Eu te odeio, eu te amo

Colar

— mano

— fala aí error
— dboa

— é, meio que sim
— mas e vc?

— pq meio q sim?

— to perdendo minha sanidade

— explica porra

— é difícil de explicar
— e mano eu sla

— oq q houve

— ent
— pode áudio?

— claro

Error mandou um áudio.

— QUEEEEEEEEE?
— n sabia q era primeiro de abril

— TO FALANDO SÉRIO.

— só acredito vendo

— ah vai tomar no cu

— kkskskskskaks desculpa
— cara
— oq vc quer q eu faça

— me aconselha

— vc fugiu dps né?
— e foi acidental?

— sim
— não
— foi totalmente ele
— vou destruir ele

— calma
— fala pra ele oq vc acha disso

— e se ele n corresponder

— aí vc toma no cu
— e eu te zoaria pra sempre
— mas isso n vai acontecer
— confia

— se n dar certo eu te destruo

— ok

Pelo menos, não tive que mentir dizendo que estava bem. Tipo, eu deveria estar bem, mas tem algo faltando. Não tenho certeza do que é, então vamos apenas continuar.

E também, meu mano está crescendo rápido demais. Não sei bem se isso é bom ou ruim. Eu devia visitá-lo e ver o Fresh, algum dia.

Por algum motivo, a imagem de Reaper viera repentinamente a minha cabeça. Já estava distorcida pelo motivo de não nos vermos mais recentemente. Pergunto-me se ele ainda me ama, se sente minha falta, se pergunta sobre mim à Tori, ou coisas estupidamente carinhosas assim.

Mas isso é parte das coisas que nunca saberei se não perguntar. Eu pergunto, algum dia.

[...]

— O que achou? —, ela perguntou, com seu lindo rosto visivelmente ansioso para saber minha resposta, com suas mãos em seus peitos.

Mas era um colar maravilhosamente belo. Era tão difícil de colocar em palavras o quanto o colar brilhava no ambiente familiar da casa de Tori, parecendo roubar todo a luz ao redor para si.

A pedra do colar era perfeita como um diamante branco e brilhante como ouro. Mas não era nenhuma destas pedras, por incrível que pareça. Não sabia qual era o nome, mas a gema tinha misturas de vermelho brilhante e verde profundo.

Ainda não entendo o por quê dela ter feito isto, mas, estou feliz por... Simplesmente, por alguém — além de um parente — ter pensando um pouco em mim.

— Tori... —, começo, com meus olhos ainda hipnotizados no colar. — Eu simplesmente amei! Valeu, sério.—, foco seus olhos vermelhos, agora mais arregalados.

— Fico muito feliz que tenha gostado! —, deu um grande sorriso, mostrando seus dentes avantajados por ser um monstro cabra. — E tem uma coisa a mais! —, seus olhos se estreitaram minimamente.

Sabia que tinha algo a mais. Eu não respondo nada, apenas assenti para ela continuar.

— Esse colar... —, ela apontou para a gema. — Eu encantei essa pedra com a minha magia. É meio difícil de explicar, mas... —, começou a gesticular coisas aleatórias com as mãos. — Ele te faz meio que, tipo... —, suspirou, e aquietou suas mãos batendo no vestido verde. —, quando você vai em um lugar fora da tela de save em um universo alternativo que dá para morrer, você morre, pois seu HP abaixa para zero, certo? —, eu aceno positivamente. —, Mas, em universos alternativos imortais, como ReaperTale, você não morre. Então, esse colar te mantém como meio morto, até em universos alternativos que você morreria sem o colar! —, ela concluiu, batendo suas duas mãos perto de sua boca.

Essa foi a melhor coisa que inventaram depois do Ketchup, tenho certeza absoluta disto.

Eu mal abro minha boca para agradecê-la, acho que meu sorriso bobo de orelha a orelha já fora o bastante para dizer que eu simplesmente adorei e que vou usar toda hora.

Na verdade, por que eu tinha que continuar como meio morto? O único motivo de continuar assim era Reaper e Papyrus — e adivinhe: o primeiro me deixou, e o segundo está morto numa linha do tempo encerrada. Mas eu não me importo com esse fato, estou feliz como estou. Apesar de ser meio mentira, mas coisas assim eu relevo.

Na verdade, agora entendo o fato de Reaper ter me trocado pela Tori. Ela é simplesmente tão genial, pensa nas pessoas e sempre quer agradar ao próximo. Ela é simplesmente o meu contrário em vários aspectos, o que é bom para ela. Eu me trocaria pela Tori, se eu pudesse.

Mas como não posso e nem poderei, vou continuar vivendo nesta rotina chata que chamo de vida, sempre pensando sobre alguém e apenas me distraindo com coisas fúteis enquanto fantasio qualquer coisa sobre a felicidade que tinha com alguém.

— Tori, você é a melhor! —, abraço-a de maneira precipitada para expressar minha felicidade, com o colar ainda em  minhas mãos.

Será que dá para usar um colar em cima do cachecol? Nunca tentei, mas me pareceu uma ótima ideia agora...

[...]

Deixo o colar na escrivaninha, em cima dos papéis que havia escrito noite passada. Algum dia tomo coragem para jogá-las no lixo, ou só guardá-las, e no futuro apenas eu e Reaper acharmos numa gaveta e apenas ficarmos rindo de quanto idiota nós dois éramos e ainda somos.

Talvez seria agora a hora de dormir e me entregar ao sono. Mas eu realmente não quero. Eu sei também não sabia o que faria agora, mas eu quero agitar um pouco minha vida. Me deito na cama — que ainda estava bagunçada e

Espera, eu posso ir para qualquer universo alternativo sem morrer agora, tipo, qualquer um! Desde que eu esteja com o colar de Tori.

Rapidamente pego meu celular do bolso, colocando a fatídica senha para desbloqueá-lo. Entro no Google, esperando a internet carregar. Pesquiso "shows", com o intuito de... Ah, sei lá, só quero dar uma variada! Vejo o primeiro show, que era o mais recente: "Rock in Rio".

Mal terminei de ler, mas, caralho, eu vou, independente da porra das condições e de tudo. Só de tocar um rock pesado, será ótimo. Talvez eu deva chamar o Fell, já que ele também curte a mesma musica que eu.

Clico no anúncio para ver quando e onde será. Dancetale, às19:00 e amanhã. PORRA, eu com certeza vou.

Vamos mudar essa rotina.