Quinque: Tenebris

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— Vista-se com isso, ladrão — O ruivo disse simplista, esticando na ponta dos dedos a camisa fina e branca de algodão, com amarrações nos pulsos e clavícula, de corte tradicional — É hora de caçar.

O sol nascia no horizonte e Jeongguk mal conseguia abrir as pálpebras pesadas de sono, tinha sido acordado repentinamente tão cedo pela manhã. A bruxa não tirava da mente a ideia absurda de faze-lo ajudar com a comida escassa e não poderia negar pensar em tirar proveito da situação. Uma vez fora do casebre buscaria Fulgur e correria para longe das garras do rapaz ruivo.

Não poderia dá-lo a vantagem e ainda não confiava em si.

— Ande, não temos tanto tempo, mais tarde outra tempestade cairá — Fora impossível para Jeongguk não levar o olhar para o garoto de fios ruivos remexendo no baú sem a própria camisa enquanto segurava a sua ainda perdido com os últimos acontecimentos da manhã. Os raios de sol batiam diretamente na derme branquinha que contrastava com o tom do pescoço e mãos do garoto menor. As costelas visíveis e os músculos dos bíceps fazendo o trabalho de procurar no amontoado de roupas uma camisa também tradicional marrom escura. Seria impossível dizer que a bruxa não tinha seus encantos, era um rapaz belo, poderia dizer que era estonteante se não duvidasse do que era.

Jimin vestiu-se sem cerimônias, levantou os braços fortes e desceu o tecido pelo pescoço e cabelos, os bagunçando mais do que de costume eram, levou as mãos ao laço próximo aos ossos destacados do peito branquinho e Jeongguk vacilou. Apesar de um garoto forte ele era completamente delicado, enlaçava com cuidado e despreocupação. Jimin não tardou pôr a camisa dentro da calça com cuidado, ainda a mantendo levemente larga e bufante, abaixou-se novamente para buscar o colete de amarrações de couro, vestindo-o pelos braços e amarrando-o em seguida.

— O que foi, cavalheiro? — O olhar superior de Jimin e o sorriso ladino o arrepiaram por completo, e gostaria que fosse de uma forma negativa, mas não era. Tinha de admitir, Jimin era um belo jovem, muito belo — Não desistirei de leva-lo caso não se vista, pelo contrário, o levarei nu da mesma forma, é o que quer? — Com brusquidão Jimin movimentou o rosto para cima e riu soprado da forma como quase automaticamente Jeongguk passou a remexer as pernas para fora do leito.

O alaranjado buscou o capuz também escuro de cima das outras vestimentas e fechou num movimento rude o baú aberto. A cintura bem delineada pela amarração do colete que cobria sua cintura e deixava a mostra a camisa entreaberta no peito fora coberta pelo capuz em apenas alguns minutos, Jimin enlaçou-o também, buscando a aljava de couro e a enlaçando nas costas. Cobriu com cuidado os próprios fios pelo capuz. Jeongguk estremeceu com a forma com que seu ombro repuxou de dor assim que tentou pôr os braços pelas mangas brancas mas não demonstrou fraqueza, não poderia.

Soltou a peça solta no quadril e logo arrumou-a dentro da calça que lhe apertava as coxas, logo fora acertado por um colete grande marrom de tecido grosso que cobria de seu pescoço até o final de sua camisa, deixando apenas os braços a mostra, vestiu-o enquanto repuxava o lábio com dor. Seu machucado doía como o inferno, de fato, mas ainda era melhor do que nos primeiros dias. Quando machucou-se, em meio a tanta febre ainda conseguia sentir sua pele queimar como no próprio fogo.

— Terás que usar isso — Jimin se aproximou com um laço grosso feito de ataduras de si, quase que automaticamente deu um passo para trás, batendo na pequena mesa usada na cabeceira.

— Para que isso, feiticeira?

— Para manter seu braço no lugar, ladrão, ainda sentes muita dor — Jimin levantou uma das sobrancelhas enquanto mostrava o objeto que parecia com uma atadura precária. Aquilo não parecia tão ruim, de fato, parecia inofensivo, mas não poderia abaixar a guarda.

As Terras do Trigo ✹ JikookWhere stories live. Discover now