O Chantagista

Capítulo IX

Estava uma tarde maravilhosa. Sara dirigia-se à piscina. Após pousar a toalha, descalçou os chinelos. Depois, tirou o vestido que levava. Apenas de fato de banho, sentara-se com os pés na água e ia-se molhando lentamente para se habituar à temperatura. Só depois mergulhou... Nadou, sensualmente, de uma ponta à outra. Foi quando tirou a cabeça da água que viu alguém aproximar-se. Era Cláudia, filha mais nova de Afonso, que tinha passado pela piscina para cumprimentar Sara. 

- Boa tarde inspetora! A água está boa? - Perguntou com a sua voz doce. 

Sara, admirada com a preocupação daquela rapariga reservada, respondeu: 

- Está óptima Cláudia, não quer vir para aqui um pouco?  

Cláudia afirmou que apenas tinha passado por casa para levar alguma papelada para a empresa, pois de manhã tinha-se esquecido, logo não ia demorar muito. Quando Constança lhe disse que a inspetora estava na piscina, então decidiu ir ter com ela. Sara pensou: "Que desculpa tão conveniente! Ou será verdade? Isso para mim já se torna inconveniente!" 

Posteriormente, Sara lembrou-se de fazer uma pergunta à rapariga sobre a investigação. Era a sua grande oportunidade! 

- Quem é que acha que pode ser o chantagista? - Perguntou. 

- Ora essa inspetora Sara! Eu não vejo aquilo que os outros andam a fazer! A minha avó Carolina é muito má, mas acho que estas chantagens não são convenientes para alguém que protege tanto "a moral e os bons costumes!". A meu ver, pela personalidade e pelo modo como atentam aos outros, a tia Letícia ou a Constança! 

Sara pensou porque todos suspeitavam das mesmas pessoas. Mas, como sempre, não ficou satisfeita: 

- Acha que a Isabel ou a Dória podem ter alguma coisa a ver com isto, minha querida? - Perguntou a inspetora. 

Cláudia, cheia de troça no seu interior, respondeu à pergunta: 

- Acha mesmo?! Eu acho-as tão boas pessoas! A melhor coisa que o meu pai fez foi refazer a vida dele. E digo mais... Não podia ter escolhido melhor mulher. Simples e humilde! O contraste de muita gente desta família! 

Entretanto, Cláudia teve de ir para o seu trabalho num dos hotéis da família. Sara aconselhou-a a não se ausentar de Sintra até o caso ficar resolvido, já que Cláudia era uma das embaixadoras da empresa e viajava bastante. Após a saída da jovem, a profissional de polícia continuou a nadar. Pensava: "Será que o Gaspar vem?". Posteriormente, ouve alguns passos. Quando olhou para a zona das espreguiçadeiras, não queria acreditar que o rapaz cumpria tudo aquilo que prometia. 

- Está aqui há muito tempo? - Perguntou Gaspar. 

Sara, orgulhosa, mas também cuidadosa, respondeu: 

- Ia agora mesmo sair! 

Posteriormente, com o seu tronco comprido e pernas altas, Gaspar fez um mortal na piscina que não só moveu bastante a água, como a própria Sara. Uma inspetora que devia estar preparada para tudo, ficou abalada com o que acabara de acontecer. 

- Não me diga que se assustou inspetora? Não se vai já embora pois não? 

Sara, só pensava: "Que mal é que eu fiz para merecer esta tortura? Ele disse que sabia bem como havia de me abordar... E não é que sabe mesmo? Tem calma Sara! Tem calma!": 

- Sim Gaspar, já ia sair. Não acha que demorou muito? 

Gaspar, atónito com a complexidade daquela mulher, respondeu: 

- Você não marcou horas comigo! Por isso, não cheguei adiantado nem atrasado! 

Sara nem queria acreditar que, pela primeira vez, alguém lhe estava a fazer frente na vida. Mas, respondeu: