Capítulo III

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O cair da noite suava... O orvalho das plantas começava e um vento suave rodopiava. Os pássaros se ouviam perante aquele céu estrelado. Sara estava à janela do seu quarto, a pensar naquele jantar tão tenso. Cheirava-lhe que no interior daquela casa haviam muitos segredos. Sendo assim, sentia-os como a peça chave da sua investigação. Quando se preparava para fechar a janela, ouve alguém a bater à porta: 

- Sim! - Chamou ela. 

A fechadura da porta mexeu-se e num ápice ela abriu-se. Naquele momento, Sara fez um esforço por esconder o seu contentamento, perguntando: 

- Acho que já é um bocadinho tarde para me apresentar o quarto não acha?  

Gaspar riu-se com a pergunta que a mulher bela que tinha à sua frente acabara de fazer. Nesse momento, dirigiu-se à janela onde ela estava e perguntou: 

- A lua está linda não está?  

- Acho que não lhe dei autorização para entrar pois não?- Perguntou Sara. 

- Porquê? Vai prender-me? 

A ousadia de Gaspar deixou Sara derretida, mas isso não a impediu de dar-lhe uma resposta: 

- Sabe que este quarto não é uma cela não sabe? Por isso pode sair à vontade se quiser!  

Não convencido, Gaspar insistiu: 

- Adoro esta serra, estes ares, não creio que me vá prender! A menos que seja a pessoa que está à procura! - Ironizou o rapaz. 

- Quem sabe não é? Quem sabe! - Prosseguiu Sara, pensativa. - E se me acompanhasse até à sala quando descer? 

Gaspar não escondeu o seu desânimo, mas num instante se conformou: 

- Com todo o prazer! - Riu-se. 

O jovem fechou assim a janela, adiantando-se a Sara. Posteriormente, abriu-lhe a porta para ela sair. Mas, mais uma resposta foi inevitável. À medida que andavam pelo corredor de cima, que tal como o de baixo tinha retratos, sobretudo de Carolina, explicou ao rapaz que como inspetora da Polícia Judiciária era uma mulher independente, não precisando que ele lhe tivesse aberto a porta. De repente, um barulho se ouve. Sara e Gaspar apressaram-se a esconderem-se na casa de banho. Afinal, não convinha que fossem visto juntos e acordados àquela hora da noite. Eis que alguém sai de um dos quartos. Curiosos, os dois jovens espreitaram pela porta e qual a admiração de Sara, enquanto Gaspar não estranhou nada. 

- O Pedro? Para onde é que ele vai? - Perguntou Sara impaciente. 

- Não me parece que isto vá contribuir muito para a sua investigação. Já é normal quase todas as noites, desde há vários anos, ainda éramos putos, o Pedro passar a noite com a Cleo. - Respondeu Gaspar sorridente. Não via a hora que um dia acontecesse isso entre ele e a inspetora. 

Sara virou-se para ele e retorquiu: 

- Tudo, até ao mais ínfimo pormenor, contribuí para a minha investigação. Por falar nisso, estou a ver que anda muito informado. - Brincou, não descartando o seu caso. 

Aí, timidamente, Gaspar olhou para Sara, que estava claramente a testá-lo: 

- Ahh...Sabe que eu e eles temos a mesma idade, não sabe? É normal saber do segredo que eles escondem. Mas por favor, não lhes conte nada. Se o Doutor Afonso e a Dona Carolina sabem dá-lhes um ataque cardíaco! Sabe que "nada pode sujar o bom nome desta família", sendo impensável dois primos gostarem um do outro! - Citou Gaspar.  

- Então prepare-se! Algo me diz que "o bom nome desta família" é uma questão de tempo! - Retorquiu a inspetora sensual do jovem mordomo. 

Repentinamente, Sara queixa-se da perna. O mordomo apressa-se a socorrê-la: 

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