Perdas

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◇◇◇ CAPÍTULO 2◇◇◇

As vozes cada vez mais se aproximavam, eu via o desespero nos olhos da minha mãe, nós não tínhamos muito tempo. 

Ela me abraçou forte enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. Parecia que ela queria se despedir. Foi aí que percebi que minha vida iria acabar ali. 

Mamãe olhou no fundo dos meus olhos e sorriu, logo depois sussurrou.

Josephine_ Tudo vai ficar bem, eu não vou deixar nada acontecer com você minha filha… - Concordei balançando a cabeça me agarrando na esperança que realmente nós iríamos sair dali bem.

Ela respirou fundo e foi em direção à bolsa que trouxe. Abriu devagar para o zíper não fazer barulho, pois as paredes ecoavam qualquer que fosse som. E então ela tirou duas pistolas de dentro da bolsa. Me agachei para ajudá-la, ela então me entregou uma. Na bolsa também havia muito dinheiro em espécie e documentos de todos nós.

Ela se levantou me entregando a bolsa, fiquei confusa pois achei que nós duas iríamos sair juntas de lá. Mas eu estava errada, ela não ia me deixar sair junto com ela. Dei um passo à frente para acompanhá-la e ela fez sinal com o dedo indicador dizendo que não. Então ela apagou a chama do fogo que iluminava o lugar me deixando no escuro. Logo depois escuto seus passos se afastando de mim. 

Escorreguei as costas na parede até me sentar no chão agarrada à bolsa e a arma que tinha nas minhas mãos. Eu estava com medo e sozinha, tentando controlar meu choro para não acabar fazendo barulho. E é então que escuto o grito dela.

Fecho meus olhos rezando e implorando para que isso seja apenas um pesadelo e que eu possa acordar, mas nada acontece. 

Escuto mais uma vez ela gritar e logo em seguida tiros. Minha dor é imensurável, jamais pensei sofrer de tal maneira. Me mantenho sentada neste chão gelado enquanto as lágrimas molha minha roupa. Tudo é silêncio, não escutei mais nada, já faz minutos que tudo ficou quieto. 

Me levanto deixando a bolsa para trás, apenas com a pistola em mãos começo a caminhar devagar, pois, não enxergo nada, está um completo breu.

Logo depois escuto umas vozes alteradas chamando por mim. Eu conheço essa voz, é o Álvares, ele veio realizar o que ele prometeu ao meu pai, ele disse que se vingaria. E o irônico disso tudo é que ele quer se vingar por algo que nós não tínhamos culpa, foi vovô que escolheu meu pai e não a ele, não tivemos culpa dele o ter deixado sem nada. 

Esse maldito deve ter feito alianças com as famílias do concelho e depois de eliminar a todos nós seria o único Barone vivo, tomaria posse de tudo e facilitaria a vida dos que são sujos igual a ele, pois as famílias do conselhos vinham tendo alguns problemas com a liderança de meu pai, tudo isso porque ele proibiu menores em bordéis e cassinos, sendo que a maioria dessas famílias ganhavam fortuna prostituindo menores.

Eu estava cada vez mais próxima das vozes, aquele desgraçado ria alto, foi então que a claridade da porta por onde entramos começava a aparecer e eu vi minha mãe no chão de bruços, Álvares estava do seu lado sorrindo como quem apresenta um bicho morto de caça aos amigos. Os outros homens que estavam com ele também começaram a sorrir.

Aquilo tudo me enfureceu tanto que a vontade que eu tinha era de correr e atacá-lo com minhas próprias unhas. Mas então me veio uma idéia em mente.

Irei matá-lo agora. Levantei a arma e mirei no desgraçado. De onde eu estava ele não iria me ver, com certeza seria morta logo depois, mas eu não me importo mais com nada, já perdi tudo mesmo!

Me concentrava para puxar o gatilho quando sinti imensas mãos me puxando e tirando a arma da minha mão. E com outra mão tapava minha boca.

???_ Calma filha. - Sussurrou em meu ouvido.

Herdeira da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora