Meia hora depois, nãos havia machucado algum. Eu lembro de encarar o curativo, sentindo a pele por debaixo da gaze esquentar conforme os minutos passavam e me surpreendi, porque apesar de saber que eu estava me curando, não pensei que de uma hora para a outra não existiria nada - porque era isso que havia sobrado: apenas um círculo rosado da pele nova que acabara de preencher o buraco anterior. Para um humano normal, ver algo assim acontecer com o próprio corpo era assustador.
Damon conferia o corte a cada dez minutos, avaliando a cicatrização. Ambos concordamos que eu estou em terceiro colocado no quesito: Primeiro são os vampiros, em seguida os Lobisomens e então eu: um ser que eu ainda não sabia o que era, mesmo tendo lido o bestiário até de cabeça para baixo tentando descobrir.
— Acho que você deveria tomar um banho.
Damon olhou para a parte do lençol manchada com sangue e fechou os olhos. Em todo aquele tempo eu havia esquecido de que ele é um vampiro, e que a espécie dele gosta muito de sangue.
— Sim, claro. Tudo bem. Eu vou só...
Seu braço ainda estava firme em minha cintura. Eu havia tentado ele a ficar com fome - e em minha defesa, eu estava mais fascinado com minha nova habilidade do que preocupado com Damon e seu vampirismo - mas não tinha medo de ser atacado. Devagar, me afastei dele e pedi que ele saísse da cama.
Quando Damon estava a uns bons passos de mim, tirei cada peça que estivesse manchada da frente dele, peguei a minha camiseta fedida de sangue e fui até o banheiro.
As toalhas estavam espalhadas pelo chão, e eu coloquei tudo dentro do cesto para roupa suja. A tampa não era tão boa, e eu tinha quase certeza de que Damon ainda podia sentir o sangue.
Voltei para o quarto apenas para encontrar Damon na mesma posição. Eu queria me aproximar, mostrar que não tinha medo de que ele pudesse me atacar ou se descontrolar. No entanto, Damon insistia em ficar longe.
— Vamos... Você sabe que eu não me importo com isso, não é? — Eu disse. E era verdade: Scott quase havia arrancado meu pescoço fora nas primeiras transformações todos aqueles anos atrás — Isso é normal. Você é um vampiro, Damon.
— Não quero te machucar.
— Nós dois sabemos que eu estou dando uma de Nosferato agora. Não vou morrer se você apenas...
— Não. Você não vai me convencer a fazer isso outra vez — Damon andou até a cômoda, tateando uma das gavetas até achar uma garrafa de Whisky. Ele deu duas goladas antes de olhar para mim outra vez.
— Mas você gostou, não é? — Eu sorri, provocando. Damon revirou os olhos, bebendo outra vez. — Pensei que gostaria de repetir a dose. Eu com certeza não reclamaria.
Eu pisquei e Damon apareceu ao meu lado. Sua boca desceu pelo meu pescoço, e eu senti cada pelo do meu corpo se arrepiando em expectativa. Eu queria que ele me mordesse.
— Eu poderia tomar seu sangue até secar suas veias, Stiles... — Ele mordiscou minha orelha. — Seu cheiro é tão doce...
— Então... — Eu suspirei, puxando sua nuca para baixo o suficiente para que sua boca ficasse colada ao meu pescoço. — Sirva-se.
E ele o fez. Não doeu, assim como na primeira vez. Eu podia sentir seus dentes rompendo a pele, passando pelo músculos e indo tão fundo que causava vertigem. Era um tipo diferente de prazer, sentir ele dentro de mim de uma forma diferente da que estava acostumado. Não era apenas mais sexo, apesar de sentir tudo abaixo do meu ventre pegar fogo. Eu prendi o gemido leve de prazer na minha garganta, com medo de que ele pensasse que estava doendo e desse um fim a tudo antes que eu estivesse preparado.
Damon apenas segurava minha cintura e mantinha minha cabeça parada para evitar que ele acabasse me machucando de verdade. Depois de segundos, eu ainda não me sentia fraco, mas ele me soltou, lambendo todo o sangue que havia escorrido pela minha pele.
Seus caninos passaram pela minha clavícula, me fazendo arfar e tremer.
— Você está bem? — Ele sussurrou.
— Acho que descobri um novo fetiche - Dessa vez eu suspirei, fechando os olhos para apenas sentir.
— Vamos, você precisa de um banho.
Meia hora depois e sem um mísero arranhão, eu me deparava com a porta do quarto. Ela parecia tão grande e me fazia parecer tão pequeno que eu tive de respirar algumas vezes para controlar um possível ataque de pânico. Ficava óbvio para mim que eu não estava em condições mentais para enfrentar o pack, eu tinha certeza que eles podiam farejar minha culpa e meu receio. Eles eram os únicos que me importavam, os únicos que estavam lá por mim quando eu precisei.
— Ainda com medo? — Damon perguntou, parado atrás de mim.
— De desaponta-los? Mais do que qualquer coisa. — Eu baguncei o cabelo molhado, — Não quero que me olhem daquele jeito de novo. Não quero que fiquem com medo. Droga, eu nem sequer sei o quê infernos é isso! Como vou contar o que eu sou, se nem eu mesmo sei?
— Vamos descobrir, certo? — Damon sorriu, passeando as mãos pelos meus ombros em um toque leve de conforto. — Espero que tenha alguns poderes legais.
— Eu não vou formar um grupo de super-heróis, Charles — Eu ri, me virando para beijá-lo.
— Você não precisa de um herói. Já tem a mim.
— Você é um anti-herói, como o Deadpool.
— Isso é um desenho animado? — Ele perguntou, a testa franzida.
— Acho que você está preso no século XIV.
— Foi um século muito chato, se quer saber.
— Então Bem-vindo ao século XXI! Se eu sair vivo de mais essa, vamos assistir todos os filmes da Marvel. Até você decorar cada frase.
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O Garoto que Fugiu do Mundo - Fanfic Stamon
Fiksi PenggemarStiles precisava de tempo para pensar, colocar sua mente e vida em ordem, ainda que isso significasse ir para outra cidade e deixar o Pack para trás. Enfrentar uma situação de quase-morte era difícil o suficiente, mas perceber que algo não estava ce...