Capítulo II - Interrogatório

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Data:
6 DE NOVEMBRO DE 2038
Horário:
02:15

- Mas que sono...

Jade se pronunciou em meio a todo aquele silêncio, se mantendo ocupada com os giros suaves que dava em sua cadeira de rodas. Estava literalmente jogada no assento, as pernas e braços abertos. Suas olheiras escuras perfeitamente marcadas mostravam todas as noites de sono perdidas.

- Se quiser eu assumo daqui, querida.

Gavin Reed, um dos detetives que também trabalhava no Departamento de Polícia de Detroit. Tinha um temperamento e atitudes que não agradava a todos, sendo um verdadeiro desafio dentro daquele lugar.

Ao ouvir suas palavras a jovem Collins tombou sua cabeça para o lado, o encarando com uma expressão de total desaprovação. Ela realmente não disfarçava nada do que sentia, principalmente em relação àquele homem.

- Não confio em você.

Foi sua única resposta, retornando o olhar para frente, onde era possível ver a sala de interrogatório através da parede de vidro, sendo visível apenas para as autoridades, que monitoravam tudo dali mesmo da sala de monitoramento.

Era possível ver Chris, um dos policiais do departamento, terminando de algemar o android divergente à mesa, deixando o local no minuto para se juntar ao grupo.

- Já pode começar, tenente - Kammilly, a outra policial, se pronunciou após se certificar de que tudo estava pronto.

- Posso comandar dessa vez? - Indagou o Reed, uma tentativa falha de chamar atenção.

- Eu que comando - Hank fez questão de responder em bom e alto som, se retirando da sala sem dar qualquer oportunidade para o mais novo retrucar.

- Por favor, Gavin. Todos nós estamos cansados, então vê se não complica as coisas.

Pela primeira vez a policial estava chamando a atenção do rapaz com calma, afinal também estava exausta e não queria ter mais dores de cabeça. A loira logo voltou sua atenção ao trabalho, pressionando um dos botões da mesa para abrir a porta da sala ao lado ao Tenente.

- Na escuta, Hank? - Perguntou através do microfone, testando os autofalantes da sala a frente.

- Sim.

...

Os minutos que se passavam pareciam terem se transformado em horas. Todos estavam prestando total atenção nas mesmas perguntas que eram repetidas pelo Tenente, como se apenas seus olhares fossem capaz de arrancar aquela confissão do suspeito.

...
...
...

Nada.

- Que se foda! Eu desisto!

E aquela foi a última pronúncia do grisalho antes de sair da sala com raiva, retornando para o grupo.

- Não vamos conseguir tirar nada daquela máquina - se sentou na cadeira, cruzando os braços enquanto um suspiro pesado deixava suas narinas.

- Podemos pegar pesado com ele? - Perguntou Gavin - Afinal não é humano.

- Androids não sentem dor, isso somente o danificaria - Connor explicou - Eles também tendem a se autodestruirem em situações estressantes.

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