Eu senti saudade de abraçá-lo. Só não queria que fosse nessas circunstâncias. Realmente, não queria que ele estivesse sofrendo tanto, mas só reparei nisto quando foi tarde de mais.
Agarro-o ainda mais forte após seu grito alto. Geno ainda chorava no meu ombro, mas não senti ele me abraçar também. Apenas apoiou seu queixo no meu ombro.
— Vá embora. —, Geno pediu, com sua voz embargada e rouca.
— Eu não vou embora. —, respondo.
Eu já vacilei com ele, e não vou vacilar de novo. Eu não vou mais deixá-lo. Eu não vou mais magoá-lo. Eu não vou... Eu... Eu AMO ele. Muito, e não vou largá-lo de novo. Eu prometo para mim mesmo.
Ficamos ali por um tempo. Não sei exatamente por quanto, mas eu ficaria ali por tanto que fosse necessário para Geno se acalmar.
— Vá embora. Agora. —, ele ordenou, com uma voz mais estável que antes. — E estou falando sério.
Eu me desvencilho do abraço, e Geno se levanta. Seu olhar estava bem mais diferente, parecendo mais determinado e autoritário. Ele muda de humor tão rápido assim?
Levanto-me do chão, me apoiando na parede. Me dói um pouco saber que preciso sair e que Geno não quer me ver por enquanto. Mas eu já falei o que eu realmente quero e preciso dele, e minha consciência está levemente melhor, mas ainda não perfeita.
Continuo em silêncio por não saber o que falar. Acho que minha única escolha é sair, como Geno mandou. Abro um portal atrás de mim, e me viro, não antes de dar uma boa olhada de como ele estava. Afundado em seu cachecol, me olhando de maneira firme. Não está no seu melhor estado, mas também não está no pior. Eu realmente espero que ele fique, ao menos, um pouco melhor.
Entro no portal, e vejo o ambiente extremamente familiar da minha casa. Fazia tempo que não via o Papyrus por aqui, e, apesar de seu trabalho de ceifar, ficava em casa para fazer seus espaguetes ou qualquer outra coisa.
Me jogo no sofá, com um turbilhão de pensamentos borbulhando dentro de mim. Eu me sinto horrível de ter deixado Geno sozinho, mas, era o que ele queria. Ao menos, o que dizia querer.
Olho para o teto branco, que fazia um bonito contraste com o resto do ambiente. Eu me pergunto como Tori está. E eu me pergunto como Geno está. Duas pessoas magoadas... Por minha culpa.
— Irmão! —, uma voz conhecida invade a minha sala. Nem havia ouvido passos pela casa.
Sento-me no sofá, vendo Papyrus chegar até mim.
— Faz tempo que não te vejo! Quando senti sua presença aqui eu saí correndo! —, falou, demonstrando sua felicidade. — Eu estava realmente preocupado, sabia?
— Uh, desculpe. —, respondo, ainda com minha cabeça em outro lugar.
— E eu tive que trabalhar o dia inteiro pois você não estava fazendo a sua parte! —, brigou. Eu não respondi. — Você devia ir trabalhar agora.
— Certo. —, eu me levanto.
— E, volte, desta vez!
Eu devia dar mais valor ao Pap.
[...] — Alguns dias depois.
Eu estive ceifando mais para passar o tempo. Não tenho mais nada pra fazer, afinal. Era melhor quando tinha lugares para ir, depois do trabalho. A casa da Toriel, e a casa minha e de Geno.
Só tenho passado o tempo pensando no que devia e poderia ter feito, mesmo sendo um passatempo inútil e sabendo que isso não mudará nada do que fiz. Suspiro, me ajeitando na minha cama confortável. Meus olhos focam em vários pontos do quarto, enquanto penso em nada, e, ao mesmo tempo em tudo.
É a rotina. Tudo está no mesmo lugar de antes, e todos os dias são os mesmos. Eu estou no mesmo lugar. A cama está no mesmo lugar. A cômoda está no mesmo lugar. A flor está... Hm?
A flor não está no mesmo lugar. Uma quebra da minha rotina chata. Procuro a flor da Tori com meus olhos, e, inesperadamente, não a encontro no meu quarto. Eu procuro ela depois.
Afinal, é a única lembrança que tenho de Tori, depois de ela não querer mais falar comigo. Me deixa um pouco mais... Feliz, embora não totalmente bem.
Meu celular vibra na mesa de canteiro, ao lado da minha cama. Pego-o, tentando não sair da posição confortável que estou. Leio a notificação, estreitando os olhos para me acostumar com a claridade que faz.
"Poderia vir aqui?"
Era uma mensagem da Tori. Imediatamente, me sento, esboçando um sorriso. Me sinto bem mais feliz.
"claro, to indo!"
Levanto-me, abrindo um portal. Era de tarde, e o sol estava se pondo, e o jardim era tão bem cuidado, que, junto com a vista, dava um ar inspirador e até mesmo filosófico para quem visse aquilo. E, felizmente, eu vi. Eu me encho de determinação, sorrindo para mim mesmo.
Dou uma boa olhada no jardim, antes de bater na porta da bela casa de Tori. Espero alguns segundos, enquanto minha alma batia de ansiedade, me perguntando o que ela dirá.
A porta abriu, com a figura de Tori atrás. Ela estava com uma expressão neutra, nem triste e nem feliz.
— Pode entrar. —, ela falou, virando de costas pra mim.
Eu entro na casa, apenas fechando a porta. Segui Tori pela casa, dando uma boa olhada pelo ambiente.
Ela se sentou em um sofá na sala, e eu sentei-me em uma poltrona perto do sofá. Estava em silêncio, esperando ela começar. Varias possibilidades corriam pela minha cabeça, embora todas ruins.
— Então... —, começou, apertando seu vestido verde claro com sua mão direita. Parecia pressionada. Repetidamente, abriu a boca, mas não saiu nada. Finalmente, — Eu vou fazer um chá. Você quer?
Honestamente, eu nunca gostei muito de chá. Sempre fui mais fã de café, e Geno me fazia quando eu pedia ou ele queria, já que ele também gostava.
— Não, obrigado.
Ela sai da sala, indo para um cômodo que imagino ser a cozinha.
Fico aguardando na sala, esperando para ela voltar. Enquanto isto, fico observando ao redor, e pensando no que Tori falará.
Será que ela quer voltar a ser minha amiga? Será que ela nunca mais quer me ver? Será que ela ainda me ama? Será que...
Um toque da campainha me desperta dos meus pensamentos.
— R-Reaper, abre a porta! —, Tori gritou da cozinha. Ouço algumas coisas caírem no chão, vindo de lá. Ela arruma um jeito.
Levanto-me da poltrona. Pelo que me lembro, Tori vivia sozinha e não recebia visitas de ninguém — além de mim, e estou minimamente curioso para saber quem é.
Vou em direção à porta, e a abro.
— Tori, sua porta estava aberta. Não que seja muito importante, ou... —, se interrompeu, logo ao abrir seus olhos e me ver.
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Quem será que está na porta da Tori? Hehe, vocês verão na próxima sexta! Podem começar suas teorias...
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Eu te odeio, eu te amo
FanfictionApós a deusa da vida Toriel ser revivida, Reaper, que há 2 anos estava em um relacionamento com Geno!Sans, voltou para a sua primeira amada, deixando seu ex inconformado, e, principalmente sozinho. Deixar alguém após tanto tempo, e, repentinamente...