eight. kieran

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a/n. eu juro que vocês vão entender a confusão do início desse capítulo no final sjskfks

Kieran tinha um andar majestoso e olhar despreocupado, todos viam isso. A casa movimentada e barulhenta não parecia ter o poder de tirar isso dele.

─ Kieran, pelo amor de Deus! ─ Seu pai rosnou, observando o filho beber calmamente uma dose de whiskey na cozinha. Veronica, a cozinheira, corria de um lado para o outro, tentando terminar a comida antes do meio-dia, para que não precisasse ouvir mais uma bronca de seu patrão, como acontecera quando demorara cinco minutos a mais na hora de preparar a mesa. ─ Você não ouviu o que eu disse mais cedo?

─ Sobre o cara no uniforme ter saído do reino quântico?! É, eu ouvi sim. ─ O moreno assentiu, enchendo sua taça até a metade pela quinta vez. A voz alta de Carter não o incomodou. Nunca incomodara, na verdade. E na situação patética em que se encontravam naquele momento, incomodava-o muito menos.

Algo que Kieran jamais entenderia por parte de sua família era o pensamento ridículo de que o tempo poderia resolver todos os seus problemas. Literalmente. Achavam-se os imortais, graças ao que podiam fazer. Achavam-se únicos, como se não existissem outras pessoas com habilidades tão impressionantes quanto as deles.

Ah, como Kieran odiava fazer parte daquela família. Se é que aquilo poderia ser considerada uma família.

─ Você é o próximo líder dessa família, garoto, e não parece dar a mínima para isso. ─ Carter arrancou a bebida das mãos do filho, forçando a olhá-lo.

─ É porque eu não dou. ─ O moreno jogou os cabelos para trás em um ato frustrado. ─ Essa coisa de liderança é uma piada, pai, e o senhor sabe bem disso. Não importa quem esteja no comando, meu avô sempre continuará dando todas as ordens e controlando a vida de todos.

─ Afinal, ele é o mais sábio.

─ Aproveitador, eu diria. Trapaceador também, caso prefira. ─ Kieran soltou uma risada anasalada e desanimada. ─ Ah, pai, eu tenho uma lista infinita de adjetivos que caracterizariam ao velho. Nenhum deles é agradável, infelizmente.

─ Mais respeito com ele, garoto. ─ Carter repreendeu ao filho, embora compreendesse a linha de raciocínio do mesmo. Charles não poderia ser considerado uma pessoa fácil, nem mesmo de longe, e ele sabia muito bem disso. Ainda assim, de todos os babacas daquela família, ele era o que mais tinha vivido, e não de uma forma apenas figurada ou natural. Se Carter parasse para analisar toda a situação, seu pai era velho demais até mesmo para ser o seu pai. ─ Preste atenção. Aqueles ignorantes pretenderão acabar com a linha do tempo pela qual prezamos tanto, e não podemos deixar que aconteça.

─ Metade dos seres vivos desapareceram, e vocês não fizeram nada. Por que querem tomar alguma atitude agora que alguém quer consertar isso?

─ Porque agora nós temos a chance de fazer o nosso trabalho! ─ Carter exclamou, como se devesse soar óbvio. ─ Vamos acabar com qualquer um que possa tornar a viagem deles real, e suponho que saiba por onde começar.

Kieran arregalou os olhos. Não. Carter não poderia estar falando de quem ele pensava que seu pai estava falando.

─ É o que fazemos desde sempre, Kieran. Não adianta fugir agora só porque estaremos lidando com alguns humanos fantasiados. ─ Carter insistiu. ─ É o negócio da família. Mantemos a linha do tempo natural, tiramos do caminho qualquer coisa que possa alterá-la. Nós sabemos fazer isso da forma certa, mas eles não. É por isso que eu não me importo se ela estará no meio, pois ela também se torna um de nossos alvos a partir do momento em que pretende destruir o que lutamos para manter de pé.

─ Carter, eu não-

─ Eu falhei uma vez, garoto, por causa de um daqueles babacas que andam com ela. Não vou falhar novamente. ─ O mais velho o interrompeu, devolvendo-lhe sua bebida. Era o sinal de que aquela conversa havia chegado ao fim, e Kieran deveria obedecê-lo. ─ Faça a sua parte, ou você também entrará para a lista.

Carter saiu da cozinha, deixando para trás o filho e a cozinheira atônitos.

Kieran suspirou. Sabia que, por mais que ignorasse a maioria das coisas que seu pai lhe dizia, não poderia fazer o mesmo quando tratava-se de uma missão. Ou, pelo menos, não diante de seus olhos.

Kieran levantou-se e foi até o seu quarto. Trocou a roupa, deixando de lado o usual visual de moletom e vestindo uma calça jeans, assim como uma camiseta e uma jaqueta surrada. Sentiu-se estranho. Aquela era, provavelmente, a primeira vez em toda a sua vida que iria para uma missão sem seu uniforme e suas armas.

Mas, de qualquer modo, aquela não seria qualquer missão.

Kieran não precisou pensar. Já havia tempos desde que chegara ao limite diante de sua família. Não por serem ignorantes e imorais, mas por tudo o que causaram ao mundo durante anos, quando pensavam protegê-lo.

A HIDRA era um destes exemplos. Não que  ele fosse inocente de todos os erros cometidos por sua família, afinal, ele também estivera lá. Mas era a hora de mudar. Ele perdera muito, especialmente após o estalo do titã louco. Perdera muito mais do que ele tivera que sacrificar, e aquilo foi demais para que continuasse cego pelos princípios que lhe imporam desde a sua infância.

Era hora de agir do modo certo, finalmente.

Ele fechou os olhos e se concentrou, tentando encontrá-la. Difícil. Apesar de tudo, a ligação que havia entre ambos já era fraca, quase inexistente. Quase. Conseguiu sentir a presença da mesma em uma casa no meio do nada. Haviam outras pessoas ao redor. Duas. Um homem e uma criança.

Quando Kieran respirou fundo pela quinta vez, sentiu seu corpo tornar-se mais leve. Já estava acostumado com a sensação, mas havia um frio na barriga diferente daquela vez.

Quando seus pés tocaram um chão novamente, ele estava de frente para a casa que visualizara. Era um lugar pacífico onde, certamente, tornava-se possível esquecer que a população universal estava pela metade.

Com passos hesitantes, Kieran aproximou-se da porta e tocou a campainha. Demoraram alguns minutos para que ela, logo ela, abrisse a porta. Tinha um olhar desconfiado, como se a presença de outras pessoas ali fosse extremamente incomum. E talvez realmente fosse.

Logo atrás dela, havia um homem. Alguém que Kieran identificara em questão de segundos. Steve Rogers, o Capitão América. Kieran sabia que, se dependesse de seu pai, deveria ter ódio daquele homem. Mas não tinha. Uma parte que ele preferia esconder até mesmo diria que era grato.

─ Quem é você? ─ Ela lhe perguntou, diante do silêncio. Kieran a encarou. Ela era bela, extremamente parecida com a mãe. Os traços delicados não a faziam parecer menos mulher, menos destemida. O moreno nem mesmo precisava conversar demais para saber o quão forte ela era. E isso não se devia apenas ao fato de já ter ouvido muito sobre sua capacidade. Pela falta de resposta, ela insistiu em sua pergunta, e Kieran notou que Steve Rogers se colocou mais à frente, em uma posição quase protetora, afastando uma pequena garotinha que estava agarrada em sua perna. ─ Quem é você?

─ Eu sou Kieran, Margo. ─ Ele respirou fundo. Não havia jeito fácil ou delicado de dizer aquilo. ─ Kieran Khalil, filho de Joseph Carter Khalil. Eu sou seu irmão.









 Eu sou seu irmão

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a/n. eu não tinha colocado o kieran ou qualquer pessoa da família biológica da margo no cast da introdução para não servir como spoiler, mas tá aí um gif que eu achei no tumblr, e é exatamente assim que vejo ele. é isso, espero que tenham gostado.

alessio ── endgameOnde histórias criam vida. Descubra agora