6- Huh?

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De início, não havia nada. Tudo estava escuro e silencioso. Então, comecei a ouvir algumas coisas. Eu estava perto de uma rua ou estrada: conseguia ouvir buzinas e um motorista bravo gritando aqui e ali.

Minha visão começou a voltar lentamente. Onde eu estou? Estou... em um estacionamento, na frente do meu apartamento. Olhei para baixo e notei que minhas roupas voltaram a ser minha camiseta cinza e jaqueta camuflada, jeans pretas e senti meu boné de mesma cor para trás em minha cabeça. Senti falta dele. Eu também estava segurando alguma coisa; as chaves do carro.

Olhei para cima e tive certeza que ali estava minha velha caminhonete em minha vaga de costume, sem marca ou resquício algum de batida ou qualquer tipo de acidente. Tirei meu celular do bolso e chequei a data.

23 de fevereiro de 2016. O dia que eu morri. Eu morri? Estou do lado de fora do apartamento... O telefone tocando na minha mão me deu um susto. Era Austin, o gerente da cafeteria. Atendi o telefone com minhas mãos tremendo.

"Alô?"

"Josh! Graças a Deus não era você!"

"Huh?"

"O Ryan acabou de chegar e falou que teve um acidente seríssimo no cruzamento e que um dos carros era uma caminhonete preta. Eu sei que você tem uma, então decidi ligar pra ter certeza que não era você!"

"Uh, não." Não dessa vez pelo menos. "Eu tô bem."

"Ótimo, ótimo. Pode vir pra cá então, só pega as ruas de trás pra não ter que passar pelo trânsito."

"Ok."

"Beleza, até já" Austin desligou o telefone.

Fiquei ali de pé no estacionamento e só olhei em volta. Estou vivo de novo, é como se nada tivesse acontecido. Isso significa que Tyler teve sucesso?

Tyler! Cadê ele? Ele tá bem? Será que ele também se lembra do que aconteceu? E o Pete e o Patrick? Será que realmente sumiram?

Decidi ir para o trabalho e tentar descobrir essas coisas depois. Me ajeitei e me lembrei de abaixar o volume antes de ligar o motor dessa vez; da última vez tomei um susto com o barulho.

Peguei o caminho alternativo para o trabalho e logo estacionei no lugar dos empregados. Quando entrei na loja, respirei fundo; senti falta desse aroma. Olhei para o local da parede onde Tyler dissera que Austin colocara uma foto minha, mas ali estava a velha foto dos grãos de café.

Passei para a parte de trás do balcão, fui para a sala dos fundos, disse oi para o Austin, tirei minha jaqueta e coloquei meu avental preto com o meu crachá. Peguei minha toalha de mão e a coloquei sobre meu ombro, voltando para a parte principal da loja.

Mesmo tudo parecendo tão natural para mim, tudo também parecia tão... errado. Eu sinto que deveria estar no apartamento, treinando com Dallon ou falando com Tyler. Será que o Dallon lembra? E o Brendon?

Ouvi o som do sininho que fica em cima da porta, anunciando que alguém havia chegado. Olhei e vi Brendon; ele andou até onde eu estava, sem dar o mínimo sinal de que me conhecia.

"Olá, o que deseja?"

"Só um café expresso e um muffin de blueberry."

Ele não se lembrava de mim.

Apenas assenti e lhe informei o tanto que deveria pagar. Enquanto Brendon pegava o dinheiro de sua carteira, peguei o café e coloquei em uma garrafa térmica. Após pagar e pegar tudo que havia comprado, ele saiu da loja.

Foi só isso. Nada. Me senti triste, gosto muito do Brendon e ele nem se lembra de mim.

O resto da loja estava vazia, então saí de trás do balcão e fui limpar algumas mesas. Quando cheguei na última do canto, tinha alguém sentado lá.

Yøu Ønly Live Twice - VERSÃO EM PORTUGUÊSOnde histórias criam vida. Descubra agora