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   — Sua vez.

   Patricia e Noah estavam no porão da casa da garota, jogando cartas, iluminados por várias lâmpadas e bebendo. O porão era o lugar favorito dela na casa, ela podia fumar e beber sem que ninguém a incomodasse, e como Noah era seu melhor amigo desde a infância, ele era o único que já havia entrado lá.

   — Aqui está. — Ela jogou a carta. — E a May?

   — Você sabe que eu não gosto dela. — Noah jogou sua carta. — Ela estava até bonita na festa, mas ela é esquisita, você sabe que eu estou fazendo isso por você.

   — Porque você é um bom amigo? — Ela sorriu debochada.

   — É, eu sou um bom amigo, até demais por estar dando em cima dela só pra você conseguir paquerar a Rogerina. — Ele bebeu um pouco mais. — Se gosta tanto dela por que não disse nada até agora?
  
   — Eu dei minhas indiretas, mas ela disse que não namora mulheres. — Ela pegou um cigarro e colocou na boca. — Me passa meu isqueiro?

   — Você nem tem dezoito anos, quer morrer aos quarenta?

   — Faço dezoito em uns quatro meses, passa logo o isqueiro.

   — Não, não vou deixar você fumar.

   — Idiota. — Ela tirou o cigarro da boca, o colocando em cima da mesa e jogando logo em seguida.

   — Mas deixa eu ver se eu entendi, você não deixa a Bulsara nem aquela amiga dela em paz e também é lésbica?

   — Você sabe como é, pimenta nos olhos do outro é refresco. — Ela deu de ombros. — Mas acho que a May gostou da Rogerina, ela é tão transparente...

   — Acha que a Rogerina também gostou dela? — Patricia riu.

   — A nossa Rogerina? Gostar dela? Nunca.

   — Se está tão segura de que a Rogerina não ficaria com ela, por que está me mandando dar em cima da Brianne?

   — Porque a Brianne gostou dela, mesmo que a Rogerina nunca corresponda...

   — Você se sente ameaçada?

   — Ninguém me ameaça.

   — Somos melhores amigos e sei quando isso é mentira.

   — Faça seu trabalho. — Ela jogou a última carta necessária para ganhar o jogo. — E eu ganhei.

   — Você não presta Patty.

   — Eu sei disso. — Ela tomou mais um pouco de sua cerveja.

•••

   — Eu não acredito que vocês se chuparam em tão pouco tempo, ela te amarrou Bri?

   — Mel! — Brianne corou. — Não, eu quis, sabe, experimentar.

   — E como foi? — Perguntou Johanna, mascando chiclete.

   — Ela foi muito cuidadosa no começo, eu me senti tão bem... — As bochechas da garota ficaram ainda mais coradas, estava nas nuvens desde ontem, mesmo que as três estivessem no inferno que era o colégio, nada poderia tirar aquele sorriso do rosto de May.

   Ou poderia.

   — Nós duas temos aula de literatura agora, vá atrás da sua namoradinha. — Johanna brincou, lhe dando um soquinho no ombro.

   — Eu vou ver onde ela está, obrigada.

   — Beleza, e sorte ao casal! — Melina gritou antes de ir para a sala, juntamente com Johanna.

Blue Eyes • Fem¡MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora