Capítulo V

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O pequeno-almoço tinha terminado. Sara adorou os ovos mexidos que acabara de comer. Admitia que Constança cozinhava bem. No entanto, estranhou o facto de uma família muito rica como os Vasconcelos, com tantas pessoas a viver numa casa tão grande, tivesse apenas 3 empregados que acumulavam várias funções. Só Werner se mantinha na função de motorista. Era mais um sinal dos segredos que escondiam... 

Francisco preparava-se para ir trabalhar. Já estava reformado, mas os hotéis continuavam a ser a sua vida. Naquele dia, ofereceu-se para ajudar o filho a tratar de alguns negócios juntamente com o departamento de comunicação do hotel. Foi então que Sara informou o velho senhor: 

- Doutor Francisco! Acha que eu podia passar pelo seu escritório no final da tarde? Penso que estaremos mais à vontade! - Pediu a inspetora, dirigindo-se depois a Afonso. - Se o Doutor Afonso poder, ou não poder, não tem alternativa, gostava de falar consigo também!  

Os dois homens acharam estranho a solicitação da inspetora. Não esperava que fossem interrogados tão cedo, mas ambos responderam que teriam todo o gosto em falar com ela. Nesse momento, já todos se tinham levantado para ir trabalhar. Restavam apenas na mesa Carolina, Isabel e Cloe. 

- Palpita-me que não vem aí nada de bom! Para a inspetora querer interromper o trabalho de dois homens tão ocupados como o meu marido e o meu filho, que ocupam a maior parte do tempo da sua vida com os hotéis da minha família! - Exclamou a matriarca. 

Sara apressou-se a responder: 

- Mais importante do que os "Hotéis Vasconcelos", Dona Carolina, é a devolução da paz à sua família! 

Carolina não gostou da resposta: 

- Isabel, por favor, gostaria de falar consigo no escritório! - Pediu a idosa. - A senhora inspetora não planeia fazer lá buscas pois não? -Perguntou. 

- Vá à vontade minha senhora! Não posso realizar buscas sem ter um mandato sabe?  

Posteriormente, Cloe abandonou a mesa, subindo as escadas até ao seu quarto. Quando Carolina e a nora entraram na biblioteca, a profissional de polícia encostou-se à porta, tentando ouvir a conversa. 

- Não sei qual foi a ideia de trazer esta inspetora para minha casa! Tem noção dos problemas que vai originar? Dos problemas que a nossa família terá? - Perguntou Dona Carolina, enervada. Já Isabel, pouco ou nada se importou com que tinha acabado de ouvir. 

- Minha sogra, com todo o respeito que tenho por si, importa-se de a deixar trabalhar? É para o bem da nossa família! Já viu o que ela nos pode render? - Perguntou. 

Ao ouvir aquilo, Sara ficou desconfiada. Será que as duas mulheres combinaram um plano entre si por algum motivo? Será que a sua amiga Isabel chamou-a para fazer jogo duplo para que os segredos de Carolina e da família fossem descobertos, vingando-se da sogra e mandando-a para a prisão como sendo apenas ela a pessoa que estava à procura? Será que havia dois chantagistas? Todas aquelas perguntas passaram-lhe pela cabeça até que sente alguém a tocar-lhe: 

- Não sabe que é feio escutar a conversa dos outros inspetora? - Disse-lhe uma voz. Sara virou a cabeça para trás e não se surpreendera com quem acabara de ver. 

- Porque será que eu não estou espantada em encontra-la aqui? Logo a senhora que é a pessoa desta casa que mais interesse deve ter em escutar as conversas dos outros para informar a sua mãe! Não é verdade? 

Nesse momento, a pessoa em questão perguntou: 

- Não sei porque o diz? Sou uma mulher solteira, com classe e que vive uma vida baseada na moral e dos bons costumes! 

O ChantagistaOnde histórias criam vida. Descubra agora