Tertium: Timor

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Jeongguk era uma incógnita, essa era a única conclusão a qual Jimin conseguia chegar. Se negava a comer com sua presença e depois de um dia pôs as mãos na comida deixada na cabeceira, e pouquíssimo. Jimin caçava todos os dias pela melhor carne e os melhores nutrientes que poderiam ajudá-lo a se recuperar. Queria-o longe, bem rápido, mas nunca seria capaz de deixa-lo a beira da morte na floresta.

O suposto ladrão também não permitia que o ruivo lhe desse remédios e seus machucados sangravam ainda mais, sentia dores e passara a ter febres fortíssimas. Os olhos estavam vermelhos, as bolsas escuras abaixo dos órbes denunciavam que o rapaz de quem Jimin sequer sabia o nome não dormia.

Ele não confiava em si e Jimin não confiava nele.

O ruivo não poderia esperar muito de um camponês de Yrasan, tinha certeza que respeito de si não ganharia, os habitantes daquele vilarejo eram extremamente preconceituosos, sequer de sua história acreditariam, e o moreno era a imagem perfeita de alguém preconceituoso, mas Park não se deixava afetar mais, a casca estava grossa e machucada demais, tinha consciência de que para sempre seria rejeitado.

Jimin só conseguiu se aproximar para cuidar dos curativos enquanto Jeongguk dormia profundo aquela noite, tremia todo o corpo por conta da febre alta. A temperatura do maior estava tão elevada que as peles dos lobos — as mais quentes — não o estavam sendo tão úteis, usava todas as que conseguia acima do tronco despido, mas ele ainda tremia e mal abria os olhos.

O alaranjado decidiu então utilizar dos medicamentos, juntou as ervas que conhecia durante aquela tarde nublada. Tinha quase certeza que o moreno se negaria novamente a beber do líquido, mas não poderia fazer muito mais do que aquilo, ele precisava tentar.

Amaçava as ervas dentro do recipiente com cuidado enquanto via o maior se remexer em meio as tremulações, o suor escorrendo pela testa e maxilar enquanto tentava abrir os lábios em formato de coração para — provavelmente — o insultar novamente.

Jeongguk tinha medo. Estava sozinho, completamente sozinho com um rapaz ruivo que insistia em lhe dar de beber coisas que nunca experimentou. Tinha certeza que Jimin era uma bruxa, mas ainda se questionava em meio ao breu o motivo pelo qual uma feiticeira como ele o alimentava e tentava cuidar de seus machucados.

O ruivo decidiu se aproximar devagar do rapaz deitado, respirando fundo enquanto analisava o estado em que o moreno estava. Tremia tanto, suava e parecia confuso. Se sentou com cautela no canto da cama, sem tirar os olhos do mais alto que se assustou com a companhia naquela cama.

Jeongguk abriu os olhos marejados e os conectou com Jimin. Não tinha energia para pedir por piedade e sequer vontade de lutar, se contentava com a morte.

Jimin estava quieto, analisando o rosto do moreno com cautela e respirando fundo. Parte de si estava feliz em conhecer alguém, ver um rosto após tanto tempo, outra parte de si não o permitia confiar em alguém tão agressivo como Jeongguk parecia ser, mas não o deixaria morrer.

Puxou o oxigênio aos pulmões e levou a palma pequena até a testa suada, sentindo sua quentura, maciez e umidade. O moreno estava piorando e agora mais do que nunca precisava de si.

Jeongguk o olhava assustado enquanto despejava lágrimas pesadas nas roupas de cama. Estava cansado de lutar contra as dores e o medo mas ainda torcia — mesmo que pouco — para que fosse cuidado e sobrevivesse para assim conseguir abraçar novamente Taehyung e pedir-lhe desculpas pelo abandono. Tudo o que se passava por sua cabeça era o irmão e a decisão infeliz de fugir do reino.

— Eu preciso cuidar de ti — Jimin falou baixinho, em um sussurro afetado — Deixe-me cuidar de ti.

O ruivo sabia que não receberia respostas àquela altura, a situação estava crítica mas ainda se sentiu na obrigação de pedir ao moreno.

As Terras do Trigo ✹ JikookWhere stories live. Discover now