Como tudo Começou

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◇◇◇Capítulo 1◇◇◇

Nem sempre a vida nos leva para os melhores caminhos. Como se fosse um grande exame de sobrevivência a vida te faz passar por provas te levando aos extremos.

Para algumas pessoas a vida é simples e relativamente perfeita. Às vezes me pego pensando como seria ter uma vida simples e calma. Imagino como seria respirar o ar puro e poder dizer-se livre e sem problemas. Não poder sentir mais medo do que possa vir atrás de mim.

Minha vida nunca foi um mar de rosas, embora agora esteja consideravelmente calma me pego pensando muitas vezes no passado e uma imensa fúria toma conta de mim. Fúria essa que poderia me levar a um abismo e me deixar presa sem saída.

Muito prazer, me chamo Melissa Sanches e tenho 24 anos, mas nem sempre foi esse nome que carreguei. Isso soa meio confuso eu sei! Mas pra você entender melhor vamos voltar no tempo, aí você irá me entender.

*** ANOS ANTES.

Minha família morava no Brasil, quer dizer, somente a metade dela, meu pai era de origem italiana sendo assim, sua família ficou em sua terra. Ele saiu de lá para ficar com minha mãe que é brasileira, nossa vida era simples mas éramos felizes.

Quando eu tinha sete anos de idade todos fomos morar na Itália, devido á problemas de saúde de meu avô meu pai voltou a suas origens para assumir os negócios da família, na época lembro que minha mãe Josephine não concordava com a decisão de meu pai Ernesto em assumir os negócios do vovô, embora ela não concordasse ela o apoiava em tudo.

Como era muito nova não entendia os “negócios da família” mas os anos se passaram e logo compreendi tudo o que se passava.

Após a morte de meu avô, papai assumiu os negócios da família Barone e herdou toda sua fortuna, porém, com toda a riqueza que foi herdada os inimigos também vieram junto, inclusive dentro de nossa própria família, pois meu tio Álvares não se conformava de meu avô ter escolhido meu pai para ser seu sucessor, com isso Álvares jurou vingança ao irmão, E com os anos sua cobiça o corrói-a cada vez mais.

Anos se passaram e nossa família era cada vez mais respeitada, mamãe era aquela mulher amorosa e dedicada a família, meu pai era um homem duro e ríspido na frente dos outros, mas conosco era um coração mole. Meu irmão Tito era mais velho, ele era aquele típico irmão ciumento e protetor, eu Victória Barone ( sim esse é meu verdadeiro nome) era a filha mais nova e muito apegada ao meu pai.

Conforme os negócios da família crescia, meu pai foi se tornando um dos homens mais poderosos do Conselho, o qual era formado pelas famílias mais poderosas da máfia italiana.

Quando tinha 10 anos de idade comecei com aulas de defesa pessoal, aos 14 papai começou a me ensinar tiro ao alvo, mamãe não gostava muito da ideia, mas papai sempre dizia que um dia tudo aquilo iria me servir para algo. E eu? Bem, nunca fui de brincar com bonecas, sempre preferi sair correndo pelas ruas com os garotos. Não suportava quando mamãe me montava inteira quando a família toda se reunia, ela insistia em me enfiar dentro de vestidos todos eles cheios de muitos babados e frescuras, quando tudo o que eu queria era minha boa e velha calça jeans rasgada.

Certa tarde papai me levou para um Campo isolado onde começamos as aulas de tiro.

Ernesto_ Victória preste atenção bambina, você tem que sentir que a arma é parte do seu corpo então concentre-se em sua respiração e escute os batimentos do seu coração.

Victória_ Tá bem papai, e agora o que faço?

Ernesto_ Você está escutando seu coração?

Victória_ Sim!

Ernesto_ Então mire no alvo e aperte o gatilho. - Assim fiz e o som do tiro ecoou de tal modo que os pássaros se assustaram com o som do barulho.

Victória_ Nossa papai eu consegui. - Eu dizia correndo para seus braços o abraçando.

Ernesto_ Muito bem minha princesinha. - Dizia ele passando as mãos sobre meus cabelos.

Enquanto nos abraçávamos chegava meu irmão junto com os seguranças que trabalhavam para meu pai, com sua cara de preocupação Tito veio até nós.

Tito_ Pai, o Álvares convocou uma reunião com todos do concelho, e estão todos em nossa casa.

Ernesto_ Não acredito que aquele maldito esteja em minha casa. - Dizia meu pai com uma expressão de raiva em seu rosto - Tito leve sua mãe e sua irmã para os túneis da casa escondida e não deixe que saiam até eu voltar. - Falou olhando para mim.

Victória_ Mas pai o que está havendo? - perguntei aflita.

Ernesto_ Fique calma bonequinha logo voltarei para cuidar de vocês e nunca esqueça que te amo minha bambina. Promete pra mim que você vai obedecer seu irmão.

Victória_ Ok papai eu prometo. - Falei o abraçando.

Enquanto meu pai e seus homens saiam em disparada no carro, meu irmão me levou para os túneis da casa escondida, demos esse nome a casa porque ninguém sabia que ela era nossa além de papai apenas eu mamãe e Tito sabíamos de sua existência.

Quando chegamos mamãe já estava a nossa espera, eu não entendia porque todos estavam tão preocupados pela reunião que estava acontecendo. Perguntei várias vezes a mamãe mas ela sempre me respondia a mesma coisa.

Josephine_ Não se preocupe querida tudo acabará bem. - Dizia ela com aflição em seus olhos.

Já era noite e papai não foi nos buscar na casa escondida, preocupado meu irmão decidiu ir atrás de meu pai. Mamãe ficou uma fera quando descobriu que ele tinha ido sem dizer nada a ela, mas ele sabia que ela o impediria então ele foi escondido.

Horas se passavam e nada de termos notícias dos dois, minha mãe estava inquieta andando de um lado para outro enquanto eu estava sentada no sofá preocupada por toda essa tensão.

Já era madrugada e nada de conseguirmos dormir, de repente o telefone da sala começa a tocar. Mamãe desesperada o agarrou como se a vida dela dependesse daquilo, corri logo atrás e a observava atenta. E então meu coração se apertou em meu peito, pois, vi minha mãe cair de joelhos no chão desvanecida de uma profunda dor que era refletida por seus olhos. Ela simplesmente não falava nada apenas caiu no chão aos prantos agarrada ao telefone. Corri lhe abraçando tentando lhe acalmar enquanto minha cabeça milhares de pensamentos surgiam. Ela estava gelada e tremendo de tanto chorar.

Victória_ Mamãe me diz o que houve? - Perguntei preocupada.

Josephine_ Vai ficar tudo bem… vai ficar tudo bem… - Repetia em choque.

Victória_ Mamãe… - Lágrimas saiam de mim por vê-la naquele estado. - Por favor me fala o que aconteceu.

Josephine_ Seu pai minha filha… seu pai e seu irmão estão mortos.

Aquilo parecia o maior de todos os meus pesadelo. Não, isso deve ser engano… não, não, não!

Meu peito ardia e me faltava ar, pavor me tomou conta, ao contrário de minha mãe comecei a gritar pela imensa dor que estava sentindo. Ela então me abraçou tentando me tranquilizar repetindo as mesmas palavras.

“Tudo vai ficar bem”

Estávamos as duas jogadas no chão abraçadas quando escutamos barulhos de pneus de carro se aproximando.

Com certeza vieram para nos matar, pois, se já mataram meu pai e irmão vieram terminar o serviço sem deixar rastros.

Mamãe rapidamente me ajudou a levantar do chão e pegando uma bolsa de dentro de um dos armários da cozinha me levou para os túneis escondidos debaixo da casa.

O lugar era úmido e de pouca iluminação, mas o principal era que ele nos salvasse. Ficamos caladas procurando conter o medo que ambas sentia. Até que começamos a ouvir vozes, não era possível entender o que falavam, mas com certeza não estávamos mais sozinhas nos túneis.

Contínua...

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