Octo: Honoris

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— Está muito ruim? — Jeongguk questionou enquanto Jimin se esticava levemente sobre si, abrindo as bandagens de seu ombro para checar o ferimento.

Apesar de ser um exímio guerreiro, repleto de músculos nos braços e pernas Jeongguk não parecia saber lidar bem com ferimentos e por isso se negava a olhar o próprio ombro enquanto Jimin o analisava. Se concentrava a olhar o movimento dos cílios e sobrancelhas ruivas. Era muito mais covarde do que gostaria de admitir. Esse era um dos motivos pelos quais nunca se adaptaria como o rei de Yrasan.

Reis costumavam guerrear, ao menos os que conhecia. Era símbolo de covardia se negar a lutar com seu povo em uma guerra. Jeongguk tinha a estratégia, mas não a coragem.

— Não muito, precisamos trocar isso.

Nenhum sinal de chuva do lado de fora da cabana, e era hora de caçar novamente e reabastecer os mantimentos. Jimin desenrolava a bandagem levantando levemente seu braço. Jeongguk puxou o ar com os dentes ao sentir a ardência do vento frio sob o ferimento.

— Eu acho que seria bom lavarmos no riacho, o que acha? — Jeongguk estreitou as sobrancelhas, Jimin não costumava o perguntar por opinião, aquilo era novo. Jimin costumava mandar e era aquilo, nenhuma conversa. Sentiu o ruivo colocar uma atadura fina sob o machucado — Ande, vamos. A água fria te fará algum bem.

Jeongguk riu soprado, nada de novo por ali. Movimentou um pouco o braço, massageando a parte de trás do ombro com cuidado. A atadura o proibia de se mexer propriamente, por isso sempre que Jimin trocava suas bandagens se sentia um pouco mais livre do que de costume. A sensação era boa, mesmo que ainda sentisse dor.

Jimin se arrumava no mesmo cômodo, as mãos buscando pelo capuz marrom e o amarrando ao redor dos ombros, os pés sendo descalçados.

O moreno se preocupou em colocar a camisa branca pela cabeça, o cuidado evidente com o ombro machucado. Quando amarrou o laço próximo ao pescoço levantou os olhos para encontrar Jimin o erguendo a pele de uma das últimas caças, apertou os olhos.

— Vista-se — O ruivo movimentou o casaco em sua frente até que Jeongguk o pegasse — Está frio lá fora, essa camisa não irá lhe esquentar.

— Você nunca se preocupou com isso.

— Bom, existe dia para tudo. Não faça com que eu me arrependa — Jimin saiu do ambiente vestindo o capuz sob os cabelos, um sorriso dançando nos lábios. Jeongguk se permitiu sorrir contido também enquanto vestia a pele marrom.

Ambos andaram pela floresta num silêncio cômodo. O arco e a aljava de Jimin estavam lá, o ruivo também carregava a pequena cesta trançada nos dedos pequenininhos. Era uma imagem próxima da graciosidade. O ruivo se sentia inegavelmente em casa enquanto vagava pela mata fechada. E Jeongguk apenas o seguia, confiando em cada passo que o menino dava.

Nem mesmo a arma era mais tão assustadora assim.

— Me conte alguma história que seus pais lhe contavam — Jimin pediu, retirando uma das flechas da aljava, a colocando no arco e o puxando para próximo aos lábios. O foco na copa das árvores, Jeongguk franziu o cenho em confusão.

— Por qual motivo?

Jeongguk escutou audivelmente o som que Jimin fazia ao soltar o ar contra o arco, até solta-lo. Uma onda de pássaros voando barulhentos assim que a flecha acertou um deles, que caiu ao chão. Jimin andou, de pés descalços até buscar a presa pelos pés, retirar a flecha do pequeno peito do pássaro, o prendendo nas costas em seguida. Jeongguk estava boquiaberto, sequer sabia se no reino haveria um arqueiro próximo do que Jimin era. O tiro havia sido certeiro no coração.

As Terras do Trigo ✹ JikookWhere stories live. Discover now