Capítulo 10

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- Era o primeiro dia de inverno, e uma tempestade caia lá fora. Em um momento eu pensei ter ouvido alguém bater na porta, e seu pai disse que era da minha cabeça, eu tinha total certeza que não era até bater de novo, dessa vez ele escutou. Fomos até a porta e quando abrimos não tinha ninguém, ele com toda a sua certeza disse "Eu te disse", voltamos para a sala e retornamos para nosso filme, até eu escutar um choro, era calmo. Eu ignorei, era da minha cabeça, então o choro começou a intensificar até ficar estridente e insuportável, voltamos a abrir a porta e não tinha nada até aquele lindo bebê chorar, fazendo a gente olhar para baixo. - Ela fez uma pausa e subiu até seu quarto trazendo consigo uma caixa de papelão na qual cabia uma bebê, então continuou quando descia a escada. - Ele estava enrolado nessa manta azul dentro da caixa. Eu fiquei tão feliz, eu finalmente podia ser mãe. - Ela disse com lágrimas nos olhos. - Dias antes, eu descobri que não podia ter filhos, nunca. Até meu bebê, meu filho chegar. Você chegou e trouxe luz e vida para essa casa novamente. Seu pai não achou certo ficarmos com você, então ele... eu sinto muito.

- Tudo bem mãe, continua.

- Eu cuidei de você, sozinha. Ele se arrependeu e bom, você já sabe, mais era tarde, ele não voltou por você, ele voltou porquê estava doente, ele precisava de um lar, ou melhor de alguém para cuidar dele. - Ela disse olhando para a foto que estava em cima da pequena mesa. - Eu amava o Rod, mais do que tudo, então eu o abracei, cuidamos de você até seu último suspiro. Ele adquiriu uma cirrose por causa da bebida, mais eu cuidei dele. - Ela desviou os olhos da foto e olhou para o garoto de olhos verdes na sua frente. - Não demorou muito e eu descobri que também estava doente, quando eu era jovem as drogas era meu melhor passatempo, veio um brinde com a minha diversão. Eu nunca mais podia ter filhos, eu adquiri câncer nos ovários então me tornei estéril, mais eu tinha você então tudo estava bem, mais eu não sabia que eu estava doente por inteira. Comecei a fazer meu tratamento e os dias que eu estava péssima Clary cuidava de você, como eu devo a ela. - As lágrimas deixou seus olhos quando ela abraçou a pequena manta, deixando as lembranças tomar conta. - Erick, eu ainda estou doente...

- Mãe...

- Eu desapareci esses dias por... Erick eu estou com câncer, e eu não tenho muito o que fazer aqui. Sinto muito filho, eu tenho que voltar para a clínica, lá é o único lugar que...

- Então deixa eu cuidar de você... por favor!

- Não. É melhor assim, você tem uma vida linda pela frente. Você é e foi meu anjo, agora você tem que ser o anjo de outra pessoa.

- Para, isso... você vai conseguir, você é forte, uma guerreira. Mãe, você é a melhor pessoa que eu já conheci, você conseguiu terminar um tratamento, agora eu vou te ajudar a terminar esse e vamos ser felizes de novo.

- Não Erick, não existe outro tratamento. O câncer é terminal, eu tenho Glioma Astrocitoma.

- Isso significa?

- Significa Tumor maligno cerebral que se dissemina por todo o cérebro... - Ela olhou para as próprias mãos incapaz de continuar olhado para Erick. - Significa, que a doença se espalhou por todo o meu corpo, ossos, fígado... tudo.

- Não, não... não, para de brincar, isso é uma pegadinha, não é? - Ele disse com um sorriso sarcástico no rosto, enquanto as lágrimas desciam pelo seu rosto. Sua mãe balançou a cabeça em sinal de não fazendo tudo entrar em modo de câmera lenta.

E o mundo de Erick acabou de desabar, existia uma bomba em sua mão e ele não podia desativar ela. Seu chora era baixo e descontrolado, por que?

Nada fazia sentido, a dor era insuportável, antes a dor do sumiço do que a dor de uma perda lenta e dolorosa. Ele rejeitou várias ligações da melhor amiga, nada podia mudar aquele dia, nem Nick. Sua mãe estava quieta olhando as fotos, relembrando os momentos feliz que estavam presos nos sorrisos das fotografias espalhadas pela sala, então ele quebrou o silêncio doloroso que estava instalado.

- Quanto tempo?

- Dias, talvez semanas.

- Por que você não me contou?

- Eu não queria fazer você sofrer.

- Você não pode decidir isso por mim, você acabou de jogar uma bomba em meus braços, e eu não posso fazer nada, a não ser ver ela explodindo, mãe! - Ele gritou

- Por favor Erick, não complique mais as coisas.

- Eu não estou complicando, eu só queria que você confiasse mais em mim.

- Eu confio filho.

- Não, não confia.

- Erick, por favor!

- Eu te amo mãe, mais... preciso de ar.

- Erick. - Ela gritou, mais foi em vão, ele não vai voltar, não por hora. Então ela deixou as lágrimas limpar sua alma, não tinha muito o que fazer.

Do inferno ao ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora