns segundos –, ela abriu a boca e quebrou o silêncio que estava quase me matando.

— Eu também gosto de você. — Sussurrou. — Gosto mesmo de você. — Completou.

Soltei a respiração que nem percebi que estava prendendo e sorri para ela, que retribuiu.

— Queria te falar isso a tanto tempo... — Murmuro, sentindo o carinho dela em minha barba por fazer. — Só que você namorava e, depois que terminou, achei que precisaria de um tempo só para você.

— Obrigada por ser paciente e respeitar o meu tempo. — Falou. — Isso faz eu gostar ainda mais de você. — Sorriu.

Ela nem me deu tempo de respondê-la, já que logo em seguida juntou nossos lábios e iniciou um beijo calmo.

Não sabia se era possível, mas a cada dia eu parecia ficar ainda mais apaixonado por ela.

*
CARINA
dias depois

Coloco a última taça ao lado de um dos pratos e me afasto, olhando para a mesa de jantar e sorrindo com o resultado.

Olho para o relógio na parede e faço careta, correndo até o quarto e passando um perfume rapidamente. Coloquei uns brincos e depois ajeitei o meu cabelo, parando quando escutei a campainha do meu apartamento tocar.

Me olho no espelho pela última vez e saio do quarto, caminhando até a sala e indo para a porta, abrindo a mesma.

— Olá, menina... — Se interrompeu e me olhou de cima a baixo, murmurando algo que eu não consegui entender e voltando o olhar para o meu rosto. — Carina. — Completou.

— Olá, menino Marcelo. — Digo e sorrio para ele.

Eu estava nervosa e começava a pensar se tinha sido mesmo uma boa ideia ter o convidado para jantar. Já havia jantado com ele várias outras vezes, é óbvio, mas tudo parecia diferente depois de termos dito sobre gostarmos um do outro.

— Você está linda. — Falou e me olhou outra vez.

— Obrigada, você também está lindo. — Sorrio. — Entra. — Falo e abro mais a porta, dando espaço para ele.

— Trouxe uma bebida pra gente. — Disse enquanto entrava.

— Não precisava trazer nada, Marcelo.

— Eu sei, você deixou isso bem claro. — Falou e eu levantei uma sobrancelha, querendo perguntar o porquê de ele ter levado a bebida então. — Não queria chegar de mãos vazias. — Explicou.

— Você é um bobo. — Digo e nego com a cabeça, enquanto ele sorria.

Pego a bebida da mão dele e levo para a cozinha, o chamando para que ele me seguisse.

— Você deixou o apartamento a sua cara. — Falou e eu o olhei, abrindo um sorriso.

— Ainda não está completamente do jeito que eu quero, mas estou quase lá. — Afirmo. — Vamos comer? — Chamo e coloco a garrafa de vinho, que ele havia trazido, sobre a mesa.

— Vamos. — Disse e olhou para os lados. — Com o que posso ajudar?

— Com nada. — Respondo e caminho até ele. — Você é o meu convidado, então você vai ficar sentadinho aqui e eu vou colocar a comida na mesa. — Falo e faço ele se sentar.

— Mas eu posso...

— Pode nada, fica aí. — Digo e viro as costas, indo pegar a comida para servir.

[…]

Mordo o lábio enquanto olhava Marcelo falar. Não fazia ideia de qual era o assunto, já que eu tinha deixado de prestar atenção a muito tempo. Ao invés disso, foquei em admirar cada detalhe dele.

No meio dos pensamentos imaginei qual seria a melhor maneira de retirar toda a roupa dele, fazê-lo calar a boca o mais rápido possível e me beijar.

Dou um meio sorriso com os pensamentos e viro o restante de vinho que ainda tinha em minha taça. A coloco sobre a mesa de centro e volto a atenção para Marcelo em seguida.

— Eu adoro ouvir você falar... — Começo, o interrompendo. — Mas será que pode calar a boca um pouquinho? — Pergunto.

— Desculpa. — Pediu sem graça. — Não percebi que estava...

Não deixei ele terminar a frase. Antes que ele completasse o que estava falando, eu juntei meus lábios aos dele, o surpreendo, já que ele não retribuiu o beijo de imediato.

Em um segundo eu já estava em seu colo e ele apertava a minha cintura.

— Foi uma ótima ideia o vinho. — Murmuro quando separei nossos lábios por um momento.

— Não me diga que está bêbada, por favor.

— Não, eu não estou! — Digo rapidamente. — Ele só me deu um pouquinho de coragem. — Sussurro.

— Então foi uma ótima ideia o vinho. — Repetiu e sorriu, segurando em minha nuca e me puxando para juntar nossos lábios novamente e começar outro beijo.

**
queria beber

O que é amor? ━━ Marcelo VieiraOnde histórias criam vida. Descubra agora