P. O. V. Gerard
Eu abro meus olhos e observo a lua pelo carro, então eu ainda estou vivo.
Olho para Frank e me ajeito no banco de trás, ele me olha pelo retrovisor e sua feição preocupada suaviza.
— Amor, você tá bem? Eu vou te levar pro hospital e...
— Não precisa. — Digo imediatamente e suspiro. — Quero ir pra casa, podemos?
Escuto seu suspiro e entendo sua afirmação, eu queria não conhecer ele tão bem.
Ao chegar em casa, eu retiro meu cinto de segurança e abro a porta, esperando que Frank pegue a cadeira de rodas no porta malas. Levo meus olhos à entrada da casa e noto alguém ali, meu irmão.
Família em primeiro lugar, deveria ser o certo a se pensar, de fato, mas eu não fiz isso e nem Michael. Nós erramos e isso causou sentimentos ruins em ambos, primeiro eu fui descuido com os sentimentos do Mikey e assim ele fez o mesmo com os meus.
Frank me ajuda a sentar na cadeira e só então nota meu irmão em frente à casa, eu sussurro um 'tá tudo bem' e ele assente me levando até Mikey. Seus olhos transmitem seu arrependimento, mas eu não consigo o encarar por tantos segundos. Abaixo a cabeça ao ficar frente a frente com ele e Frank se distancia entrando em casa sem sequer olhar para Mikey.
— Gee. — Ele diz fracamente e se agacha me olhando nos olhos. — Eu sou o pior irmão do mundo, e você deve me odiar agora.
— Mikey, eu não. — Digo retribuindo seu olhar e sorrio fraco. — Eu não te odeio, só não consigo acreditar que você tenha feito isso comigo.
Me abrir nunca foi fácil, eu sempre optei por guardar minhas opiniões e sentimentos pra mim mesmo, mas agora eu preciso saber o motivo.
— Eu fiquei com inveja, eu sempre quis ser você. Você é a melhor pessoa e eu demonstrei isso do jeito errado, me desculpa. — Michael deixa lágrimas caírem. — Por favor, me perdoa Gee.
Meu irmão está aqui, ajoelhado, chorando e arrependido. O que eu deveria fazer era deixar ele aos prantos e não o perdoar? A verdade é que eu já havia perdoado ele.
— Eu já tinha te perdoado quando eu percebi que você é melhor para o Frank, nada mais do que aconteceu importa. — Sorrio tentando segurar as lágrimas.
— Não, você é o melhor pra ele. Eu sei que ele te ama, ele sempre fazia questão de dizer e eu não me importei com seus sentimentos, fui um idiota.
— Mikey. — Chamo calmo fazendo ele prestar atenção. — Cuida do Frank pra mim?
Eu consegui entender que isso foi uma prova, a prova final. Frank disse que me amava, mas dormiu com meu irmão e mentiu pra mim várias vezes.
Dói toda vez que eu penso em deixar esse mundo que eu tanto me apeguei, deixar o meu pincel, a minha casa, deixar o meu sobrenome com família, deixar o meu amor. Gerard Way está partindo, quem diria que os tantos inimigos estavam ganhando aquela batalha e tudo seria deixado pra trás.
— Me promete que vai cuidar dele? Que... Que vai fazer ele feliz? — Começo a travar minhas palavras enquanto meu choro me guia.
— Gee, eu...
— Está ficando tarde, é melhor você entrar, amor. — Frank me chama e Michael sequer desvia o olhar de mim.
Sorrio limpando minhas lágrimas e chamo meu irmão pra um abraço, ele se aproxima me abraçando e choramos. Dois irmãos que cresceram juntos, amigos, nenhum romance é mais importante do que isso.
Ele se afasta e sussurra um "nos vemos depois", em questão de segundos, Mikey desaparece pela rua e me volto à Frank que já puxa a minha cadeira até nossa casa. Meu coração está mais leve, não dói mais tanto quanto antes.
Entramos em casa. Sinto falta de algumas decorações que Frank quebrou naquele dia, o dia em que eu descobri sobre o caso.
Eu me preparava mentalmente para falar com a minha família, não era fácil apresentar alguém, principalmente quando era um garoto.
A campainha tocou e eu corri pra porta e abri lentamente, conferindo quem estava ali fora e quando Frank sorriu nervoso eu soube que ele estava morrendo de medo. Eu abri a porta de casa e dei passagem pra ele, seria o que Deus quisesse.
— Está com fome? Eu posso preparar alguma coisa pra você. — Frank me tira dos devaneios e eu balanço a cabeça em negação. — Mas você precisa comer, nem que seja um pouquinho, amor.
— Tudo bem, pode esquentar a sopa da geladeira. — Digo e ele sorri se dirigindo à cozinha.
Frank entrou na minha casa e minha mãe foi a primeira a se aproximar sorrindo, abraçou Frank antes de eu o apresentar.
— Oh, então esse que é o tão falado Frank. — Minha mãe exagerou e ele riu. — Tão bonito.
— Obrigado, senhora Way.
— Donna, com toda intimidade. — Ela sorriu e acompanhou Frank até a sala de estar.
Eu fiquei aliviado por minha mãe ter gostado dele, mas era então a parte mais difícil... Meu pai.
— Prontinho.
Frank me tira dos pensamentos e eu me locomovo até a cozinha, onde ele está com a minha sopa.
Termino meu jantar e nós subimos para o quarto, eu estou muito feliz com o nosso encontro de hoje, eu me senti vivo de novo. Frank me tirou de casa e fez com que as coisas ficassem divertidas, ele está cumprindo com a sua promessa.
Coloco um pijama com ajuda do meu namorado e nos deitamos, deito me aconchegando em seu corpo e ele ri.
— Sabe, eu estive pensando em tudo. — Ele solta e ergo o rosto sorrindo. — Em como as coisas acontecem rápido, tipo você e eu.
— Você acha que "acontecemos" rápido?
— Pergunto segurando a sua mão. — Porque pra mim demorou uma eternidade. — Digo fraco e cansado.
— Na verdade eu acho, tudo aconteceu rápido e eu me arrependi de muita coisa que eu fiz e deixei de fazer. — Frank diz e observo. — Eu percebi que se você não tivesse me guiado, eu estaria na lama hoje.
Frank exagera na palavras, mas o pesar que elas caem, é tão profundo e sincero. Eu poderia dizer o mesmo dele, mas acho que de qualquer modo eu acabaria na lama, prestes a morrer.
— E eu decidi que vou fazer as coisas hoje, e não deixar pra amanhã. — Ele se vira e pega algo na escrivaninha, eu rio sem entender.
Frank se vira segurando um arame torcido de embalagem de pão na mão e sorri desajeitado, fico sem entender mas sorrio achando a sua expressão fofa.
— Vamos fingir que isso é um anel, simboliza um anel. — Ele diz sorridente e fixa os olhos nos meus. — Gerard, você aceitaria se casar comigo?
Meu sorriso se transforma em uma expressão de surpresa, eu estou sendo pedido em casamento? Pelo Frank?
Olhos lacrimejantes entregando minha emoção e meu coração saindo do ritmo, eu sou a pessoa mais feliz desse mundo.
— Sim! E-eu aceito, claro que sim. — Nos sentamos na cama e nos abraçamos.
Beijo todo o rosto de Frank me sentindo animado e ele ri, tomo seus lábios agitadamente e afasto minha boca. Ele pega a minha mão e coloca o anel, beija ela e depois minha boca.
Fico admirando o meu anel improvisado enquanto Frank diz coisas que eu nem presto atenção, nada entra na minha mente nesse momento.
Nós finalmente resolvemos que devemos dormir pra discutir sobre o casamento no dia seguinte e só assim eu aceito, dormimos de conchinha e no meu dedo há a prova de seu amor por mim.
(...)
Acordo no meio da madrugada desnorteado, me levanto e caio no chão expelindo sangue descontroladamente pela boca e Frank se levanta assustado vindo até mim, essa dor insuportável voltou, só que mil vezes pior.
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I Don't Love You - Frerard
FanfictionEu sinto meu coração doer ao lembrar de todas as vezes que você me recusou, de que você preferiu me abraçar ao me beijar, eu desejava morrer por aquilo. Como o destino é engraçado, eu sempre desejei morrer ao um dia me separar de você, estou doente...