Golden Years

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       Tudo de repente se torna nada, eu pisco diversas vezes verificando se não é um pesadelo. Eles percebem a minha presença e se afastam subitamente, Frank me olha desesperado e Mikey parece estar… orgulhoso?
Não. Não pode ser.
É como um ataque fulminante, essa sensação, essa dor está me matando?

— Amor, não é o que você tá pensando. — Frank se aproxima e sinalizo para ele parar.

Fito Mikey e ele não demonstra arrependimento algum, meu coração se parte. Mikey, por que fez isso comigo? Eu simplesmente ignorei o fato do caso do Frank, como eu nunca me dei conta de que o secretário era cúmplice do meu irmão? Então Frank me trocou por ele?
    Sinto meu coração acelerar e minha respiração falhar, balanço a cabeça negativamente e encaro o chão.

   — Sai, saiam da minha frente. — Foram as únicas coisas que eu consegui dizer.

   Eu não estou mais ligando pra nada, eu estou muito puto.
  Vou lentamente até a lavanderia me apoiando nos móveis e pego a cadeira de rodas, me sento e saio de casa. Juro como eu estou sentindo meu coração gritar, rasgar e degenerar, eu não merecia isso. Qualquer coisa, menos isso.
   Meu irmão que eu tanto amei me traiu, a pessoa com quem eu pensava poder contar, ele por acaso pensou o quanto isso me destruiria? E Frank? Por que meu irmão? Milhares de pessoas no mundo e ele veio fazer isso logo com meu irmão, eu me sinto sujo, desgastado, morto. Vou empurrando as rodas me retirando daquela casa, sigo pra qualquer direção chorando, eu quero sumir.
    As pessoas me olham curiosas, o que um homem faz numa cadeira de rodas chorando feito louco em alta velocidade? Encontro um parque e entro nele, vou desacelerando e encontro um banco de praça vazio, aliás, o parque inteiro está vazio. "Estaciono" ao lado do banco e noto os brinquedos vazios bem à frente. Eu costumava sonhar acordado com crianças, eu pensava em ter uma linda família com ele, como ele teve a coragem de fazer isso comigo?
    Caio no choro novamente, as lágrimas fazem parte do meu cotidiano. Eu não tenho mais nada e nem ninguém, eu estou sozinho?
  
    — Cara, você tá bem? — Escuto e me assusto.

     Paro de chorar escandalosamente e fungo limpando as lágrimas, levo meus olhos ao dono da voz e percebo sua feição preocupada.

     — Eu tô... — Limpo minhas lágrimas parando de soluçar.

     — Não não, eu escutei seu choro da entrada do parque, você não pode estar bem. — Ele diz e sorrio fraco balançando a cabeça.

      — É complicado. — Eu digo colocando a mão no peito.

      — Bem... Qual seu nome?

   — Gerard. — Respondo.

      — Me chamo Robert, mas prefiro Bert. Então, eu fiquei curioso pelo motivo de você estar chorando no meio de uma praça pleno dia. — Ele diz curioso.
    
       — Vamos para... para uma cafeteria? — Sugiro e ele assente.

   (...)

    — Tá, agora que nós fizemos os pedidos, me conta porque está tão tristinho. — Bert me pergunta apoiando o rosto nas mãos.

     Eu não prosseguiria com um conversa com ninguém, isso por conta de Frank, mas agora eu preciso muito desabafar com alguém.

    — Meu namorado me traiu com meu irmão. — Digo sentido e ele fica boquiaberto.

     — Não brinca. Onde escondeu o corpo? —  Ele pergunta. — Porque se meu namorado me traísse com meu irmão, ele nunca mais veria a luz do sol.

   — Eu amo eles, eu sou muito idiota por isso. — Sinto meus olhos marejarem.

     — Deixa eu ver, você descobriu essa traição envolvendo seu irmão e tá de boa com isso?

      — Eu estou muito doente, Bert, então eu não quero partir odiando ninguém. — Digo.

I Don't Love You - FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora