BROOKLYN ➛ ZAYN MALIK

- Justin McCann Pov

- Entra.

Após entrar no quarto, aproximei-me da cama onde Zayn estava deitado com o computador na barriga e pedi que o fechasse, pois tencionava conversar com ele. Seriamente. Ele andava a passar das marcas e na noite anterior havia dito algo que me havia preocupado.

O passado que tanto lutei para esconder, poderá ser descoberto a qualquer momento.

E não era isso que queria.

- Será que podemos conversar?

- Sim…

Ele parecia calmo, relaxado.

- Quero que me expliques o que aconteceu e o que o tal Luke te disse.

- O que é que isso importa?

- Eu é que faço as perguntas, eu é que faço os pedidos. Tu dás-me as respostas, tudo bem? – Ele revirou os olhos e assentiu.

- Ele culpou-vos e disse que vocês fizeram com que ele assistisse à morte do pai. Mas quem é o pai dele?

- Vou ser sincero contigo, já tens mentalidade suficiente para entenderes as coisas. Zayn, eu e a tua mãe tivemos um passado complicado e a família desse tal Luke estava envolvida. Passados negros, segredos e assuntos que devem ficar enterrados.

- Enterrados? – Ele gargalhou. – O único que vai ser enterrado vai ser o corpo dele ou o meu, graças a esses segredos a que te referes. – Ele levantou-se, caminhando até ao saco de boxe. – Estou cansado destas merdas.

- Não sejas infantil Zayn. – Caminhei até ele. – Não te vai acontecer nada, podes ficar descansado. Eu não vou permitir que aconteça. Prometo-te isso.

- Promessas? Isso ainda existe?

A indiferença na voz dele era clara. Não queria contar o que aconteceu, mas não sabia como fazê-lo compreender do que está a acontecer. Como é que se conta a um filho uma história deste género, envolvendo mortes, tráficos, raptos e torturas? Estas divergências a que está ciente no bairro, mas com o próprio pai?

Ele jamais ficaria indiferente a tal coisa.

Apesar de saber que mais cedo ou mais tarde, ele tornar-se-á num miúdo problemático como eu costumava ser. E não quero isso. Sabendo que não tinha um pai presente para me encaminhar e sabendo que ele tem.

O pai que nunca tive, é o pai que quero que o Zayn tenha.

Alguém que estará sempre disposto a pôr as mãos no fogo por ele, alguém que estará sempre disposto a ouvi-lo e a apoiá-lo. Embora sabendo o quão reservado Zayn se tornou ao longo dos anos. Reservado e algo de revoltado.´

Lidar com ele não é nada fácil…

- Estou farto destas atitudes! – Elevei a voz. – Estou farto que penses que sabes tudo, que nos culpes por tudo ou que não saibas resolver as coisas de outra forma sem ser com sangue!

Eu não queria gritar, mas ele não me deixou alternativa.

- Então deixa que me mate! – Ele gritou. – Pára de te armar em herói, coisa que não és. Pára de correr atrás de mim, apenas pára! Estou farto de te ter como sombra, eu sei cuidar de mim! Não preciso de ti, não preciso de ninguém. Eu sei virar-me sozinho, sempre soube!

- Tomara a muitos miúdos como tu terem a sorte que tens. Um tecto, uma família que se preocupa e quer o teu bem! Que te deu a oportunidade de estudar, que te deu princípios.

- Para quê? Hã? Para quê este cuidado todo, quando me criaram num bairro como este? Esperavam que usasse camisas e fosse um nerd do caralho? Iludiram-se imenso! – Continuou a gritar.