six. are you okay?

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Muita coisa com Tony havia mudado desde que voltaram de Titã, após o estalo. O impacto ao perder a batalha contra Thanos e ver Peter Parker desaparecendo era mais do que ele poderia aguentar em paz, e Margo sabia muito bem disso. Ainda assim, ela não esperava que fosse sentir tanta distância sendo criada entre ela e Stark. Continuavam conversando sobre tudo ─ ou quase tudo, no caso de Alessio ─ mas, por mais que pudesse ser apenas impressão dela, não havia a mesma amizade de antes. Não havia a mesma sintonia.

E aquilo lhe machucava profundamente.

Após seu retorno para a Terra e o breve relacionamento que foi construído entre ela e Steve, antes de separarem-se outra vez, Stark não fez questão alguma de esconder que não gostava do casal nem um pouco. Sabia que a mágoa de Tony ia muito além do conflito entre os Vingadores, mas em toda a confiança que ele depositara em Steve, em um momento onde o Capitão América não poderia estar presente.

Foi uma fase em que Margo e Tony se afastaram, e ela tinha a sensação de que nunca tornaram a se aproximar novamente.

─ Sabe minha opinião sobre o Rogers. ─  Ele disse, certa vez. Neste ponto, já haviam descoberto a gravidez de Pepper há certa de um mês e meio. ─ Não me importo que traga-o aqui, vá morar com ele ou qualquer coisa do tipo, Margo. A vida é sua, e eu não posso fazer nada.

Mas, no fundo, Margo sabia que ele se importava sim, e muito.

Ela odiava notar como parecia perder algo importante, sempre que tinha a impressão de ganhar outra.

De qualquer modo, as coisas com Steve não duraram por muito tempo. Morgan nasceu, Margo conheceu Kevin e finalmente tinha outras coisas em sua mente na maior parte do tempo. Não em cem por cento, mas em boa parte.

De qualquer forma, daquela vez parecia estar dando tudo certo. Morgan estava prestes a completar cinco anos, Tony parecia estar cada vez mais próximo do mundo novamente e, apesar de tudo, ela não poderia estar se sentindo melhor.

─ Tony vai organizar uma festa surpresa para Morgan. ─ Ela soltou, em um sábado, quando Steve havia a chamado para ver a cama nova que havia comprado para seu apartamento. Uma de casal, dessa vez. Margo ainda não havia se mudado para lá, e nem mesmo sabia quando isso aconteceria, tendo em vista que não fazia a menor ideia de como contaria para Tony que já estava novamente com Rogers há quase um ano inteiro. Mas, de qualquer modo, ambos já passavam a maior parte do tempo juntos, então não faria diferença alguma. ─ Nada grande, na verdade. Só ele, Pepper, eu e... Você, se quiser ir.

─ Não acho que Tony vai gostar de me ver logo no aniversário de Morgan. ─ Steve balançou a cabeça e, ao ver a decepção formando-se no rosto de Margo, beijou a sua testa. ─ Sabe que eu amo a Morgan, assim como também amo você. Mas não quero que uma confusão seja criada.

─ Já fazem quase cinco anos desde que tudo aconteceu, Steve. Tony seria um idiota, se ainda guardasse tantas mágoas por sua causa. ─ Ela protestou, e logo percebeu que havia escolhido mal as palavras, expressando-se da forma errada. A morena se apressou em se corrigir. ─ Por motivos que não foram sua culpa, é claro.

─ É claro que eu tenho culpa sobre o que aconteceu.

─ Steve Rogers, espero que saiba que é impossível tentar me vencer nesse tipo de discussão, e você só estará perdendo o seu precioso tempo. ─ Ela ergueu uma sobrancelha, quase como em um aviso. Apesar do tom de brincadeira presente em sua voz, também era notável que a sua opinião sobre o assunto era, realmente, a contrária de Steve. Só poderia ser. Todos erraram naquela história, e ficar remoendo o passado não os levaria para lugar algum.

Steve suspirou, mas não a contrariou. Sabia que, de fato, tentar não os levaria para lugar algum. Vendo a frustração do loiro, Margo beijou sua testa e mostrou um sorriso tranquilizante.

─ Vamos para a festa, certo? Eu prometo que Tony não fará nada. ─ Ela assegurou. ─ Ele pode falar alguma besteira, como sempre, mas não fará nada.

Na manhã seguinte, quando Margo arrumava-se para voltar para à pequena casa isolada de Tony ─ havia prometido que passaria o final de semana com Morgan, para que ele pudesse descansar com Pepper ─, Margo passou mal. Nem mesmo teve tempo de terminar seu café, apesar de já estar com a impressão de ter o corpo febril, e precisou correr para o banheiro para colocar tudo o que mal havia colocado na boca para fora. Sua visão estava turva, e ela teve a sensação de que sua pressão havia abaixado para o fundo do poço.

A comida do restaurante onde haviam jantado na noite anterior não parecia ter lhe feito bem, afinal.

Steve observou a morena de longe, silencioso. Apenas abriu a boca quando Margo voltou para a sala, após tomar um banho, já pronta para ir embora.

─ Você está bem?

─ Agora, sim. ─ Ela assentiu com a cabeça, sem realmente olhar para o loiro.

─ Sabe o motivo para estar assim?

─ Foi só a comida de ontem, Steve, não há com o que se preocupar. ─ Margo deu de ombros, procurando por suas chaves do carro, que pareciam ter sumido especialmente para aquele momento.

─ Estão na bancada da cozinha, Margo. ─ Margo suspirou, aliviada, ao ver as chaves no local onde Rogers lhe informara. Quando ela pegou as chaves e se aproximou do loiro para despedir-se dele, Steve desviou-se e a encarou. ─ Não foi a comida do restaurante, Margo. Você já passou mal duas vezes na última semana, durante a madrugada. Não ache que eu não sei disso.

─ E o que espera que eu faça quanto à isso? Deve ser uma intoxicação e só. Não precisa se preocupar tanto.

─ Já pensou na possibilidade de ir ao médico? ─ Ele ergueu uma sobrancelha, sabendo que ela não teria qualquer argumento diante daquilo. Sem obter qualquer resposta, ele insistiu. ─ Margo, sequer passou pela sua cabeça a possibilidade de estar grávida?

A expressão que se formou no rosto da morena quase fez Steve se arrepender de ter dito aquilo, mas não se arrependeu. Sabia perfeitamente da vontade que Margo cultivava por toda a sua vida o sonho de poder ser mãe, embora, de acordo com a medicina, fosse incapaz de dar a luz à uma criança. Sabia que ela já sofrera com isso, especialmente após toda a confusão após o estalo de Thanos, onde ela acabou levando a si mesma e à Tony para uma realidade alternativa. Todos os dias, ele acabava lembrando de todas as coisas que Bruce Banner lhe dissera, e sobre como Margo deveria querer aquela vida, ao invés da que tinha ali, por mais que a mesma dissesse o contrário.

Mas, talvez, a medicina pudesse estar errada. Afinal, há décadas atrás, poderia ser considerado impossível que um humano como ele pudesse se tornar alguém como o Capitão América.

E apesar de ser ele a dizer aquilo para ela, nem mesmo saberia reagir caso realmente fosse o caso. Apesar de toda a intimidade com Margo, e de toda a confiança de que construir algo do tipo com ela era o que ele queria, ainda era difícil pensar em criar uma criança no mundo em que viviam após o maldito estalo.

É, a expressão e a reação dela diante daquilo o machucou muito mais do que um não.

─ Steve, eu sei que você também adoraria isso, mas não crie expectativas sobre algo que não vai acontecer. ─ Ela balançou a cabeça, caminhando calmamente até a porta, sem nem mesmo se despedir devidamente dele. Levando em conta o detalhe de que só se veriam em alguns dias, ele esperava algo mais. ─ Sinto muito. Mas eu vou ao médico, não se preocupe.

Então Margo foi embora. Deixou algumas lágrimas caírem no carro, durante o caminho para casa. Mesmo quando Tony lhe ligou, ela não fez questão de esconder quando fungou.

─ O que aconteceu? ─ O Stark lhe perguntou. ─ Já está chegando em casa?

─ Estou chegando. ─ Ela assentiu, ignorando a primeira pergunta.

─ Aconteceu algo entre você e Kevin?

─ É, é. Nós terminamos. ─ Ela mentiu. ─ Não se preocupe, Tony, eu já estou chegando.


juro que a timeline de endgame já tá chegando djsjdksk planejar essa fase do livro tá sendo a coisa mais difícil do mundo, já que terão alguns personagens novos :)

alessio ── endgameOnde histórias criam vida. Descubra agora