Capítulo V - Emoções

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Data:
6 DE NOVEMBRO DE 2038
Horário:
15:02

- Isso vai acabar matando vocês dois - Connor olhou para os lanches nas mãos de seus parceiros, observando-os continuar a comer despreocupadamente - Esse alimento possui um alto nível de colesterol. Acima do recomendado.

- Os humanos tem que morrer de alguma coisa - Hank respondeu com um sorriso ladino.

- Tenente, posso fazer uma pergunta pessoal? - Indagou Connor.

- Ih, lá vem - o grisalho bateu, suavemente, o ombro no da jovem ao seu lado, chamando sua atenção - Vai, pode perguntar.

- Nesta manhã, enquanto perseguiamos as divergentes, por que não me deixou atravessar a autopista?

- Você poderia ter morrido! - Respondeu como se fosse óbvio, o que de fato era - E... não quero ter que cuidar da papelada de equipamento danificado - acrescentou rapidamente no momento em que percebeu o que havia dito, recusando-se a demonstrar qualquer vestígio de preocupação.

A Collins sorriu com a resposta. Mesmo Hank sendo um bêbado ranzinza e arrogante tinha um ótimo coração e isso ele não conseguia esconder, por mais que se esforçasse.

- Agora, Connor, poderia dar uma lição nesse imbecil sobre as amizades de merda que ele tem? - Mudou o assunto, uma tentativa de prosseguir com aquele clima tão leve que havia sido estabelecido.

- Mas que porra, Jade! Já vai começar com essas merdas?

- Ela tem razão, tenente - Connor concordou - Aquele Pedro faz apostas ilegais.

- E esse Gary não cumpre as leis da vigilância sanitária - ela acrescentou em um tom de voz mais baixo, indicando o Foodtruck atrás de si com a cabeça - Sem falar que ele quase foi preso.

- E mesmo assim você continua comendo - o mais velho contra-atacou.

- Foi o senhor que se ofereceu a pagar. Não recuso alimentação gratuita, deveria saber disso.

- Interesseira!

Connor continuou a observar a discussão infantil dos dois, analisando-os cuidadosamente e assim concluindo, com base em todas as interações que presenciou até o momento, o tamanho da aproximadade de ambos. Mesmo brigando de vez em quando se davam super bem, um forte laço de amizade estando presente ali.

- Se não parar com essa porra eu te largo aqui mesmo no meio da chuva! - O Anderson ameaçou, porém suas palavras apenas a fizeram rir ainda mais.

Vê-los brincar daquela maneira fez com que uma sensação estranha e, ao mesmo tempo, agradável aflorasse dentro de si. Sentiu-se totalmente incomodado com aquilo, o LED antes azul alternando entre o laranja e o vermelho, indicando instabilidade em sua programação. Focou em apenas ignorar aquilo, a coloração do biocomponente recuperando sua tonalidade azul após alguns segundos.

- Creio que devo dizer o que já sabemos a respeito dos divergentes - o android falou, ganhando a atenção da dupla.

- Leu a minha mente - respondeu o tenente - Prossiga.

- Acreditamos que alguma mutação ocorra no software de alguns androids, a qual os leva a emular humanos e emoções.

- Simplifica, tá? - Pediu o homem.

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