Capítulo V

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Sabe aquele momento das nossas vidas que pensamos estar sonhando? Que o que está acontecendo não pode ser real? Estou vivendo esse momento. Nunca me imaginaria sendo atacada.

— Não chegue perto de mim, seu nojento! — grito as palavras em nervosismo.

— Não entendo vocês, andam com umas roupas tentadoras, pedindo para serem tocadas — o cara morde o canto de sua boca e lambe os lábios, dá para ver a lascívia em seus olhos e me sinto enjoada — agora que conseguiu minha atenção, você não quer me dar? Vai dar sim sua puta.

O medo dá lugar a indignação, sério mesmo que existem pessoas que pensam assim? A mulher pede para ser violentada? Nosso modo de nos vestir passa essa impressão?

Queria bater nele, chutar suas bolas, mas sou menor. Sei também que não tenho forças perante um homem com quase o dobro do meu tamanho e peso. Viro e me preparo para correr, mas sinto suas mãos asquerosas em cima de mim, me apertando. Me debato tentando me livrar de suas garras, mas ele é muito forte.

Ele fede a urina, a ânsia que estou tentando conter está chegando cada vez mais forte, meu desespero cresce a cada segundo que tento me soltar e não consigo. O cara segura em meus cabelos e cola sua boca na minha, não consigo mais segurar, o vômito vem. Ele se afasta com brusquidão, sua boca e tórax ficam melados e seus olhos mostra toda a cólera pelo o ocorrido.

Ele levanta a mão para me dar um soco e não estou preparada para o impacto que causa em meu corpo. A dor é aguda e me faz desequilibrar, vou com tudo para trás, caindo no chão. Sinto minha cabeça bater em algum lugar, levo minha mão até ela. Está molhada, tento focar minha visão nela, mas ainda está embaçada. Não consigo impedir minhas lágrimas de caírem .

" É agora que morrerei? Não deveria passar um filme de toda a minha vida nesse momento? Mas também.... Do que me lembraria? Minhas lembranças não são tão boas para serem relembradas."

Pensei ter visto um vulto, olho para o cara drogado, ele está olhando assustado para algo atrás de mim, me viro devagar, minhas vistas estão doendo pelo esforço de tentar enxergar, mas o que vejo clareia minha mente e me deixa confusa e arrepiada.

Uma pessoa alta, toda de preto com um capuz cobrindo seu rosto. Não foi como estava vestido que me assustou, foram seus dentes. Duas presas brancas, do tamanho de uma agulha e com uma aparência de serem bem afiadas. Fecho meus olhos com o verdadeiro terror correndo sobre mim. É possível sentir mais medo do que antes?

Quando abro meus olhos novamente a pessoa já não estava mais lá, ouço um grito agudo e me viro para onde estava o monstro que me atacou.

Nesse momento não sei qual deles é realmente o verdadeiro monstro. Se é o drogado que tentou abusar de mim ou a coisa que nesse exato momento está com suas presas fincadas no pescoço do outro. Tremo e não consigo me mexer. Meu corpo paralizado pela cena diante de mim. Minha respiração fica falha quando o cara retira seus "dentes" do pescoço do drogado. Os gritos pararam alguns segundos atrás, o corpo é jogado de qualquer jeito no chão. Consigo recuperar meus  movimentos e tento me arrastar para trás, as presas desaparecerem, dando lugar a dentes perfeitos. Ele vem em minha direção e meu corpo começa a tremer igual vara verde.

— Por favor... por favor... não me machuque, eu juro que não conto para ninguém o que vi, por favor... — Sussurro as palavras em desespero.

Sei que nenhuma súplica no mundo irá me salvar caso ele queira fazer algo contra mim, mas não consigo me entregar sem ao menos tentar demovê-lo de sua intenção. Fecho os olhos novamente, não para evitar olhar para ele, mas para ver se acordava, porque isso só podia ser um pesadelo, era melhor sonhar com o Fred do que com isso.

Um amor para Levi RossOnde histórias criam vida. Descubra agora