- O que é que foste fazer?
- Eu... Eu... Eu tinha tudo controlado! Eu tinha ganho tudo, não sei como isto aconteceu. Como é que perdi contra aqueles inúteis!
- Será que não consegues parar de pensar em ti?
- Tens razão. Eu vou voltar ao clube e recuperar o dinheiro que perdi. Eu sei que consigo.
- Tu tornaste-te um viciado. - Balancei a cabeça negando. - Tu arruinaste as nossas vidas, espero que tenhas isso na mente.
Virei-lhe costas e subi as escadas, entrando no meu quarto.
Tirei a mala de viagem do canto do armário e abri-a no chão. Coloquei as roupas amontoadas na mesma, e tudo o que consegui apertar lá dentro. Fechei-a e levantei-a, colocando junto à porta do quarto.
Coloquei as coisas que sobraram, mais importantes numa mala mais pequena, mas de viagem e fechei-a.
Não estava a acreditar que havia perdido a casa.
Irresponsável. Ele era completamente irresponsável. Não sabia pensar para lá do que está a fazer, nas consequências que poderão aparecer com as suas ações.
Ele não tem noção de nada, tornou-se uma pessoa completamente diferente.
Isso deixa-me triste, bastante triste, pois sei que ele é boa pessoa. Que tem um coração de ouro.
Ele está perdido, precisa de ajuda e eu não consigo ajudá-lo.
- Estás chateada comigo, não estás?
- Estou desiludida. Não tens a noção do quão grave foi o que fizeste.
- Desculpa, por favor.
- Tu precisas de ajuda, precisas de alguém adulto à tua volta. Eu tentei, tentei ser responsável por ambos, mas já não consigo. Já não consigo continuar com isto.
- Não me podes deixar. Saphyra, tu não me podes deixar.
- Eu não te vou deixar, só vou deixar com que vás procurar ajuda. Os teus pais, os teus irmãos, tens pessoas a querer cuidar de ti.
- E depois? E tu?
- Eu sei cuidar de mim.
- Prometo que vou voltar e cuidar de ti. Aceitas-me de volta, certo?
Silenciei.
Ele já havia errado bastante na sua vida. Para comigo, para com as pessoas a seu redor.
Para com as pessoas que diz e demonstra amar, apesar das falhas para com as mesmas. Que realmente, estão longe de ser poucas.
Como a minha mãe fazia falta a este homem que se havia perdido após a sua ausência. Que se encontrara perdido quando a conheceu e graças à mesma, encontrara-se.
Eu amava-o tanto, mas estava cansada de fechar os olhos à gravidade da situação.
Não podia continuar assim.
- Eu aceito-te de volta. Jamais deixaria que não voltasses. - Ele aproximou-se de mim, segurando as minhas mãos.
- Nunca te quis desiludir pequena, peço imensa desculpa.
- Está tudo bem.
Ele afastou-se de mim lentamente o suficiente, para que reparasse nas lágrimas existentes nos seus olhos azuis.
Um suspiro longo e aliviado abandonou os meus lábios, assim que voltei a olhar para a roupa espalhada na cama e alguma dobrada dentro da mala.
Eu iria mesmo sair desta casa.
Deixar este local tão conhecido e agradável para trás, trocá-lo por uma nova realidade.
Uma realidade desconhecida e talvez, nada agradável. Mas teria que aprender a viver com isso, pelo meu pai e pelo meu próprio bem.
Talvez, seria temporário. Apenas este Verão. Estes três meses que mais parecerão anos.
Depois, a Universidade ocuparia os meus dias, a minha mente e deixar-me-ia mais aliviada, mais relaxada.
O que me relaxava também, era saber a quem o meu pai iria recorrer.
Eram boas pessoas e zelavam pelo nosso bem. Os seus pais, meus avós paternos. Grace e Rudd, ainda na casa dos 50 anos, pois a minha avó tinha 17 anos quando engravidou e o meu avó tinha acabado de fazer 18 anos.
Decidi levar pouca coisa, o bastante para uma saída por semana.
Qualquer coisa, poderia apanhar um táxi ou pedir o carro emprestado para voltar a casa e buscar algo necessário.
Após a hora de jantar se aproximar, desci as escadas e sentei-me à mesa.
O meu pai havia aquecido pizza, o que costumavamos jantar ás Segundas, pois chegávamos cansados a casa, ele do trabalho e eu da escola e não nos apetecia cozinhar. Eram os melhores jantares e raros, pois nos outros dias, ele trabalhava até muito tarde e acabava as noites no casino, chegando de madrugada.
Nenhuma troca de palavras ocorreu.
O silêncio era imenso. Queria dizer-lhe para onde estava a pensar mudar-me durante o Verão, mas sabia que não aprovaria.
Queria partir este silêncio.
- Já pensaste no que vais fazer?
- Falei com os meus pais. - Ele murmurou. - Terça-Feira ou Quarta já estou com eles.
- Acho que fizeste uma boa escolha.
- E tu?
- Hum... Ainda não pensei sobre o assunto, mas talvez fique com a Emily.
Ele assentiu e limitou-se a olhar para o prato. Sabia que não era este o rumo que queria para as nossas vidas, mas há coisas que não podemos prever.
Esta é uma delas e o que acontecerá amanhã, é outra.
Todos os dias são um inimigo e os segundos que os contemplam, são a nossa luta.
-
Foto - Saphyra Jones
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BROOKLYN ➛ ZAYN MALIK
FanfictionNão conseguia ouvi-lo mais. Estava tão desiludida, tão surpreendida e chocada com o que acabara de ouvir. Ele arruinou as nossas vidas. Ele precisa de ajuda, precisa de se recompor. Ele não está bem psicologicamente e eu estou cansada de aguentar co...