Não me relembre

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Ergo meu olhar, fitando o céu azul. Está um dia ensolarado, com pouquíssimas nuvens, mas fresco. Está um clima agradável. Está um belo dia. Está tudo uma droga sem Geno.

— Reapy? —, uma voz feminina e suave fala, dispersando meus pensamentos. — Está prestando atenção?

Reapy. Este apelido era algo que Geno usava poucas vezes, e, quando usava, parecia especial. Ele também me chamava de "Reap", mas apenas em momentos opostos de doce. Era fofo das duas maneiras.

— Hm? —, sigo a voz com meu olhar. Ainda não havia me acostumado com a volta da Tori.

Alphys conseguiu com sucesso trazê-la de volta, usando a flor que ela havia me dado. Era meu primeiro amor, e eu faria de tudo por ela. Estou extremamente feliz por ela ter voltado, e está tudo bem. Está um belo dia.

Mas com os mais belos dias, vem as mais escuras noites.

— Desculpe, não estava prestando atenção. —, fito a grande figura de uma bela mulher cabra. — estava distraído pra osso.

Ela solta uma risada leve. Estava com tantas saudades disto. Era muito diferente da risada de Geno.

— Você parece mais distraído hoje. —, falou com um tom mais sério. — está tudo bem? —, ela é tão fofa se preocupando comigo assim.

— Sim, está um belo dia afinal.

Estávamos no jardim da Tori. Era o lugar onde sempre ficávamos juntos, e, agora que estamos namorando, ficaríamos por muito mais tempo.

— Isso é ótimo. —, ela se sentou, mostrando um grande sorriso. Tão bonita. — Eu queria te dar uma coisa.

Era diferente com Geno. Ele não falava direto, e ele se comportava de maneira diferente, até eu perguntar o que aconteceu, e ele finalmente admitir.. Era tão fofo da parte dele.

Mas estou com a Tori agora. Então, está tudo bem.

— Hm? O quê? —, me sentei ao lado dela.

Agora percebo que ela estava com as duas mãos atrás de seu vestido. Eu tenho certo interesse em saber o que é, mas, não era tão especial quanto como Geno.

Eu devia parar de compará-la com Geno. Eles são diferentes. Sou horrível comparando ambos.

Tori tirou as duas mãos das suas costas, mostrando-as pra mim. Era uma flor, igual a que havia me dado antes.

— Pode pegar, ela não vai morrer. —, sorriu genuinamente. — É igual aquela que te dei. —, entregou-me.

— Uh, obrigado.

Ela parece feliz com minha reação forçado de felicidade. Bom saber que não estraguei tudo, como fiz com ela antigamente e com Geno.
Parece que nunca estou satisfeito, não é, Reapy?

[...]

— Hey, Reapy. —, meu amado pronunciou. Poucas vezes usava aquele apelido, e usá-lo sempre trazia à tona algo especial.

— Sim? —, baixo meu olhar para ver a bolinha fofa aconchegada nas cobertas no meu lado direito.

— Por que justamente um filme de terror?

Me aconchego ao lado dele, passando meu braço direito no ombro dele, trazendo-o para mais perto de mim.

Havíamos comprado esta casa para nós dois recentemente, assim para termos um pouco de privacidade de casal. Você entende o que quero dizer, não é?

— Eu não sei. —, respondo, virando meu olhar pra ele. Vejo que está tremendo um pouco, e com certeza está escondendo o medo.

Fofo.

Veio o jumpscare, e, felizmente, não estava olhando para a tela, mas Geno estava. Senti e vi ele pular de surpresa no sofá do meu lado, mas, ele não admitiria que estava com medo nem se lhe desse tudo o que queria.

Super fofo.

Tiro meu braço do ombro direito dele, rodeando sua cintura. Sinto vontade extrema de beijá-lo, e é isso que vou fazer. Se eu pedir por um, ele dirá não, então, vou arranjar uma maneira alternativa, e já sei como fazer.

Já estamos extremamente colados, então, coloco minha mão esquerda na parte de baixo da coxa dele, enquanto ele apenas continuava fitando a tela do filme, com certeza para que eu pense que ele consegue aguentar o terror. Estava com uma expressão nervosa, mas tentando manter a calma.

Movo a mão esquerda minha, junto com as pernas dele, indo para o meu colo. Sua cabeça se vira de maneira involuntária, olhando para mim com certeza curiosidade. Tiro minha mão esquerda das pernas dele, e coloco-a no queixo dele, movendo-o na minha direção.

Já sabendo o que aconteceria, ele fecha os olhos, aceitando ser levado por mim. Finalmente, selo meus lábios com os dele, enquanto a mão direita passava por sua cintura.

Nos separamos um tempo depois, com ele ainda no meu colo. Geno se recolheu um pouco, pegando as cobertas para cobrir-se mais. Estava um pouco corado, mas parecia tentar ao máximo evitar isto, fitando o filme novamente.

Extremamente fofo.

Eu realmente não quero sair daqui. Eu quero ficar com ele aqui, para sempre. Não vou deixá-lo partir, nunca.

[...]

Eu sinto sua falta. Mesmo que não pareça, mesmo que tenha sido eu que acabou com tudo, mesmo que eu não seja bom no fim. Eu preciso de você. Eu quero você.

Meu irmão quase nunca fica em casa, então, ela é praticamente minha. Me lembro de quando dormíamos juntos na minha cama de solteiro, logo após de vermos um filme ou qualquer outra coisa a mais.

Agora parece tão sem sentido.

Eu não consigo mais dormir, sabendo que você não está bem. Era meu trabalho te deixar feliz, eu te prometi que ficaria com você pra sempre, e olhe só onde estou.

Me contorço na cama, tentando achar uma posição confortável. Era tão fácil quanto estava com você. Você dormia em cima de mim, enquanto eu o abraçava. Ou nós dormíamos extremamente agarrados, tentando fazer você não cair da cama. Era tão bom ficar perto de você.

Uma lágrima fina cai da minha órbita direita. Mais lágrimas vêm junto, acompanhando-as. Mas isso não é nada. Você deve estar bem pior do que eu.

E por que continuo pensando nisso como se eu estivesse falando com ele?

Estou com Tori agora. Eu a amo, é meu primeiro amor. Minha melhor amiga e minha namorada.

Se é assim, então por que isso me dói tanto?

Eu te odeio, eu te amoOnde histórias criam vida. Descubra agora