Capítulo VIII - Ao tártaro e além

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Tártaro, O Reino de Hades

Nas profundezas do mundo inferior, Nicolau suava bastante, mas não pelo calor infernal que era o Tártaro e sim pela batalha que ele estava lutando. Ele passou a mão na testa, removendo o acúmulo de suor e deu um enorme salto em direção à um jovem ciclope que conseguiu desviar do ataque do garoto ao segurar em sua mão e o arremessar contra um amontoado de rochas ao lado dele.

Nico levantou-se e sorriu, não se daria por vencido tão cedo. Seus olhos brilharam e o ciclope usou seu escudo velho para se proteger dos raios amarelados que saiam dos olhos do outro. Não houve tempo suficiente para o monstro de um olho se defender do ataque seguinte de Nicolau, ele logo fora atingido por um soco em seu rosto, o fazendo cair no chão mais uma vez.

— Isso é trapaça! – ele gritou. – Você disse: "Sem poderes".

— Pare de reclamar e levante-se, Olhinho. – o outro zombou dele e estendeu a mão para que se levantasse. – Em uma batalha de verdade você usará tudo que estiver ao seu alcance para ganhar.

Sorriram e Olhinho segurou na mão de Nico e o puxou para o chão, fazendo-o bater o nariz com força contra a terra. Neste momento eles iriam começar mais uma briga, porém alguém se chegou antes e impediu que acontecesse.

— Nicolau, meu servo! – Hades o chamou com sua voz grave. O garoto se levantou tão rápido quando o mensageiro dos deuses e, junto do ciclope, se prontificou a se reverenciar ao deus do submundo. – Precisarei deixar o Tártaro neste momento, creio que estarei deixando-o em boas mãos, não é?

Nico logo se pôs de pé e o respondeu com um aceno de cabeça. Ele não se despediu de Olhinho quando seguiu Hades em caminho aos portões do Tártaro.

— Algum sinal de Tales e Lucano? – Hades perguntou.

— Meus irmãos ainda não voltaram, senhor. – Nico lhe respondeu. – Suponho que já encontraram o garoto e já estão a caminho.

— Não trabalho com suposições, Nicolau. Preciso de meus três fiéis servos aqui no Tártaro para impedir a saída de Tifão. – Ele se virou para o garoto. – Quando eu retornar, esteja preparado para a guerra.

Nicolau confirmou e se adiantou na frente do deus para abrir os portões. Aquele deveria ser um trabalho de três, mas Nico sempre dava conta. Ele colocou suas mãos, uma em cada parte do enorme e negro portão, e elas brilharam quando foram pressionadas contra a ferrugem. Foi necessário muita força para abri-lo, e Hades caminhou de modo glorioso para fora do Tártaro. O deus olhou para trás e acenou com a cabeça, se transformando em uma fumaça cinza e sumindo dali.

Os portões voltaram a fechar e um forte rugido seguido de gritos chegaram aos ouvidos de Nico. Ele se virou para de onde viam os sons e sentiu um calafrio percorrer sua espinha, pareceu ter entrado em um transe.

Havia uma parte do mundo inferior onde recentemente Hades perdeu sua força sobre ele. Este lugar habitava os mais furiosos e assustadores monstros – incluindo a grande ameaça, o Tifão.

Hades e os Cerberus selaram com um feitiço aquele lugar sombrio, para que não haja futuramente uma escapada de lá. Mas não estava adiantando muito, pois cada dia que passava os monstros ficavam mais fortes.

— Não tenha medo das sombras, filho. – era a voz de Perséfone.

Nico e seus irmãos não conheciam seus verdadeiros pais, mas desde que pisaram os pés no Mundo Inferior aquela mulher – Perséfone, a esposa de Hades – os cuidaram como se fossem seus próprios filhos.

— Não temo o que meus olhos não vêem. – ele saiu do seu transe e sorriu para a mulher. – Achei que fosse ao Olimpo com o Hades.

Ele sabia que ela era uma prisioneira do Tártaro, mas em tempos de guerra isso não deveria ser um empecilho para Perséfone sair daquele inferno.

A Queda de Ícaro [HIATOS]Onde histórias criam vida. Descubra agora