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  Fim de tarde, de pé em frente à janela qual não tirava os olhos, mal percebe se o tempo está secamente nublado ou é a impressão dos vidros embaçados que o fazia enxergar daquela forma o tempo a fora

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  Fim de tarde, de pé em frente à janela qual não tirava os olhos, mal percebe se o tempo está secamente nublado ou é a impressão dos vidros embaçados que o fazia enxergar daquela forma o tempo a fora. Mas como via pela janela não o impedia de ver do lado de fora Rosy no jardim com um casal aparentemente idosos. Estava "aflita" numa conversa com o casal que a seguravam pelos braços, tentando impedi-la de entrar na residência. Não escutava os detalhes da conversa, mas imaginava e sabia o que Rosy pretendia fazer e pensou, "dessa vez não há como me impedir. A decisão já está feita".

  Seriamente nervoso, como se esperasse um trem para embarcar rapidamente e ir em busca de algo importante, sabia que tinha que esperar o momento certo, reflete, "Essa coragem que não chega". O suor em seu rosto não para de transpirar. Ergue a mão direita agarrada a uma faca, e fita-a como se fosse a única chave para seus problemas.

  Virando em direção a escada, passava a caminhar e subir cada degrau que muito rangia e o enchia com uma onda de emoções angustiantes que o tranquilizavam por dentro, mas sabia que não poderia desistir. Chegando no corredor do primeiro andar, onde no fundo havia uma janela quebrada que o trazia lembranças grotescas. Segue a frente a primeira porta a esquerda, tirando do bolso de sua calça uma chave para abri-la. Com a mão na maçaneta e empurrando devagar a porta, ele fala sorrateiramente, quase imperceptível sussurro:

  - Perdoe-me Deus! - pronuncia. - Já não sei mais o que fazer, mas é o meu filho!

  Entrando vagamente sem pressa, olha o quarto totalmente escuro. Move as mãos tocando a parede ao lado esquerdo tentando achar algum interruptor para ascender a luz. Achando o aperta e nada, apenas uma luz tão fraca saindo faísca daquela lâmpada e percebe-a estourada.

  Tentando enxergar por entre o breu, vê uma resta de luz que sai do orifício daquela cortina do qual cobre a janela gradeada. Seguindo os olhos pela resta da janela, fita a tira que ilumina o meio do quarto até o lado direito da parede. No fundo havia trouxas de roupas espalhadas, estava imóvel um volume coberto com um lençol, que não é mais totalmente branco, pois ali estava manchas vermelhas. Então consegue ver um movimento ao lado do lençol, e começa a escutar um chiado estranho, esquisito como um sussurro no ouvido, não entendendo bem o que se ouve. O movimento prossegue bem lento e percebe o lençol manchado sendo puxado para o breu de forma bem lenta enquanto se ouve o som esquisito.

  - Ton, é você? - fixando-o o olhar no local que se movimenta. - Ton?

  Sem respostas aproxima-se. Chegando perto, começa a ouvir um grunhido estranho vindo de sua frente e percebe que é o seu filho. O som vai aumentando de frequência como que um felino sendo sufocado e desesperado com a dor que se sente.

  - Estou aqui Ton! - o pai fala lacrimejando. - Não fica assim! Irei acabar com todo seu sofrimento! - se aproxima.

  Olhando para a faca na mão, pensando consigo mesmo como que a única solução, vai chegando mais próximo de Ton. Tentando enxergar com mais visibilidade a escuridão a sua frente, aperta os olhos e nada. Até o lençol que estava ali, desapareceu. O chiado tinha parado, e agora vai se debruçando para frente. Escuta um grito e para! Um grito rouco, muito grave se alastrando por todo o quarto, bem alto que o paralisa de surpresa fazendo seu coração disparar no mesmo instante. Era seu filho berrando sem parar e a cada frequência que o som iria parando ele soluçava a puxar o ar e continuar a berrar como um suíno fugindo desesperadamente de uma perseguição.

  No mesmo instante de forma tão rápida e quase sem perceber, o garoto com um ligeiro movimento sai da escuridão que lhe escondia. O homem só enxerga em sua direção o lençol ensanguentado, escutando o berro do menino. De repente, sente uma pancada na cabeça, vindo do pano como se houvesse um peso inesperado. E cai, batendo sua cabeça na quina da cama ao lado.

  Ali em pé estava Ton. Parou de berrar e agora estava a choramingar, segurando firme na mão direita uma barra de madeira e o lençol que estava pendurado. Parando de choramingar, começa a fortemente bufar, como se tivesse ganhado uma batalha cansativa. Escuta pisadas fortes se aproximando com rapidez até o quarto.

  Rosy entra no cômodo aflita e tenta visibilizar alguma coisa naquele lugar. Percebe pela única resta de luz do quarto o homem no chão imóvel e ensanguentado. Se desespera e agarra-o gritando

  - John?! Ô John?! - aperta-o bem forte e o abraça com choro e gritos sofredores. - Que foi John?! O que houve?!

  Levantando a cabeça e arregalando os olhos, enxerga Ton na sua frente com a peça de madeira na mão lhe olhando.

  - O que você fez Ton? - sem parar de chorar vai se levantando. - O seu pai só queria lhe ajudar!

  Nicalton solta a madeira de sua mão deixando cair no chão e causa um susto em Rosy. Indo bem devagar para trás sem dar as costas seguindo em ré, volta para a escuridão até sumir completamente de vista. Enquanto Rosy a observar ele desaparecer e sem parar de chorar, volta a segurar John tentando conseguir reanimá-lo. Tenta despertá-lo.

Iηcσηsєqυєηтє Mєηтє (Dєgυsтαçα̃σ)Onde histórias criam vida. Descubra agora