Sábado à noite. Sofá. Duas almofadas. Um cachorro peludo. TV. Eu. Poderia dizer que estava solitário, deprimido, sofrendo pela ausência de outra alma humana para conversar, mas a verdade é que esse é o meu habitat natural. O meu "sentindo-se a vontade", e com toda certeza, "confortável".Desde que me mudei para um apê mais próximo da faculdade tem sido apenas eu e o Fedido, um labrador que daqui a algumas semanas não vou mais conseguir carregar nos braços. E tem sido ótimo. Não que eu tenha uma completa aversão a pessoas, só não me sinto muito bem com a maioria delas, pelo menos não por muito tempo. Não sei lidar. Gente demais, falando demais, se achando importante demais. Exaustivo. Instável. Complicado.
Pulguento e eu formamos a dupla perfeita, como Bonnie e Clyde. Basicamente ele é o escudo do meu Capitão América, ou as flechas do meu arco. Ele me ama.
- Ai, seu fedorento, para de lamber meu cabelo! Não, no ouvido não, controla essa língua nervosa aí, bobão. Vou te castrar hein, cuidado.
Como disse, ele me ama. Tenho 90% de certeza disso.
- FEDIDO, VOLTA AQUI COM MEUS FONES AGORA!
75% de certeza.
Enquanto a TV exibia os créditos de 10 coisas que odeio em você, pensei em Malu, e claro, me repreendi imediatamente por isso. É sempre assim: conheço alguém legal e no mesmo instante me imagino passando o resto da vida com ela. Não corro atrás, não mando mensagem, não ligo. Permaneço no meu sofá sonhando um futuro perfeito com quem já deve ter esquecido meu nome. Essa síndrome da ilusão me persegue há tempos e eu tento inutilmente fugir dela.
Acabei descobrindo que Malu era amiga de uma amiga de Ian e por isso estava na festa aquele dia. Desde então, saímos duas vezes, sempre com Ian e mais um bando de gente. Não pode ser considerado um encontro nem de longe, ainda assim foi ótimo dividir um espaço com ela. É incrível a capacidade daquela garota de tornar qualquer atividade prazerosa, qualquer mera conversa vira uma ótima conversa, qualquer passeio vira um ótimo passeio, qualquer coisa vira uma ótima coisa.
Mesmo sabendo que não temos nada, nem o número de celular do outro, não pude deixar de imaginar o que ela estaria fazendo e com quem. Claro que não foi uma boa ideia, já que tenho imaginação fértil e as cenas que surgiram não foram muito agradáveis. Para mim. É inútil alimentar esperanças sobre nós afinal não existe um "nós", mas não consigo impedir de manter acessa uma pequena, porém significante, chama de ilusão.
Burro, burro, burro.
"10 coisas que odeio em você". Não há nada que eu odeie em Malu. Apesar de acreditar que bastariam alguns dias de convivência contínua para aparecer uma lista de tamanho considerável. Ela tem cara de quem não admite que a última palavra da discussão não seja dela, que briga por comida e tem o orgulho do tamanho de um elefante adulto, além de umas cem coisas que me fariam pirar e arrancar os cabelos aos puxões. Coisas essas que eu, sinceramente, adoraria odiar.
não esquece de deixar o voto hein só na broderagem.
e sinta-se a vontade pra comentar sempre que quiser, prometo que ninguém aqui morde (só o Pulguento).
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Todas as estrelas do céu
Genç KurguUma série de contos curtinhos - e longos, confesso que me empolguei em alguns - que se conectam para te apresentar a história da Malu e do Lucas. "Sabe quando você olha para uma pessoa e na hora pensa que ela deve ser muito gente boa e agradável? Vo...