Capítulo VII - Medo

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Data:
7 DE NOVEMBRO DE 2038
Horário:
14:00

- Porra, eu odeio essas merdas.

- É só um carro, Hank - Jade deu risada - Qual é, tem que começar a se acostumar com essas novas tecnologias. Chega de continuar preso na época das cavernas.

- Em minha defesa eu parei de usar papel e você sabe muito bem disso.

- Tem razão, eu me rendo - tirou uma das mãos do volante, erguendo em defesa, o que causou um sorriso ladino no mais velho.

Estacionou em frente ao prédio, o Tenente guiando o caminho ao interior enquanto era seguido por ela, juntamente com Connor.

- Puta merda, esse prédio tá caindo aos pedaços. Como tem gente que consegue morar nesse lugar?

- É uma construção antiga, tenente - respondeu o android - O aluguel é barato e sem burocracia, qualquer um pode morar aqui sem problemas. O lugar perfeito para abrigar divergentes.

Adentraram o elevador, a mais nova digitando o último andar no painel. Alguns barulhos estranhos podiam ser ouvidos a medida que subiam, mostrando a situação crítica daquele lugar. Anderson, instintivamente, se segurou na parede quando sentiu a cabine tremer um pouco, causando mais risada em sua parceira.

- Tá rindo do quê? - A encarou sério, se esforçando ao máximo para disfarçar o seu pequeno pico de medo.

- Nada não - respondeu sem tirar o sorriso dos labios.

Não demorou muito para chegarem no destino, os dois detetives humanos deixando o elevador no momento em que as portas se abriram.

- Mas que merda ele tá fazendo? - Perguntou Hank ao ver que Connor permaneceu lá dentro, os olhos fechados e o LED piscando em amarelo - Connor? Connor!

O android então abriu os olhos, dirigindo a atenção até o Tenente, sem pressa.

- Acabou a bateria, neném? - Provocou o grisalho.

- Sinto muito. Estava fazendo um relatório para a CyberLife - ele respondeu, porém permaneceu parado.

- Vai continuar aí dentro?

- Não, eu já estou indo.

O trio então voltou a caminhar pelo corredor.

- Vem cá, tava mesmo fazendo um relatório lá dentro? - Perguntou Hank.

- Sim.

- Caralho. Queria poder fazer isso também.

- Não era você que tanto odiava a tecnologia? - Provocou Jade.

- Tem males que vem para o bem.

Pararam em frente a uma das portas, no final do corredor. Analisaram o apartamento sem número, exatamente como haviam dito durante a denúncia.

- E então? - Hank se virou para o android - Quer fazer as honras dessa vez?

- Sim, tenente - foi rápido em responder, aproximando-se da porta e dando algumas batidas na mesma - Tem alguém em casa? - Não obteve resposta, batendo mais forte - Abra! Polícia de Detroit!

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