Septima: Pictura

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— Algo na tempestade me soa tão calmo, e para ti? — Jeongguk escutou Jimin perguntar-lhe. Havia se levantado pela madrugada para esticar um pouco as pernas e encontrara Jimin sentado em frente a porta do casebre, protegido pela pequena varanda de folhas e palha. Coberto por uma vasta pele escura, se protegendo do vento frio.

Jeongguk se encolheu melhor entre as próprias cobertas — Tempestades são assustadoras — sussurrou de volta, incerto.

— Sente-se um pouco. Tomar um ar será bom para você, e para o ombro.

Ambos não saíam do casebre há dois dias inteiros, a tempestade contínua e espessa. Mal conseguiam observar o trigo em meio a tanta água, a visão era quase pura e inteiramente branca.

Jimin se movimentou para o lado, dando mais espaço para que Jeongguk se sentasse ao seu lado. O espaço ainda era apertado e fora aquilo que deixou Jeongguk inseguro, ainda não se sentia bem o suficiente com a proximidade. Respirou fundo, apertando os dedos ao redor da pele em que se enrolava. Decidiu por fim sentar-se, pondo o braço imobilizado sobre os joelhos, fazendo o máximo para que os olhos não encontrassem com os de Jimin.

Estavam tão próximos, os ombros quase esbarravam entre si com o movimento das respirações lentas. Parte da imaginação sobre os toques das peles o relembrou do último ato de Jimin, automaticamente apertou o outro braço ao redor dos joelhos com mais força, como se conseguisse impedir os pensamentos com relação ao toque íntimo por mais tempo.

— Como... — Jimin sussurrou, se movimentando um pouco desconfortável — Como é no vilarejo? — O ruivo levantou seu olhar até o príncipe.

Jimin parecia novamente vulnerável, a pele sob os cabelos, como um capuz, a franja ruiva escorregando sob o nariz, o vento lhe tocando a pele e os olhos extremamente inocentes como os de uma criança em aprendizado. Jimin o lembrava muito Taehyung quando ambos eram jovens, seu irmão mais jovem era extremamente deslumbrado.

— Yrasan é... Bonita — Jeongguk engoliu em seco — As pessoas são um pouco fechadas, é verdade, mas é tão bonita — O príncipe tentou da melhor maneira esconder o tom decepcionado de suas últimas palavras, sentia falta do seu vilarejo, era verdade. Muita saudade.

— E qual seria seu lugar favorito de Yrasan, larápio?

— Podemos... Apenas por um momento conversar sem trocar farpas? — Se afastou um pouco mais de Jimin, se encolhendo assim que outro vento frio beijou-lhe o rosto.

— Acreditei que seria eu o primeiro a pedir por uma trégua — Jimin endireitou-se, as pequenas mãos amaciando o pelo sobre uma das coxas, o olhar não mais preso no príncipe — Pode dizer-me agora... Jeongguk?

Jeon gostava de como seu nome soava pelos lábios de Jimin, exatamente como os de uma criança que aprende um palavreado novo e ainda sente dificuldade em repetí-lo uma segunda vez. Extremamente bonito. O sotaque muito mais fraco do que todos os outros habitantes.

— Eu não possuo um lugar favorito em Yrasan, na verdade, eu possuo um momento favorito. O festival de Na-naeun é meu favorito — Fora impossível não gaguejar o nome de sua mãe, Jeongguk lutava internamente para se manter o mais imparcial e sem sentimentos o possível, tentava não chorar ao falar dela, principalmente para Jimin, a quem tentava enganar.

Parte de si se questionava por que ainda manter segredos de alguém que o ajudou tanto durante as últimas semanas. Sua mente o repreendeu no mesmo momento, se recordou que Jimin poderia fazer algo a si se descobrisse que era da família real, e ainda pior: O príncipe que herdaria o trono por direito.

Jimin movimentou as sobrancelhas em confusão.

— Um festival para a rainha?

— Sim, depois do falecimento de minha... Rainha, foi decretado o festival em seu nome, existe fogo por todo o vilarejo em sua memória, música toca durante todo o dia, músicos por todos os cantos. A cidade parece verdadeiramente viva uma vez ao ano... Dança, alegria, crianças rindo, é como ela gostaria que fosse todo o ano.

As Terras do Trigo ✹ JikookWhere stories live. Discover now