Cap. 2

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Parei o carro em frente a uma lanchonete, descemos e nos sentamos um uma mesa pedindo algumas coisas para Beth, eu já havia comido. Beth segurava seu filho nos braços, ele estava adormecido, parecia uma boneca.

– E as garotas James? – Beth me olhou com um ar brincalhão.

– Estão como sempre. – Dei de ombros, Beth balançou a cabeça em negação.

– Ah! Você não aprende mesmo. – Disse jogando seu cabelo castanho para trás, eu só consegui observar como minha sobrinha havia conseguido ficar ainda mais linda.

– Ah! Não vem me dar lição de moral ok. – A olhei – Beth, você está com quantos anos?

– Nossa! Esqueceu-se até de minha idade. – Olhou para a garçonete que estava colocando o lanche na mesa e balançou a cabeça em agradecimento. – Tenho 19 anos, tiozinho.

– Uau, você está um mulherão. – Beth riu ficando com as bochechas levemente rosadas, do jeito em que me lembrava.

– E como está com 28 anos? Melhor do que nunca né, por que você também está um pedaço de mau caminho. – gargalhei.

– E seu senso de humor continua o mesmo.

– Que foi? Não estou mentindo. – falou agora seria.

– E Selena? – Mudei de assunto – Como está?

– Mamãe ficou com medo de me deixar vir pra onde você está, onde a má influência mora. – gargalhei.

– É a cara de Selena. Ela quase me matou quando descobriu que todos os dias eu deixava você assistir aqueles seriados proibido para menores. – Beth gargalhou... Aaah que saudade daquela risada. – Pra uma garota de sete anos, você bem que entendia a graça.

– Sempre fui muito esperta.

– É, me lembro muito bem que você ficava me espionando pela porta do quarto quando eu ia trocar de roupa ou estava com uma garota.

– Ah! Não se faça de santinho, você sempre soube que eu ficava te olhando quando ia trocar de roupa, e por que não trancava a porta quando ia ficar com uma garota?

– Por que não havia necessidade, não passava dos limites. Não na casa dos meus pais. – Rimos.

– Passamos tantos momentos bons juntos. Por que foi embora?

– Por que já estava passando da hora, e também Selena foi embora te levando junto, ficou bem sem graça lá em casa. – Beth riu sem graça olhando pra seu filho que se esticava, das pontinhas dos dedinhos dos pés até as mãozinhas que se fecharam e bocejou. – Talvez se eu estivesse lá, você não teria que passar por isso.

– Ele não tem culpa de nada. Ele é uma das melhores coisas que já me aconteceu, não posso culpá-lo. A culpa foi minha por ter acreditado no pai dele.

– Não devia ter se entregado. – Beth me olhou.

– É serio isso? – Deu uma risada sarcástica.

– Beth, somos diferentes, você é apenas uma menina, e eu não tenho nenhum filho por aí.

– James... Aconteceu... Não tem como voltar atrás. E mesmo se pudesse não voltaria, você não sabe o amor que sinto por essa coisinha. – Falou beijando uma de suas mãozinhas.

– E... E o... – Não conseguia falar o nome dele. – E o cara?

– O Brad? Ele me deu uma bela quantia e foi embora.

– Que desgraçado.

– Você não tem ideia de como fiquei. Fiquei... Fiquei chocada... Achei que meu mundo ia acabar, mas quando ele... Quando ele nasceu percebi que não posso desistir assim tão fácil. – Ela respirou fundo.

– Como você está?

– Me senti sufocada, por mim já teria ido embora a muito tempo, mas queria que vovô o visse. Então esperei nascer pra vir embora. Você tinha que ver a cara do vovô, os olhinhos dele brilharam tanto.

– Posso imaginar.

– Mas mamãe não me deixava em paz, estava preocupada demais, então falei que iria Fazer faculdade fora e o primeiro lugar que veio em minha mente foi Nova York. Você já estava aqui mesmo.

– Bela escolha.

– Bom, e com o dinheiro que o Brad me deu da pra comprar um apartamento e bancar meu filho por um bom tempo.

– Tenho vontade de voltar ao Texas só pra quebrar a cara dele.

– Ah Tio, faça-me o favor, vocês não são tão diferentes assim. – Abri a boca pra lhe dar má resposta, mas não saiu nada, ela tinha razão, eu já fui um "Brad" na vida e talvez ainda seja. Me senti horrível por isso.

– Eu não faria isso que ele fez com você.

– O que? Você se casaria comigo? – Respirei fundo.

– Ah! Sei lá. Mas não sumiria assim e sempre estaria presente na vida de meu filho.

– É. Desculpa. Você é mil vezes melhor que ele, não posso comparar._ falou bebericando seu suco.

O bebê se mexeu novamente fazendo um barulho baixo e agudo sair de sua garganta.

– Qual é o nome? – Perguntei. – Ainda não sei. – Beth me olhou e riu.

– Kyle. Eu gostei desse nome e coloquei.

– Kyle. Lindo nome. Está com quanto tempo de nascido?

– Três. Quase quatro meses. – Falou o olhando com tanto amor. – Está bem novinho ainda.

– É. – Senti meu coração inchar.

– Vamos, já terminei.

– Vai lá pra casa?

– Não. Minha mãe pagou um apartamento e falou que vai pagar minha faculdade também, quero achar um emprego logo pra começar a me bancar.

– Tem certeza de que não quer ir para o meu apartamento? Lá você não vai precisar gastar. E você por agora está precisando de muita ajuda.

– Não Tio. Não quero viver à custa dos outros.

– Serio mesmo que você está falando isso pra mim? Nós sempre moramos juntos.

– As coisas mudam.

– Ok. Onde é o seu apartamento? – Ela pegou um papel na bolsa do bebê.

– Esse é o endereço.

– Caramba, é um pouco longe de minha casa. – me olhou com um olhar de "sinto muito".

– Vamos.

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A SobrinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora