Enquanto Henry lia seu novo livro perto de sua "amiguinha morta", pensava sobre o porquê dela estar ajudando. Decidiu começar devagar, não queria mais uma inimiga.
- Por que você só aparece dentro do banheiro? - Perguntou então à garotinha.
- É meu lugar preferido da casa. - Respondeu ela.
- Por que?
- Era aqui onde eu me escondia e ficava a salvo deles.
- Deles quem?
- Dos espíritos que te atormentam.
Henry pensou um pouco antes de fazer a próxima pergunta, já que ainda não sabia do que os espíritos eram capazes de fazer... Decidiu que perguntar não faria mal.
- Quem é você? - tentou dizer do modo mais descontraído possível.
- Quem eu ERA? - corrigiu ela.
- Certo... quem foi você?
- É uma longa história. - disse a alma da garotinha de forma relutante.
- Não se preocupe, tenho muito tempo, além do mais, acho que eles só aparecem uma vez ao dia, durante a madrugada.
A menina hesitou um pouco, mas por fim decidiu que poderia confiar em Henry.
- Tudo bem - cedeu ela finalmente -, mas ouça com atenção, vou contar apenas uma vez.
"Para começar, meu nome é/foi Alícia. Minha mãe morreu quando eu nasci. Meu pai se casou com outra mulher, minha madrasta, que se chamava Berta. Quando eu tinha cinco anos, meu pai também morreu. Fiquei com minha madrasta, pois não tinha menhuma outra família. Um ano depois, ela conheceu um filho da p... bem, um homem desprezível. Seu nome era Calvin. Minha madrasta sempre foi uma boa pessoa, mas depois que ele veio morar com a gente, ela mudou completamente. Todos os dias, secretamente durante a madrugada, Calvin ia até o porão fazer algo. Um dia, ele e minha madrasta deram uma festa... aliás, eu pensava que fosse uma festa. Disseram que era coisa de adultos, e eu deveria ficar no quarto. Eles convidaram outros amigos desprezíveis dele. Foram todos para o porão durante a madrugada, como era de costume, mais ou menos às três da manhã. Não resisti à curiosidade, e fui até lá ver o que estavam fazendo, afinal eu tinha apenas sete anos, levei apenas a minha boneca. Quando cheguei lá, eles estavam todos bêbados, fazendo uma... como se chama mesmo? Orgia. Fiquei assombrada ao ver dois garotinhos amarrados num canto do porão, então cometi a maior burrice da minha vida (e morte), tentei desamarrá-los."
Continua no próximo capítulo...
(Só pra avisar, o resto da história de Alícia não é lá muito feliz...)
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Apenas um Conto de Terror
FantastiqueHenry Acabou de se mudar para sua nova casa depois de uma discussão com os pais. Mal sabe ele o destino que terá de enfrentar devido a essa escolha.