trinta e três

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CARINA

Ando de um lado para o outro na sala de estar de Marcelo, que me encarava sentado do sofá. Eu tentava achar palavras para começar a falar sobre como eu estava me sentindo, sobre o que estava acontecendo, mas eu não conseguia.

Não tinha ideia de como descrever a dor que eu sentia, mas ela estava ali, e estava doendo muito.

Paro de andar e me viro para ele, abrindo a boca algumas vezes mas desistindo. Começo a chorar, querendo colocar tudo para fora daquela maneira.

Marcelo se levantou e caminhou até mim, passando os braços ao meu redor e me apertando contra ele, o que me fez chorar mais.

— Vai ficar tudo bem. — Sussurrou. — Prometo que vai ficar tudo bem.

[…]

Aceito o copo de água que Marcelo estendia para mim e tomo uns goles da mesma, deixando o copo sobre a mesa de centro em seguida.

— Melhor? — Perguntou baixo e eu assenti levemente com a cabeça.

— Me sinto uma idiota por nunca ter percebido que aquilo tudo não era amor. — Murmuro sem olhar para ele. — Todo aquele ciúmes, aquelas reações exageradas por coisas bobas, aquelas proibições... Como pude ser tão cega? — Pergunto sentindo vontade de chorar outra vez.

— Você não teve culpa, Carina. — Disse e eu ri sem humor.

— E quem teve? — O olho. — Eu entrei naquele relacionamento, eu aceitei ficar com ele e aceitei tudo o que aconteceu. Eu.

— A culpa é do Lucas. — Afirmou. — Ele mentiu para você, te enganou e te manipulou por todo esse tempo. Você foi a vítima. — Disse e eu fiquei o olhando.

— Por que você nunca me disse nada? — Pergunto baixo. — Por que não... me avisou ou...

— Todas as vezes que eu tentava falar sobre o seu namoro você fugia do assunto ou defendia o Lucas. — Respondeu. — Não adiantaria nada eu falar, você não acreditaria em mim.

— Por isso pediu para que eu pesquisasse... — Sussurro.

— Sim. — Confirmou.

Desvio o olhar do dele e seco uma lágrima que rolou pelo meu rosto, enquanto um silêncio se instalava no cômodo.

Tentei evitar Lucas durante todas as  semanas desde que havia visto os vídeos sobre relações abusivas. Era difícil, já que ele morava na mesma casa e dormia na mesma cama que eu.

Não queria que ele me tocasse, não queria escutar a voz dele. Eu sentia nojo, mas ainda tinha uma pequena parte dentro de mim insistindo de que era coisa da minha cabeça, que estava tudo bem e que eu era feliz com o meu namorado. Que eu o amava e aquilo bastava.

E eu realmente o amava. Não conseguiria deixar de o amar de um dia para o outro, diferente dele, que provavelmente nunca havia me amado de verdade.

Volto a chorar.

— Ele não me ama. — Digo. — Nunca me amou e nunca vai me amar. — Soluço.

— Carina...

— Eu tenho algum problema, Marcelo? — Pergunto o olhando, vendo ele negar rapidamente com a cabeça. — Por que eu não mereço ser amada?

— Você merece. — Disse e segurou no meu rosto, secando as lágrimas que rolavam pelo mesmo. — Você merece todo o amor que existe nesse mundo, mas não vai ser o Lucas que vai te dar.

— Mas eu dei todo o meu para ele. — Sussurro. — Eu dei tudo de mim e agora... agora o que eu faço?

— Agora você vai aprender a amar você mesma de novo. — Sussurrou.

**
🥺

O que é amor? ━━ Marcelo VieiraOnde histórias criam vida. Descubra agora