four. i don't know

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QUATRO ANOS DEPOIS.

Por vezes, Margo ainda impressionava-se com a forma como o tempo pode passar diante de nossos olhos sem que notemos a sua velocidade. E mesmo com uma Terra em colapso, quatro anos passaram como um raio no céu.

E ainda assim, havia dado tempo suficiente para que sua vida mudasse completamente.

Naquela manhã, havia acordado sozinha. Não foi uma surpresa. Nas quartas-feiras, Kevin sempre deixava o apartamento mais cedo para trabalhar. Quando o conhecera, há alguns meses, não achou que o primeiro encontro a levaria até ali, no apartamento dele, que parecia-se mais com uma grande mansão. Queria dizer, relacionamentos foram fadados ao fracasso após o trauma do estalo, mas Kevin e Margo acabaram gostando da presença um do outro, e talvez a relação amorosa fosse apenas uma desculpa para justificar o tempo excessivo que passavam juntos.

Não era amor. Mas custaria para que Margo realmente admitisse isso. Kevin era incrível, sem dúvida alguma, mas não o suficiente.

Afinal, Kevin nunca seria ele.

Depois de comer, Margo arrumou a cama bagunçada e saiu do apartamento, cumprimentando o porteiro desanimado ao sair pela portaria completamente vazia. A cidade havia assumido um tom cinzento que parecia intensificar-se dia após dia, mas a morena já havia se acostumado. Não tinha outra escolha senão acostumar-se, na verdade.

O caminho até sua casa — a casa onde morava com Tony, Pepper e, é claro, Morgan — era longo, mas agradável. Gostava da parte do mundo que parecia não ter mudado, onde poucas pessoas iam. A grama era mais verde e as árvores eram mais altas, e não havia ninguém que pudesse ou quisesse estragar aquilo.

— Eu já estava ficando preocupado. — Tony disse ao ver a morena sair do carro e se aproximar da casa. — Sabe que a única coisa que eu sempre te peço quando sai é que você mande notícias.

— Me desculpe. Eu estava com o Kevin.

— Imaginei. Como ele está? — Apesar de já conhecer o namorado de Margo, era quase nítido o desconforto de Tony quando o assunto era Kevin.

— Bem. — Ela entrou na casa, acompanhada do Stark mais velho. Olhou para o relógio. Quase oito e quarenta da manhã. — Onde Morgan está?

— Dormindo. Passamos a madrugada assistindo Velozes e Furiosos.

— É isso que você deixa ela assistir?! Achei que estivesse na fase dos pôneis, ou algo assim.

— Estava, mas acho que carros são mais interessantes. — Tony deu de ombros. — Ei, acha que pode cuidar dela pela tarde? Eu estava planejando aproveitar que Pepps estará em casa para sair, ou algo assim. Se não tiver algum compromisso, é claro.

— Não, não tem problema algum. Kevin precisa terminar alguns relatórios no trabalho, então... É, deixe Morgan comigo.

— Você é um anjo, obrigado. — Ele suspirou, depositando um beijo na testa da morena, que forçou um sorriso. — Há algo que queira me contar?

Margo pensou por alguns segundos. Na verdade, sim. Me incomoda ver você seguindo com a sua vida enquanto eu mal consegui me adaptar à essa nova realidade após o estalo, e me incomoda estar com um homem que não amo e agir como se o amasse. Me incomoda que eu não consiga aceitar que acabou, e que há quatro anos atrás, Thanos fez metade do universo virar pó, o que resultou não apenas no mundo em que vivemos hoje, mas na perda de Steve e de todas as pessoas que formavam a nossa família, e poderiam estar ao nosso lado agora.

— Não, só estou cansada. — Ela balançou a cabeça. — Não se preocupe, Tony.

— Certo, então eu vou indo. Preciso resolver algumas coisas para hoje.

alessio ── endgameOnde histórias criam vida. Descubra agora