Capítulo 4

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O Gino's era o melhor café da cidade. Desprezava viajantes que vinham à procura de cafés da manhã reforçados e presunto fatiado. Preferia aposentados ranzinzas, bolinhos de queijo e fofocas. Em qualquer dia da semana, estava cheio de clientes que se queixavam alegremente às garçonetes sobre velhas rixas e ossos cansados. Mas agora estava vazio. 

A porta estava entreaberta. Uma faixa de neve abrira caminho para o interior. Kate varreu-a para fora antes de fechar a porta firmemente. Fez Armand sentar-se a uma mesa com uma flor artificial. Entregou-lhe uma revista dobrada, depois foi para a cozinha lutar com o forno a gás. Alguns minutos depois, trouxe duas canecas de sopa e um pouco de pão velho, mas nem tanto. 

Por alguns momentos, os dois ficaram sentados, bebendo e fitando um ao outro. 

— Hum — disse Kate. 

Armand soprou a sopa. 

— Você causou tudo isso? — exigiu saber. 

Ela se espantou. 

— Hã, não — respondeu. — Pensei que tivesse algo a ver com você. Quero dizer, por que outro motivo estaria aqui? 

— Isso é o que eu pensava sobre você — replicou Armand. Encontrou um frasco de pimenta e deixou o conteúdo cair em cascata na caneca. 

— Como pode tomar sopa assim? — riu Kate. 

— É bom — respondeu ele. — Então, não foi você? 

— Um gato assumiu a responsabilidade — contou ela em tom distraído. — O que é ridículo. Mas conhece o gato que pertence ao curador do museu? Está aqui. E... falou comigo... ou, pelo menos, achou que falou e... — Sua voz sumiu. — Passe a pimenta, sim? 

Armand fez o frasco de molho deslizar pela mesa até ela. 

Continuaram bebendo a sopa. Lá fora, mais neve caía. 

— Acho que estamos presos aqui — explicou o menino. — Tentei chamar a polícia, mas os telefones estão mudos. 

— Imagino que sim. — Kate acabou com o último pedaço de pão. — Poderíamos tentar andar até a estrada principal. Mas acho que estamos presos mesmo. Tem algo errado com o mundo. 

— O gato disse o que está acontecendo? — perguntou Armand. 

— Um pouco. — Ela explicou sobre a pintura e o anel que o animal havia encontrado. — Estou imaginando se estamos aqui porque... — pensou um pouco — ambos tocamos a pintura. 

— Então, aquele terceiro objeto... em algum lugar lá fora tem uma mulher com uma chave? 

— Acho que sim — disse Kate. — Precisamos começar a procurar. Quando você terminar a sopa. 

***

Foi assim que encontraram Milo. Uma criança pequena e loira, usando nada mais além de calções de banho. Soluçava alto. 

— O que há com os meninos neste lugar? — Kate se permitiu suspirar. — Passam o tempo todo chorando? 

— Se ele não chorasse tão alto, a gente não o teria encontrado — afirmou Armand. 

— É verdade — admitiu ela. 

Milo estava encurvado na varanda do salão de boliche. Aninhado em seus braços havia um cãozinho de ar infeliz. 

— Não gosto de cachorro — anunciou Kate. 

— Prefere gatos — explicou Armand. 

— Ah — fungou Milo. As lágrimas do menino pingavam na pele do cão, que as lambia, com uma expressão perplexa. 

Quando Cair o Verão & Outras HistóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora