ten, khalil

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Tony Stark não demorou muito para chegar mas, quando chegou, não economizou ninguém com suas inúmeras perguntas. Especialmente Kieran e Margo.

─ Como você descobriu onde ela estava? ─ Foi sua primeira pergunta, para o moreno que ainda estava desconfortávelmente sentado no sofá, um tanto intimidado pelo olhar de Steve Rogers.

─ Nossos... poderes. ─ Kieran murmurou, olhando a irmã de canto, que lhe indicou com a cabeça que estava tudo bem. Apesar disso, a irritação na expressão da morena era quase tangível, mas ele não saberia dizer exatamente com o que ela estava tão estressada. ─ Na verdade, a ligação de sangue é como uma ligação de alma, se formos colocar de uma forma simples. Como Margo nunca viveu de fato conosco, é quase impossível para a maioria.

─ E por que você conseguiu? ─ Steve ergueu uma sobrancelha.

─ Porque somos gêmeos?! ─ O Khalil exclamou, como se fosse óbvio demais para existir qualquer dúvida sobre. ─ Nossa conexão é mais forte.

Tony tentou não demonstrar fascinação com as palavras ditas pelo desconhecido, mas Margo sabia bem como sua mente estava diante de tantas informações novas. Quando ele a levou, juntamente de Kieran, para seu laboratório no andar de baixo e coletou amostras de sangue, seu olhar brilhou a cada novo dado que aparecia na tela de seu sistema.

E Steve permanecia ali. Parado e calado, como se apenas esperasse a sua deixa para atacar alguém que, de acordo com suas suspeitas, só estava ali para causar alguma tragédia.

─ Ele não está mentindo sobre serem irmãos. ─ Stark falou, finalmente, olhando diretamente para Rogers. Em seguida, virou-se novamente na direção de Kieran. ─ Você disse que alguém viria atrás de nós, por algo que ainda vamos fazer. Quem e por quê?

─ Se eu disser o motivo, não vai acontecer. ─ Khalil sorriu, como se a espera pelo futuro fosse algo que lhe animasse. ─ E, quanto a quem são... A nossa, digo, minha família. Especialmente nosso pai.

─ Impossível. ─ Steve falou, pela primeira vez em muito tempo. ─ Ele morreu ao viajar para a guerra. Eu o vi.

─ O seu amigo o matou antes que ele pudesse matar a você. É, eu sei. ─ Kieran suspirou. ─ Teria sido um favor, se não existisse um modo de fazê-lo voltar. Não dos mortos, é claro. Mas é para isso que existe o multiverso.

─ Então ele está vivo? ─ Margo arregalou os olhos. ─ E quer me matar?

─ Ele mataria qualquer um que cruzasse seu caminho, então não leve como uma ofensa, por favor. ─ Além disso, quando se pode ter um controle sobre o tempo, pessoas não morrem com tanta facilidade.

Margo se levantou, apesar dos fios conectados em sua pele para registrar seus batimentos e subiu escadas acima.

─ Eu falo com ela. ─ Steve soltou um suspiro, mas Kieran se levantou.

─ Deixa comigo. ─ O moreno sorriu, dando uns tapinhas no ombro de Rogers ao passar por ele. ─ Não me leve a mal, Capitão, mas pela cara que ela te olhou... Não seria uma boa ideia.

─ Relaxe, Rogers. ─ Tony murmurou, quando o Khalil se afastou. ─ Se ele tentar qualquer coisa, nós o pararemos antes que perceba.

Margo estava do lado de fora, tentando recuperar o ar limpo que havia perdido ao saber que seu pai estava vivo. Era demais. Coisa demais.

─ É incrível. ─ Ela soltou, ao notar a presença de Kieran. ─ Sempre que as coisas parecem começar a dar certo, algo acontece e coloca absolutamente tudo em risco. Há algo mais que eu deveria saber? Aliás, por que você está aqui, contando sobre tudo isso?

─ Os Khalil moram em um alojamento no sul da Itália. Não são muitas pessoas, na verdade. Eu, nosso pai, mãe, avô e alguns primos e tios. Nada comparado ao número que tínhamos antes do estalo. ─ Kieran umedeceu os lábios, como se tocar no assunto ainda o frustrasse. ─ A cada geração, um da família deve assumir o controle da fiscalização sobre o mundo. Checar se não existe nada que possa colocar em risco a linha natural da humanidade.

─ Como quando tentaram matar Steve, um supersoldado.

Ele assentiu.

─ Nosso pai é quem carrega o título atualmente, mas eu estou na linha de sucessão e devo assumir muito em breve. ─ Kieran soltou um longo suspiro. ─ Não que eu queira, e isso é considerado uma grande ofensa, ou qualquer coisa do tipo.

─ Por que você não quer?

─ Porque nós fomos criminosos durante toda a história, tentando incansávelmente deixar a linha do tempo da forma que bem entendêssemos. Esquecemos nossos reais motivos e agimos pelas nossas vontades. Matamos pessoas inocentes para que nossos ideiais permanecessem intactos. Eu achava ser o primeiro e único a notar isso, até me lembrar que você também pensa assim, por mais que nunca tenha derramado sangue em nosso nome.

─ Mas eu-

─ Querem te matar, pois sabem que você é poderosa o suficiente para matá-los antes. ─ Ele a interrompeu. ─ Os Khalil são treinados para usar apenas uma porcentagem de seus poderes e só. Mas você desenvolveu muito mais do que qualquer um de nós, ao longo de sua vida. E o fato de ter aprendido a controlar isso é ainda mais assustador para eles.

─ Eu não controlo. ─ Margo balançou a cabeça. ─ Apenas não os uso. Há cinco anos.

─ E é exatamente disso que estou falando. A maioria de nós se tornou tão dependente do que temos, que não conseguimos manter o poder dentro de nós e os usamos do momento que acordamos até o momento que nos deitamos novamente. Você, não. Você está no comando de seu poder, que poderia muito bem se tornar algo como uma outra pessoa no mesmo corpo, mantendo-a apenas como uma prisioneira de sua própria mente.

Margo lembrou-se do que havia acontecido cinco anos antes, quando Thanos acabou com metade da humanidade, e estremeceu.

De algum modo, considerado impossível por Kieran, ela havia conseguido se livrar daquilo.

─ Você, Margo, é destinada a acabar com a linhagem Khalil. ─ Ele completou, por fim.

─ Não vou matar ninguém, se é isso que quer que eu faça.

─ Não necessariamente você precisa matar, Margo. ─ Kieran sorriu, solidário. ─ Acabar com a honra de um nome vale muito mais do que o derramamento de sangue.

Margo suspirou. Ao virar-se, viu tanto Steve quanto Tony observando-os pela janela. Ambos estavam preocupados e ela sabia perfeitamente disso. Não era comum um desconhecido aparecer do nada, alegando ser seu irmão depois de anos e anos de vida.

Mas ela sabia que Kieran falava a verdade e também sentia que, se ele mentisse sobre qualquer coisa, ela saberia. Como ele mesmo dissera, havia umá ligação entre eles.

─ Eles só querem te proteger. ─ Kieran murmurou, vendo que ela ainda olhava os dois homens. ─ Queria eu ter alguém assim nesse momento.

─ Eu não preciso ser protegida. ─ Ela olhou o irmão mais uma vez. ─ Não preciso que ajam como se eu não fosse capaz de saber quando algo está errado.

Antes de continuar, ela respirou fundo.

─ Leve-me até nosso pai.

alessio ── endgameOnde histórias criam vida. Descubra agora