Ao ouvir aquela bela jovem de longos cabelos ruivos falar, Leandro ficou perplexo. Não sabia se ela era humana ou se era realmente uma humanoide. Ele lembrou que Marcelo tinha dito que eles se parecem muito com humanos, mas que mesmo assim eram apenas máquinas. Mas Leandro também lembrou de tudo que descobriu, e viu que ela era aparentemente muito humana.
Sem ter escolha, ou por medo do que poderia acontecer se os humanoides fossem realmente humanos, Leandro resolveu tratá-la como uma humanoide, não importando se ela era ou não um. Foi uma escolha difícil, mas ele não estava pronto para tamanha reviravolta em sua vida.
— Você é a Humanoide Lis? Consegue falar bem? — perguntou Leandro.
— Sou Lis. Sei falar um pouco. — respondeu Lis com um olhar pensativo.
— Por que você estava chorando? — perguntou Leandro curioso e confuso.
— Cho...rando? Isso no meu olho? — perguntou Lis passando a mão nos seus olhos.
— Sim, isso são lágrimas, elas caem quando estamos muito tristes ou muito felizes. — respondeu Leandro.
— Eu me senti ruim, acho que por isso eu estava chorando... — disse Lis.
— Então você estava triste... Mas não deve ser difícil ficar triste aqui, principalmente porque você estava sozinha, mas pelo menos eu te achei. — disse Leandro.
Nesse momento Leandro começou a pensar e viu que Lis era ingênua, e embora aparentemente tivesse sentimentos, não sabia descrevê-los ou sequer dizer o que estava sentindo com certeza. Ela também não falava muito bem. Analisando isso, Leandro resolveu ajudá-la, não importando se ela era uma humanoide ou um humano diferente.
— E como posso não ficar triste? — perguntou Lis.
— Primeiro levante-se. — disse Leandro ajudando Lis a se levantar. — o único jeito de você não ficar triste é ficando feliz. E eu quero te ajudar à ficar feliz.
— E o que é estar feliz? — perguntou Lis.
— Você fica feliz quando se sente bem, quando coisas boas acontecem, e principalmente quando você está perto de boas pessoas e de pessoas que você gosta, ou até mesmo pessoas que você ama. — respondeu Leandro.
— Estou feliz por você querer me ajudar, será que gosto de você? — perguntou Lis.
— Não sei... Mas o que importa é que você deve se sentir bem. — disse Leandro.
— E... o que é am...amar? — perguntou Lis.
— ...É quando você gosta demais de uma pessoa, e quer que ela esteja bem e sempre perto de você. — respondeu Leandro.
Leandro e Lis ficaram conversando por um bom tempo. Por um momento Leandro esqueceu de todas as tristezas e decepções do passado, e o mesmo aconteceu com Lis. Ambos esqueceram de suas tristezas enquanto conversavam. A maior parte da conversa foi explicações de Leandro para Lis sobre sentimentos e palavras que ela não sabia, mas mesmo assim eles estavam felizes. (Até riram), (e Leandro teve que explicar o que é isso também).
— Acho que estou feliz agora. — disse Lis sorrindo.
— Que bom, bom mesmo, mas logo terei que ir embora... — disse Leandro.
— Mas... Por quê? Você pode ficar! Eu fico muito sozinha aqui, e se você for embora eu vou deixar de estar feliz e vou voltar a me sentir ruim, quero dizer, triste. — disse Lis entristecida.
— Não se preocupe, eu vou voltar amanhã. — disse Leandro.
— Espere, só me responda mais uma coisa: o que eu sou? Você tinha me chamado de humanoide... — perguntou Lis.
Depois de pensar muito, Leandro disse:
— Você é diferente de mim, mas isso não é algo ruim.
— É por isso que você não pode ficar comigo? Porque somos diferentes? — perguntou Lis.
— Não, claro que não. Eu não me importo que você seja diferente, pelo contrário, isso que te faz ser especial, mas infelizmente eu tenho que ir. Mas eu prometo que volto amanhã. — disse Leandro.
Leandro saiu daquela sala, e depois foi correndo até seu carro, pois logo todas as portas daquele prédio iam se trancar. Ele entrou no carro, passou pelos guardas e foi embora. Ele foi dirigindo e pensando.
— Lis... Humanoide ou humana? Só sei que ela precisa de ajuda, precisa de companhia, pois ela fica muito sozinha lá. Embora esteja naquela sala provavelmente a alguns dias, esses alguns dias são tudo que ela viveu até agora desde que foi criada, ou nasceu... Não sei, estou muito confuso. — pensou Leandro, ainda "digerindo" tudo que havia descoberto.
No dia seguinte...
Leandro voltou ao prédio para mais um dia de trabalho. Ele passou o dia pensando em Lis, até que Marcelo entrou na sala dele.
— Tudo bem? Eu queria te pedir um favor. — disse Marcelo.
— Claro, pode falar. — disse Leandro.
— Meu carro está com defeito, e eu queria que você me desse uma carona até minha casa hoje. — disse Marcelo.
— Mas...
— Não se preocupe, será só hoje. Espero não incomodá-lo. — disse Marcelo.
— Tudo bem, eu te levo. — disse Leandro.
Marcelo saiu da sala.
— Droga! — disse Leandro irritado.
Se Leandro tinha que levar Marcelo até a casa dele, significava que ele não poderia ir visitar Lis naquele dia, embora tivesse dito à ela que iria.
— E agora? A Lis vai achar que eu menti pra ela. O mais suspeito é que parece que o Marcelo sabe de alguma coisa... Será que ele descobriu onde eu fui? Espero que não... — pensou Leandro preocupado.
Depois Leandro lembrou que Marcelo tinha dito para ele que logo Lis seria descartada.
— Lembrei! Isso é muito sério! Significa que Lis corre risco de vida, e sendo uma humanoide ou não, eu prometi que voltaria e que ajudaria ela, então terei que tirar ela daqui antes que seja tarde. E se o Marcelo suspeita de algo, provavelmente vai querer "descartar" ela antes... — pensou Leandro preocupado.
Mesmo não querendo passar por uma reviravolta em sua vida, parece que Leandro acabou entrando em uma. Ele prometeu que ajudaria Lis, e ela confiou nele. Fato é que desde sua conversa com Lis a vida de Leandro havia iniciado um processo de mudança, e ganhou um novo objetivo, que no inicio pareceu ser apenas ajudar Lis, mas Leandro descobrirá que seu objetivo irá muito além de ajudar apenas Lis.
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A Humanoide de Carne
RomanceLeandro e Lis, um cientista recém formado e uma suposta "Humanoide". Ambos estavam desanimados com suas vidas, mas quando seus caminhos se cruzam, juntos, descobrem seu real objetivo de vida e o caminho para serem felizes. DESCRIÇÃO DETALHADA: Leand...