Um amor para Levi Ross

Capítulo II

"Acaricio seus longos cabelos negros como as asas de um corvo, ele é lindo, seus ombros largos, corpo definido e olhos tão escuros como o cabelo, perfeito.

— Está acordada a muito tempo? — Ele me aperta em seus braços de um jeito afetuoso.

— Um pouco, estava pensando sobre os murmúrios que estão rolando por..."

— Aly! Aly!!!

Acordo assustada com Loli me chacoalhando feito uma louca.

— Pare com isso, estava sonhando com uma pedaço de mau caminho sua vaca. — Me mexo, meu corpo protestando — aiii, dormi no sofá de novo, não foi?...

— Dormiu e esqueceu também que hoje é sua audiência, pelo jeito. — Loli põe as mãos na cintura em gesto de reprimenda. — Você tem que ser um pouco mais responsável amiga, audiência é coisa séria. Não pode simplesmente chegar lá atrasada, está lidando com a lei.

Dou um pulo do sofá, arregalando os olhos quando olho para a data no meu celular.

— Droga, esqueci completamente dessa merda. — Bato a mão na testa, pensando na roubada que entraria se perdesse.

— Eu vou com você. Prometa que irá se comportar Aly, não é com qualquer pessoa que você vai conversar, é um juiz e se você desrespeitar será presa.

Loli estava preocupada com meu comportamento, fixo meu olhar em algum ponto da parede, ela tem toda razão em estar aflita, mas não sou louca de agredir verbalmente uma autoridade, não sem motivos, eu acho...

— Só responderei o que ela me perguntar, ok? Não revirarei os olhos, nem olharei feio para o idiota do meu ex-chefe. Ficarei calada, quieta e serei humilde, tá bom para você? — suspiro com dor no corpo todo — mas primeiro vou tomar um banho e engolir umas pílulas para dor, nem para me acordar né? Bela amiga eu tenho... — reviro os olhos.

— Não venha com drama, se não fosse por mim você ainda estaria dormindo toda torta no sofá. — Ela me olha com cara de deboche — E sou a única amiga que você tem, florzinha.

Loli dá risada pelo meu pequeno drama, pega o prato com metade do meu sanduíche que deixei no chão e vai para a cozinha. Corro para meu quarto e reviro a bagunça do meu guarda-roupa, tenho que parar de ser desleixada. Encontro meu conjunto social de saia e blazer preto, tomo uma chuveirada e engulo dias pílulas para dores no corpo. Saio do banheiro apressada, me visto em tempo recorde, sempre olhando para o relógio. Faço uma maquiagem básica e passo um pouco de perfume.

— Nem sei porque estou me arrumando para me encontrar com aquele verme...

Na verdade não tenho motivo para ter tanta raiva dele, mas quando não vou com a cara da pessoa podem pintar ela de ouro e cobrir de diamantes que para mim será como se ela estivesse vestida de saco de estopa, insignificante e horrorosa.

Falando em roupas, me lembro do sonho que tive, parecia tão real. O cara que eu estava no sonho era muito lindo, sexy, e aqueles olhos... da onde eu tirei esse cara? Tenho certeza que se eu tivesse visto ele em algum lugar eu me lembraria, tinha um rosto inesquecível. Nunca foi de me interessar assim por um homem, mas aquele rosto me trouxe uma espécie de nostalgia que doeu meu coração e ao mesmo tempo me enxeu com a sensação de amor, carinho e paixão. Três coisas que nunca senti por alguém, mas consegui definir ao olhá-lo.

Essa minha imaginação me põe em cada roubada, fiquei até excitada com o sonho, e nem estávamos fazendo nada de mais. Só ficamos aconchegados, achei estranho as minhas falas, sonhos não deveriam ser tão complicados.

— Trinta minutos Aly, está quase atrasada — Loli grita do lado de fora do quarto.

Pego minha bolsa, sempre evito agir de um modo aparvalhado, mas tenho essa mania de ficar pensando em coisas sem importância e ficar devaneando sobre supostos sonhos quentes. As vezes me pego durante minutos pensado em uma só coisa, como se eu estivesse em transe. Outras vezes não me sinto como se fosse eu mesma, que nem da vez que não me lembrei de um dia inteiro, mas sei que comi brócolis e quando dei por mim vomitei tudo, isso porque odeio brócolis.