eleven, congratulations

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Margo sabia que uma família como aquela, tendo tanto poder em sua forma mais literal, não viveria de forma humilde. Mas não deixou de se surpreender quando, com um movimento breve das mãos, Kieran os fez reaparecer em frente à uma mansão que, sem dúvidas, havia sido construída em um século passado.

Foi naquele momento, que soube que mexer com alguém da linhagem Khalil realmente não era uma boa ideia. Pensou em recuar e desistir, mas não o fez. Kieran a procurara porque acreditava que era capaz de mudar aquela situação, e não pretendia decepcioná-lo. O que poderia ser considerado patético, aliás, se pensasse que nem mesmo sabia que tinha um irmão ─ gêmeo! ─ pela manhã.

E, sabendo que Steve lhe daria uma bronca das grandes quando voltasse, era melhor aproveitar a ida para fazer o que tinha para fazer de uma vez.

Precisou respirar fundo, quando entrou na casa acompanhada do irmão. Tinham alguns empregados cruzando o salão da entrada, que empalideceram ao vê-la.

Ótimo. Realmente era conhecida ali.

─ Não se preocupe. ─ Kieran esboçou um sorriso tranquilizador, vendo a tensão da irmã. ─ Independente do que faça, ninguém lhe encostaria um dedo sequer. Mudaria demais a linha do tempo. É contra as regras.

─ Quem faz as regras?

─ Nós.

Ergueu uma sobrancelha na direção dele, como se perguntasse se era sério, mas não disse mais nada. Se eles faziam as regras, pensava que não havia nada que pudesse impedí-los de modificá-las.

O acompanhou pelas escadas, e por uma série de corredores, até o último andar. Não deixou de pensar que aquele lugar parecia-se mais com um castelo a cada segundo, enquanto analisava atentamente cada quadro, porta e janela. E se perguntou se também era descendente de alguém da realeza. Não duvidava de mais nada.

Kieran a olhou mais uma vez, antes de abrir uma porta, que lhe deu entrada para um escritório luxuoso e espaçoso. Sentado à uma mesa, estava seu pai. O conhecia pela vez em que presenciara a sua morte, e ele parecia o mesmo. Jovem e bonito. Precisou lembrar que o tempo para ele não precisava passar ─ literalmente ─ para continuar daquela maneira. Ele a encarou, erguendo as sobrancelhas em pura surpresa, virando olhar para o outro filho depois.

Margo poderia jurar que sentiu todo o ódio e sentimento de traição do mundo, através daquele único olhar.

Joseph Carter Khalil se pôs de pé e, para a surpresa da morena, abriu um sorriso largo e caloroso. Nada parecido com o olhar mortal lançado para Kieran no segundo anterior.

─ Céus, Margo... É você?! ─ Ele deu a volta na mesa, para se aproximar da filha. Margo recuou, na mesma medida em que ele o fez. ─ Achei que nunca a veria novamente.

Ele mentia descaradamente bem. Se não soubesse que seu pai fez questão de vigiá-la durante toda a sua vida, acreditaria em suas palavras. Sabia que não era o caso.

─ Poupe-me de sua conversa. Não venho para um reencontro, e muito menos para me juntar à vocês. ─ Cruzou os braços, umedecendo os lábios antes de continuar. ─ Estou aqui para lhe dar um aviso, pai.

A expressão do mais velho se tornou dura outra vez, como se saber que sua máscara não funcionaria com Margo lhe irritasse mais do que qualquer outra coisa. Olhou outra vez para Kieran, e foi ali que ela soube que as chances do irmão sobreviver caso ficasse naquela casa eram mínimas. Ele estava arriscando a própria vida, para ajudá-la. O puxou para perto, com o pensamento.

Joseph a encarou outra vez.

─ Diga, Vingadora.

Ela precisou engolir em seco, contendo a vontade de dizer que os Vingadores não existiam mais, e ele não tinha o direito de chamá-la daquela forma como se fosse algo ruim. Mas não o fez. Porque não era relevante para aquele momento.

─ Quero que saia do meu caminho. Do caminho de Steve, de Tony, e de todos nós. Sei que pretendem fazer algo porque uma chance de consertar o que Thanos fez irá aparecer e, mesmo que eu não saiba ainda o que é, não a deixarei passar. ─ Rosnou, inclinando o queixo para cima levemente. ─ Nenhum de nós, quem você chama de Vingadores, irá deixar passar. Por isso, não me importa quem seja, não deve perder o seu tempo tentando nos deter.

Kieran a olhava como se não acreditasse no que tinha acabado de ouvir. E não era para menos. Ninguém desafiava Joseph daquela forma. E tinha quase certeza de que Margo era a primeira, e continuaria sendo até que seu pai morresse de forma definitiva.

Mas se aliviou um pouco quando percebeu que ele parecia tão sem reação quanto estava.

O irmão prendeu a respiração, quando o pai abriu a boca para finalmente responder.

─ É uma pena que aqueles humanos com complexo de Deus tenham lhe cegado de tal forma, pois seria uma Khalil incrível. Uma líder natural tão boa quanto Kieran jamais conseguirá se forçar a ser. ─ Joseph encarou o filho, que se limitou a abaixar a cabeça.

─ Não sou eu a cega desse lugar.

─ Sim, é. Para deixar que soldados aprimorados e monstros verdes gigantes sejam os responsáveis pela proteção do mundo?! É preciso ser burra. E, no final, não adiantou de nada, pois perderam mesmo assim. ─ O mais velho balançou a mão no ar, desfazendo-se dos dois filhos, e voltando para sua mesa. ─ E nada deve mudar o fracasso de vocês. O aceitem, e nos daremos bem.

─ É uma burrice ainda maior, da sua parte, pensar que permitiriamos que o mundo se perdesse para sempre. ─ Rebateu, fazendo a menção de avançar no pai. Kieran a segurou pelo braço, a impedindo. O que, bom, era o certo a se fazer. Ninguém queria que as coisas ficassem realmente feias. ─ Tenho mais poder que qualquer um aqui. Perderia antes mesmo de tentar.

─ Veremos. ─ Joseph ergueu uma sobrancelha em desafio. ─ Saia da minha casa, Margo. Agora.

─ Com prazer. Meu aviso foi dado. ─ Arrumou o cabelo para trás, sem desviar o olhar dele, antes de puxar o irmão para saírem dali.

─ Oh, quase me esqueci! ─ Ele tornou a falar, o que fez com que ela se virasse novamente para olhá-lo. ─ Parabéns pelo bebê.

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⏰ Última atualização: Jan 02, 2020 ⏰

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